\"Entender a diferença como mobilizadora de transformação\": Narrativas sobre as relações de gênero na prática de facilitadoras em Programas para Autores de Violência
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-11102024-132334/ |
Resumo: | As políticas de combate à violência contra a mulher preveem, além do acolhimento às mulheres em situação de violência, medidas para a responsabilização dos autores da violência como os Programas para Autores de Violência (PAV). Os programas, que objetivam proporcionar um espaço grupal para a discussão reflexiva sobre masculinidades e violência, contam com as(os) facilitadoras(es), pessoas técnicas responsáveis por cuidar do processo grupal. O trabalho de facilitação é permeado por diversos desafios, com peculiaridades quando as facilitadoras são lidas como mulheres. Esta pesquisa tem como objetivo colher pistas sobre como os marcadores sociais de gênero que se apresentam nesse território geram reverberações na dinâmica do trabalho nos PAV e na vulnerabilização das facilitadoras ao sofrimento psicossocial. Além de como são afetadas pelas diferenças, são trazidas as estratégias de saúde e de trabalho para manejar esses efeitos. A partir da pergunta como é ser mulher e ser facilitadora?, foram realizadas entrevistas narrativas com cinco facilitadoras. As entrevistas foram analisadas por meio da análise temática de conteúdo, tendo como referencial teórico de análise o construcionismo social, o quadro da Vulnerabilidade e dos Direitos Humanos e a teoria da interseccionalidade. As narrativas indicam que, pela sua leitura social como mulher, por vezes, sentimentos negativos são direcionados a elas pela generalização da classe mulher e pode ocorrer uma menor abertura dos atendidos em falar sobre suas vivências, efeitos podem ser elencados ao debate nos grupos reflexivos, potencializando o trabalho. A presença delas no trabalho grupal, enquanto uma representação da alteridade, se mostra potencializadora aos objetivos dos PAV. Algum nível de sofrimento psicossocial foi demonstrado em entrevistas, o qual foi, majoritariamente, superado pela partilha entre pares das experiências e pelos sentidos ético-políticos do trabalho. As narrativas indicam, também, que outros marcadores sociais da diferença atravessam significativamente essas vivências. Ao nível de construção dos programas, os resultados reforçam a importância da realização de encontros nas equipes para a elaboração coletiva das experiências de trabalho, tanto para que haja um processo avaliativo de análise das intervenções realizadas quanto para que haja espaço para a elaboração coletiva das experiências pessoais nesse trabalho. |
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\"Entender a diferença como mobilizadora de transformação\": Narrativas sobre as relações de gênero na prática de facilitadoras em Programas para Autores de ViolênciaUnderstanding difference as a catalyst for transformation: Narratives on gender relations in the practice of facilitators in programs for perpetrators of violenceConstrucionismo SocialFeminismFeminismoGender RelationsGrupos ReflexivosMarcadores Sociais da DiferençaReflective groupsRelações de gêneroSocial ConstructionismSocial Markers of DifferenceAs políticas de combate à violência contra a mulher preveem, além do acolhimento às mulheres em situação de violência, medidas para a responsabilização dos autores da violência como os Programas para Autores de Violência (PAV). Os programas, que objetivam proporcionar um espaço grupal para a discussão reflexiva sobre masculinidades e violência, contam com as(os) facilitadoras(es), pessoas técnicas responsáveis por cuidar do processo grupal. O trabalho de facilitação é permeado por diversos desafios, com peculiaridades quando as facilitadoras são lidas como mulheres. Esta pesquisa tem como objetivo colher pistas sobre como os marcadores sociais de gênero que se apresentam nesse território geram reverberações na dinâmica do trabalho nos PAV e na vulnerabilização das facilitadoras ao sofrimento psicossocial. Além de como são afetadas pelas diferenças, são trazidas as estratégias de saúde e de trabalho para manejar esses efeitos. A partir da pergunta como é ser mulher e ser facilitadora?, foram realizadas entrevistas narrativas com cinco facilitadoras. As entrevistas foram analisadas por meio da análise temática de conteúdo, tendo como referencial teórico de análise o construcionismo social, o quadro da Vulnerabilidade e dos Direitos Humanos e a teoria da interseccionalidade. As narrativas indicam que, pela sua leitura social como mulher, por vezes, sentimentos negativos são direcionados a elas pela generalização da classe mulher e pode ocorrer uma menor abertura dos atendidos em falar sobre suas vivências, efeitos podem ser elencados ao debate nos grupos reflexivos, potencializando o trabalho. A presença delas no trabalho grupal, enquanto uma representação da alteridade, se mostra potencializadora aos objetivos dos PAV. Algum nível de sofrimento psicossocial foi demonstrado em entrevistas, o qual foi, majoritariamente, superado pela partilha entre pares das experiências e pelos sentidos