A felicidade na sociedade contemporânea: contraste entre diferentes perspectivas filosóficas e a modernidade líquida
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-13082012-100938/ |
Resumo: | Atualmente, mais do em outros períodos, o tema da felicidade se encontra em quase todos os lugares: nos comerciais de televisão, nas estantes de lojas, nos livros de filosofia, nos sorrisos das fotografias. Por ser um tema tão recorrente, falar da felicidade pode parecer banal. As pessoas falam que estão felizes, que são felizes e entendem que buscar a felicidade é um direito, é algo natural do ser humano. Essa importância da felicidade não é exclusividade do homem contemporâneo. Platão já escrevia: Não é verdade que nós, homens, desejamos todos ser felizes? Pascal, muito tempo depois, completava: Todos os homens procuram ser felizes; isso não tem exceção... É esse o motivo de todas as ações de todos os homens, inclusive dos que vão se enforcar.... Pode-se achar que seu significado é claro e inequívoco, entretanto, ao se contrastar diferentes períodos históricos, percebe-se que as especificidades da felicidade e a forma como se deve alcançá-la mudaram em muito. Pretende-se, então, analisar o conceito de felicidade como objeto histórico desafiado pelas mudanças da atual organização social. Por que o tema da felicidade está tão recorrente? Qual o papel que a organização social e do trabalho contemporânea exerce na felicidade? O filósofo Comte-Sponville e o historiador D. McMahon sugerem que o fato de tanto se falar sobre a felicidade seria justamente um sintoma de que o homem contemporâneo não é feliz. Tanto menos se tem a felicidade, quanto mais dela se fala. Assim, chega-se ao objetivo deste trabalho: reconhecer a ontologia do conceito de felicidade e analisar qual a influência que a atual organização social e do trabalho tem sobre o florescer desta. Para cumprir com tal objetivo, as felicidades para oito pensadores (Platão, Aristóteles, Zênon de Cítia, Epicuro, Santo Agostinho, Bentham, Kant e Freud) foram analisadas e quatro questões respondidas: o que é felicidade?; o que não é felicidade?; quais as consequências da felicidade?; e como a felicidade pode florescer?. Com base nessas informações, os conceitos de felicidade foram, primeiramente, comparados entre si e, posteriormente, contrastados com um determinado referencial teórica da sociedade a Modernidade Líquida -, verificando suas possibilidades e impossibilidades de realização. Como resultado, descobriu-se que a felicidade para Platão, Zênon, Epicuro, Kant e Bentham estão em maior consonância com a sociedade contemporânea por dois principais motivos: não dependerem da comunidade e fundamentarem-se em sujeitos que independem das relações sociais. Concluiu-se que utilizar determinado conceito de felicidade influencia o contexto, podendo fortalecer ou enfraquecer determinada organização social. Ainda, descobriu-se que felicidade é naturalmente um conceito polissêmico que passa por um processo de simplificação, tornando-se um produto mais fácil de ser consumido na atual sociedade. Assim, a hipótese de Comte-Sponville e McMahon, que tanto menos se tem a felicidade, quanto mais dela se fala, pode ser reformulada. Não é que se tem menos felicidade, mas, sim, que se tem uma felicidade mais simples. Quando se reduz os critérios, torna-se mais fácil obtê-la e falar dela. Logo, a hipótese revista seria: tanto menor será a qualidade da felicidade, quanto mais dela se quer, tem e fala |
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A felicidade na sociedade contemporânea: contraste entre diferentes perspectivas filosóficas e a modernidade líquidaHappiness in contemporary society: contrast between philosophical perspectives and Liquid ModernityFelicidadeHappinessModernidadeModernityOrganização do trabalhoOrganização socialSocial organizationWork organizationAtualmente, mais do em outros períodos, o tema da felicidade se encontra em quase todos os lugares: nos comerciais de televisão, nas estantes de lojas, nos livros de filosofia, nos sorrisos das fotografias. Por ser um tema tão recorrente, falar da felicidade pode parecer banal. As pessoas falam que estão felizes, que são felizes e entendem que buscar a felicidade é um direito, é algo natural do ser humano. Essa importância da felicidade não é exclusividade do homem contemporâneo. Platão já escrevia: Não é verdade que nós, homens, desejamos todos ser felizes? Pascal, muito tempo depois, completava: Todos os homens procuram ser felizes; isso não tem exceção... É esse o motivo de todas as ações de todos os homens, inclusive dos que vão se enforcar.... Pode-se achar que seu significado é claro e inequívoco, entretanto, ao se