\"Orgullo y Devoción\": seguindo as fraternidades folclóricas bolivianas em São Paulo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mendes, Vinicius de Souza
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-01092021-174531/
Resumo: A perspectiva fundamental desta dissertação é propor uma virada empírica sobre a presença boliviana em São Paulo, colocando as fraternidades folclóricas, suas danças e personagens, sob foco. Para isso, as descrevo partindo dos momentos que elas protagonizam, das relações que se estabelecem, por meio delas, entre os bolivianos, deles com a cidade e com a própria memória do país que deixaram - provisoriamente ou não. Atores sociais e políticos relevantes na Bolívia andina da segunda metade do século XX para cá, as fraternidades se mantêm como instrumentos reivindicatórios e culturais nos contextos migratórios em que chegam junto com seus protagonistas, como é o caso da capital paulista. Nela, se debruçar sobre esses conjuntos permite avançar descobrir outras relações sociais para além daquelas já abordadas pela literatura acadêmica, como as que acontecem no \"dispositivo oficina de costura\" ou mesmo nos espaços de bolivianidade, como a Praça Kantuta, no Pari, e a Rua Coimbra, no Brás, compreendendo uma outra forma como eles vivem na metrópole. Em primeiro lugar, as fraternidades, com suas danças e festas, organizam uma divisão dos sujeitos a partir de suas posições sociais - e, então, qual dança se dança, em qual fraternidade se dança e em que lugar da fraternidade se dança são papéis que, longe de serem apenas produto da organização interna de cada conjunto, também é a expressão de hierarquias simbólicas dentro da \"comunidade\" como um todo. Em segundo, argumento que os conjuntos folclóricos bolivianos engendram uma outra territorialidade desses sujeitos em São Paulo - marcada justamente pelo movimento constante pelo mapa da cidade. Utilizando \"métodos móveis\" de análise, foi possível seguir as fraternidades ao longo de um ano em seus \"ciclos de festas\", descobrindo que elas são dinamizadoras de uma mobilidade para além das lógicas produtivas, notadamente das oficinas de costura têxtil, e reprodutivas, como os espaços de lazer. Com calendários festivos amplos no tempo e no espaço da metrópole, elas se movimentam, sobretudo, por territórios onde outrora se fixaram para trabalhar ou para viver. Neste processo, não apenas humanos, mas também objetos, ideias, narrativas e capital fluem por diferentes regimes e em distintos fluxos, orientados e orientando a circulação festiva boliviana na cidade e as próprias festas. O fenômeno adquire ainda mais relevância quando se observa que, assim como aconteceu em La Paz na metade do século XX, as fraternidades são utilizadas outra vez como meio para avançar em direção a regiões urbanas onde antes só existiam resistências à circulação boliviana.
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Nela, se debruçar sobre esses conjuntos permite avançar descobrir outras relações sociais para além daquelas já abordadas pela literatura acadêmica, como as que acontecem no \"dispositivo oficina de costura\" ou mesmo nos espaços de bolivianidade, como a Praça Kantuta, no Pari, e a Rua Coimbra, no Brás, compreendendo uma outra forma como eles vivem na metrópole. Em primeiro lugar, as fraternidades, com suas danças e festas, organizam uma divisão dos sujeitos a partir de suas posições sociais - e, então, qual dança se dança, em qual fraternidade se dança e em que lugar da fraternidade se dança são papéis que, longe de serem apenas produto da organização interna de cada conjunto, também é a expressão de hierarquias simbólicas dentro da \"comunidade\" como um todo. Em segundo, argumento que os conjuntos folclóricos bolivianos engendram uma outra territorialidade desses sujeitos em São Paulo - marcada justamente pelo movimento constante pelo mapa da cidade. Utilizando \"métodos móveis\" de análise, foi possível seguir as fraternidades ao longo de um ano em seus \"ciclos de festas\", descobrindo que elas são dinamizadoras de uma mobilidade para além das lógicas produtivas, notadamente das oficinas de costura têxtil, e reprodutivas, como os espaços de lazer. Com calendários festivos amplos no tempo e no espaço da metrópole, elas se movimentam, sobretudo, por territórios onde outrora se fixaram para trabalhar ou para viver. Neste processo, não apenas humanos, mas também objetos, ideias, narrativas e capital fluem por diferentes regimes e em distintos fluxos, orientados e orientando a circulação festiva boliviana na cidade e as próprias festas. O fenômeno adquire ainda mais relevância quando se observa que, assim como aconteceu em La Paz na metade do século XX, as fraternidades são utilizadas outra vez como meio para avançar em direção a regiões urbanas onde antes só existiam resistências à circulação boliviana.This dissertation\'s fundamental perspective is to propose an empirical turn to the studies of Bolivian presence in São Paulo, shedding light on Bolivian folkloric fraternities, their dances, and dancers. To do so, this research describes such groups within the contexts in which they are central actors, the relations they establish among Bolivian people in the city, and between them with the rest of the urban place and even with the memory of the country they left - temporarily or not. Bolivian folkloric fraternities have been important social and political actors in Andean Bolivia since the second half of the 20th century; they maintain their role as claiming and cultural instruments in the migratory contexts in which they arrive - via the same fluxes as their protagonists: the dancers. Assessing them in the Brazilian metropolis of São Paulo allows the overcoming of well-known social relations in academic scholarship, such as those promoted in the \"sweatshop device\" or even in spaces of Bolivianity, such as Kantuta Square, in the Pari neighborhood, and Coimbra Street, in the Brás neighborhood, to understand a distinct way they live in the city. Firstly, Bolivian fraternities, with their dances and feasts, organize a division of people based on their social positions - as such, which dance is danced, in which fraternity it is danced, and in which fraternity place it is danced are all roles that, far from being just a product of the internal organization of the fraternities, are also the expression of symbolic hierarchies within the \"community\". Secondly, this research demonstrates that Bolivian folkloric fraternities engender another territoriality of Bolivian people in São Paulo - marked by the constant movement of people, but also of objects, images and capital over the city map. Using \"mobile methods\" of analysis, it was possible to follow the fraternities over a year in their \"feast cycles\", discovering that they are the catalysts of a movement beyond productive dynamics, notably those of sweatshops, and even reproductive ones, such as leisure spaces. With wide festive calendars both in time and space of the metropolis, the fraternities move, above all, through territories where they once settled to work or to live. In this process, not only humans, but also objects, ideas, narratives, and capital flow through different regimes and in different flows, guided and guiding the Bolivian festive mobility in the city and the feasts themselves. All this becomes even more relevant when one observes that, just as what happened in La Paz in the middle of the 20th century, fraternities are again a way to advance towards urban regions where previously only resistance to Bolivian circulation existed.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMedeiros, Bianca Stella Pinheiro de FreireMendes, Vinicius de Souza2021-08-12info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-01092021-174531/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-09-01T20:57:02Zoai:teses.usp.br:tde-01092021-174531Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-09-01T20:57:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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