Eco e Narciso: ressonâncias do amor romântico na contemporaneidade
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-02092020-175829/ |
Resumo: | Este trabalho se dedica ao estudo psicanalítico dos ideais do amor romântico e de suas repercussões na atualidade. Utilizando-nos dos campos de saber das ciências humanas, em especial, da sociologia, e dos avanços da psicanálise contemporânea, investigamos a possibilidade de que reminiscências do amor romântico ainda estejam presentes na contemporaneidade. O amor romântico é um conceito, uma invenção, como a matemática e a roda; não diz respeito apenas à experiência sensorial ou emocional do amor, mas carrega em si uma construção social subjacente a essa experiência amorosa, compondo uma montagem de valores e ideais característicos. Com efeito, as ideias do amor romântico exerceram grande influência sobre a burguesia, assumindo um papel histórico, e se tornando um modelo universal na cultura ocidental. Estando tão presente no cotidiano, na cultura e no imaginário popular, passou a se tornar a norma para o significado de amor: até hoje, ser romântico significa amar com devoção. Quando buscamos por literatura psicanalítica recente sobre o amor, foi hegemônica a presença de trabalhos que corroboram com a nossa hipótese primordial de que aspectos romanescos idealizados coexistem com a multiplicidade de experiências oferecidas na contemporaneidade. Observamos que todas as menções ao amor romântico parecem partir do pressuposto de sua presença na contemporaneidade, corroborando com nossas conjecturas. Discorremos sobre o processo de declínio da figura do pai, marcante na modernidade, que deu lugar ao culto ao eu e aos investimentos objetais majoritariamente narcísicos, bem como a um vazio e a uma falta de historicidade no sujeito contemporâneo. Mas, mesmo em declínio, e abrindo passagem para novas formas de relacionamento (como o poliamor, a não-monogamia e os relacionamentos abertos) nossa pesquisa sugere que o amor romântico permanece, como um eco, na subjetividade contemporânea - imanente, como uma esperança acolhedora, uma salvação contra os perigos e as incertezas do mundo pós-moderno |
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Eco e Narciso: ressonâncias do amor romântico na contemporaneidadeEcho and Narcissus: contemporary resonances of romantic loveAmorAmor românticoContemporaneidadeContemporaneityLoveNarcisismoNarcissismPsicanálisePsychoanalysisRomantic loveRomanticismRomantismoEste trabalho se dedica ao estudo psicanalítico dos ideais do amor romântico e de suas repercussões na atualidade. Utilizando-nos dos campos de saber das ciências humanas, em especial, da sociologia, e dos avanços da psicanálise contemporânea, investigamos a possibilidade de que reminiscências do amor romântico ainda estejam presentes na contemporaneidade. O amor romântico é um conceito, uma invenção, como a matemática e a roda; não diz respeito apenas à experiência sensorial ou emocional do amor, mas carrega em si uma construção social subjacente a essa experiência amorosa, compondo uma montagem de valores e ideais característicos. Com efeito, as ideias do amor romântico exerceram grande influência sobre a burguesia, assumindo um papel histórico, e se tornando um modelo universal na cultura ocidental. Estando tão presente no cotidiano, na cultura e no imaginário popular, passou a se tornar a norma para o significado de amor: até hoje, ser romântico significa amar com devoção. Quando buscamos por literatura psicanalítica recente sobre o amor, foi hegemônica a presença de trabalhos que corroboram com a nossa hipótese primordial de que aspectos romanescos idealizados coexistem com a multiplicidade de experiências oferecidas na contemporaneidade. Observamos que todas as menções ao amor romântico parecem partir do pressuposto de sua presença na contemporaneidade, corroborando com nossas conjecturas. Discorremos sobre o processo de declínio da figura do pai, marcante na modernidade, que deu lugar ao culto ao eu e aos investimentos objetais majoritariamente narcísicos, bem como a um vazio e a uma falta de historicidade no sujeito contemporâneo. Mas, mesmo em declínio, e abrindo passagem para novas formas de relacionamento (como o poliamor, a não-monogamia e os relacionamentos abertos) nossa pesquisa sugere que o amor romântico permanece, como um eco, na subjetividade contemporânea - imanente, como uma esperança acolhedora, uma salvação contra os perigos e as incertezas do mundo pós-modernoThis study is dedicated to the psychoanalytical analysis of the ideals of romantic love and its repercussions on the contemporary era. Through the reading of works in the field of human sciences, specially of sociology, and the advances of contemporary psychoanalysis, we investigate the possibility that the reminiscences of romantic love might still be present in our current society. Romantic love is a concept, an invention, such as mathematics or the wheel; it does not regard only to the sensorial and the emotional experience of love, but it carries within itself a social construct, underlying to those experiences. Indeed, the ideals of romantic love have widely influenced the bourgeoisie, in the place of an historical concept, serving as an universal model to all western cultures. With such a heavy presence on culture and popular imagery, romantic love became a standard: until today, being romantic means to love with devotion. When we searched for recent psychoanalytic literature on the subject of love, we found that the majority of studies agreed to our primary hypothesis - that romantic aspects coexist with the multiplicity of experiences offered by contemporaneity; all mentions to romantic love seemed to take the persistence of romanticism as an assumption, corroborating with our analysis. We discussed the process of downfall of the father figure, hegemonic on the modern period, and how it gave place to the cult of the self, to the mainly narcissistic objetal investments, and to an emptiness and lack of historicity on the contemporary people. However, even in decay, and given that it is making way to new forms of commitment - such as polyamorous, open relationships and non-monogamous relationships - romantic love still remains, as an echo, on postmodern subjectivity, as a soothing hope, as salvation against the danger and instability of the contemporary worldBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPLoffredo, Ana MariaSampaio, Leticia Billarrubia2020-06-26info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-02092020-175829/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2020-09-03T23:24:02Zoai:teses.usp.br:tde-02092020-175829Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212020-09-03T23:24:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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