contrastar diferentes períodos históricos, percebe-se que as especificidades da felicidade e a forma como se deve alcançá-la mudaram em muito. Pretende-se, então, analisar o conceito de felicidade como objeto histórico desafiado pelas mudanças da atual organização social. Por que o tema da felicidade está tão recorrente? Qual o papel que a organização social e do trabalho contemporânea exerce na felicidade? O filósofo Comte-Sponville e o historiador D. McMahon sugerem que o fato de tanto se falar sobre a felicidade seria justamente um sintoma de que o homem contemporâneo não é feliz. Tanto menos se tem a felicidade, quanto mais dela se fala. Assim, chega-se ao objetivo deste trabalho: reconhecer a ontologia do conceito de felicidade e analisar qual a influência que a atual organização social e do trabalho tem sobre o florescer desta. Para cumprir com tal objetivo, as felicidades para oito pensadores (Platão, Aristóteles, Zênon de Cítia, Epicuro, Santo Agostinho, Bentham, Kant e Freud) foram analisadas e quatro questões respondidas: o que é felicidade?; o que não é felicidade?; quais as consequências da felicidade?; e como a felicidade pode florescer?. Com base nessas informações, os conceitos de felicidade foram, primeiramente, comparados entre si e, posteriormente, contrastados com um determinado referencial teórica da sociedade a Modernidade Líquida -, verificando suas possibilidades e impossibilidades de realização. Como resultado, descobriu-se que a felicidade para Platão, Zênon, Epicuro, Kant e Bentham estão em maior consonância com a sociedade contemporânea por dois principais motivos: não dependerem da comunidade e fundamentarem-se em sujeitos que independem das relações sociais. Concluiu-se que utilizar determinado conceito de felicidade influencia o contexto, podendo fortalecer ou enfraquecer determinada organização social. Ainda, descobriu-se que felicidade é naturalmente um conceito polissêmico que passa por um processo de simplificação, tornando-se um produto mais fácil de ser consumido na atual sociedade. Assim, a hipótese de Comte-Sponville e McMahon, que tanto menos se tem a felicidade, quanto mais dela se fala, pode ser reformulada. Não é que se tem menos felicidade, mas, sim, que se tem uma felicidade mais simples. Quando se reduz os critérios, torna-se mais fácil obtê-la e falar dela. Logo, a hipótese revista seria: tanto menor será a qualidade da felicidade, quanto mais dela se quer, tem e falaCurrently, more than any other times, the theme of happiness is found in almost everywhere: in commercials, on the shelves of stores, in the books of philosophy, in the smiles of the photographs. Because it is a recurring theme, to speak of happiness may seem trivial. People say they are happy and understand that seeking happiness is a right, is something natural of human being. Although different in intensity, this importance of happiness is not unique to contemporary man. Plato wrote: \"It isnt true that we, men, we all want to be happy?\" Pascal, years after, complemented: \"All men seek to be happy, it has no exception ... That is the reason for all actions of all men, including those who will hang themselves...\". One may find that their meaning is clear and unambiguous, however, by contrasting different historical periods, it is clear that the nature of happiness and how they should achieve it have changed much. The aim here was to analyze the concept of happiness as a historical object challenged by changes in the present social organization. Why the theme of happiness is so recurrent nowadays? What is the role that the contemporary social and work organization plays in happiness? The philosopher Comte-Sponville and the historian D. McMahon suggested that so much is talked about happiness would be just a symptom that the contemporary man is not happy. The less happiness one has, the more it is spoken. Thus, the goal of this work is reached: to recognize the ontology of the concept of happiness and analyze the influence that the current social and work organization has on the flowering of it. To meet this goal, happiness for eight thinkers (Plato, Aristotle, Zeno of Citium, Epicurus, Saint Augustine, Bentham, Kant and Freud) were analyzed and four questions answered: \"what is happiness?\", \"what isnt happiness?\", \"what are the consequences of happiness?\" and \"how can happiness flourish?\". Based on this information, the concepts of happiness were first compared with each other and then contrasted with a particular theoretical framework of society the Liquid Modernity - by checking its possibilities and impossibilities of accomplishment. As a result, it was found that happiness for Plato, Zeno, Epicurus, Kant and, specially, Bentham are more consistent with contemporary society for two main reasons: they do not rely on the community and based its concepts of happiness in subjects that are independent of social relations. It was concluded that using a particular concept of happiness influences the context may strengthen or weaken certain social organization. Still, it was found that happiness is naturally a polysemic concept that undergoes a process of simplification. It is becoming a product easier to be consumed in todays society. Thus, the hypothesis of Comte-Sponville and McMahon that \"the less you have the happiness, the more it is said\" can be rephrased. There isnt less happiness, but rather there is a simpler happiness. When reducing the criteria, it becomes easier to obtain it and talk about it. Thus, the revised hypothesis would be: the lower the quality of happiness, the more it is wanted, the more it is achieved and the more it is the subject of talkBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMalvezzi, SigmarSewaybricker, Luciano Esposito2012-04-26info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-13082012-100938/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:32Zoai:teses.usp.br:tde-13082012-100938Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:32Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Atualmente, mais do em outros períodos, o tema da felicidade se encontra em quase todos os lugares: nos comerciais de televisão, nas estantes de lojas, nos livros de filosofia, nos sorrisos das fotografias. Por ser um tema tão recorrente, falar da felicidade pode parecer banal. As pessoas falam que estão felizes, que são felizes e entendem que buscar a felicidade é um direito, é algo natural do ser humano. Essa importância da felicidade não é exclusividade do homem contemporâneo. Platão já escrevia: Não é verdade que nós, homens, desejamos todos ser felizes? Pascal, muito tempo depois, completava: Todos os homens procuram ser felizes; isso não tem exceção... É esse o motivo de todas as ações de todos os homens, inclusive dos que vão se enforcar.... Pode-se achar que seu significado é claro e inequívoco, entretanto, ao se contrastar diferentes períodos históricos, percebe-se que as especificidades da felicidade e a forma como se deve alcançá-la mudaram em muito. Pretende-se, então, analisar o conceito de felicidade como objeto histórico desafiado pelas mudanças da atual organização social. Por que o tema da felicidade está tão recorrente? Qual o papel que a organização social e do trabalho contemporânea exerce na felicidade? O filósofo Comte-Sponville e o historiador D. McMahon sugerem que o fato de tanto se falar sobre a felicidade seria justamente um sintoma de que o homem contemporâneo não é feliz. Tanto menos se tem a felicidade, quanto mais dela se fala. Assim, chega-se ao objetivo deste trabalho: reconhecer a ontologia do conceito de felicidade e analisar qual a influência que a atual organização social e do trabalho tem sobre o florescer desta. Para cumprir com tal objetivo, as felicidades para oito pensadores (Platão, Aristóteles, Zênon de Cítia, Epicuro, Santo Agostinho, Bentham, Kant e Freud) foram analisadas e quatro questões respondidas: o que é felicidade?; o que não é felicidade?; quais as consequências da felicidade?; e como a felicidade pode florescer?. Com base nessas informações, os conceitos de felicidade foram, primeiramente, comparados entre si e, posteriormente, contrastados com um determinado referencial teórica da sociedade a Modernidade Líquida -, verificando suas possibilidades e impossibilidades de realização. Como resultado, descobriu-se que a felicidade para Platão, Zênon, Epicuro, Kant e Bentham estão em maior consonância com a sociedade contemporânea por dois principais motivos: não dependerem da comunidade e fundamentarem-se em sujeitos que independem das relações sociais. Concluiu-se que utilizar determinado conceito de felicidade influencia o contexto, podendo fortalecer ou enfraquecer determinada organização social. Ainda, descobriu-se que felicidade é naturalmente um conceito polissêmico que passa por um processo de simplificação, tornando-se um produto mais fácil de ser consumido na atual sociedade. Assim, a hipótese de Comte-Sponville e McMahon, que tanto menos se tem a felicidade, quanto mais dela se fala, pode ser reformulada. Não é que se tem menos felicidade, mas, sim, que se tem uma felicidade mais simples. Quando se reduz os critérios, torna-se mais fácil obtê-la e falar dela. Logo, a hipótese revista seria: tanto menor será a qualidade da felicidade, quanto mais dela se quer, tem e fala |
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