ético-políticos do trabalho. As narrativas indicam, também, que outros marcadores sociais da diferença atravessam significativamente essas vivências. Ao nível de construção dos programas, os resultados reforçam a importância da realização de encontros nas equipes para a elaboração coletiva das experiências de trabalho, tanto para que haja um processo avaliativo de análise das intervenções realizadas quanto para que haja espaço para a elaboração coletiva das experiências pessoais nesse trabalho.Policies to combat violence against women include not only support for women victims of violence but also measures to hold perpetrators accountable, such as Programs for Perpetrators of Violence (PPV). These programs aim to provide a group space for reflective discussion on masculinities and violence facilitated by technical professionals responsible for managing the group process. The facilitation work is filled with various challenges, especially when facilitators are perceived as women. This research aims to gather insights into how social gender markers present in this context impact the dynamics of work in PPVs and the psychosocial vulnerability of female facilitators. In addition to how they are affected by differences, the study explores health and work strategies to manage these effects. Based on the question what is it like to be a woman and a facilitator?, narrative interviews were conducted with five female facilitators. The interviews were analyzed using thematic content analysis, grounded in social constructionism, the framework of Vulnerability and Human Rights and intersectionality theory. The narratives indicate that due to their social perception as women, they sometimes receive negative feelings from participants due to the generalization of the woman category, and there may be less openness from participants to discuss their experiences. These effects can be addressed in reflective group debates, enhancing the work. Their presence in the group work, as a representation of otherness, is shown to enhance the objectives of PPVs. Some level of psychosocial distress was evident in the interviews, which was largely overcome through peer sharing of experiences and the ethical-political meanings of the work. The narratives also indicate that other social markers of difference significantly influence these experiences. At the program construction level, the results reinforce the importance of team meetings for the collective elaboration of work experiences, both for the evaluative analysis of interventions and to provide space for the collective processing of personal experiences in this work.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSilva Junior, Nelson daMagliano, Carla2024-07-12info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-11102024-132334/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-10-11T20:45:02Zoai:teses.usp.br:tde-11102024-132334Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-10-11T20:45:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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As políticas de combate à violência contra a mulher preveem, além do acolhimento às mulheres em situação de violência, medidas para a responsabilização dos autores da violência como os Programas para Autores de Violência (PAV). Os programas, que objetivam proporcionar um espaço grupal para a discussão reflexiva sobre masculinidades e violência, contam com as(os) facilitadoras(es), pessoas técnicas responsáveis por cuidar do processo grupal. O trabalho de facilitação é permeado por diversos desafios, com peculiaridades quando as facilitadoras são lidas como mulheres. Esta pesquisa tem como objetivo colher pistas sobre como os marcadores sociais de gênero que se apresentam nesse território geram reverberações na dinâmica do trabalho nos PAV e na vulnerabilização das facilitadoras ao sofrimento psicossocial. Além de como são afetadas pelas diferenças, são trazidas as estratégias de saúde e de trabalho para manejar esses efeitos. A partir da pergunta como é ser mulher e ser facilitadora?, foram realizadas entrevistas narrativas com cinco facilitadoras. As entrevistas foram analisadas por meio da análise temática de conteúdo, tendo como referencial teórico de análise o construcionismo social, o quadro da Vulnerabilidade e dos Direitos Humanos e a teoria da interseccionalidade. As narrativas indicam que, pela sua leitura social como mulher, por vezes, sentimentos negativos são direcionados a elas pela generalização da classe mulher e pode ocorrer uma menor abertura dos atendidos em falar sobre suas vivências, efeitos podem ser elencados ao debate nos grupos reflexivos, potencializando o trabalho. A presença delas no trabalho grupal, enquanto uma representação da alteridade, se mostra potencializadora aos objetivos dos PAV. Algum nível de sofrimento psicossocial foi demonstrado em entrevistas, o qual foi, majoritariamente, superado pela partilha entre pares das experiências e pelos sentidos ético-políticos do trabalho. As narrativas indicam, também, que outros marcadores sociais da diferença atravessam significativamente essas vivências. Ao nível de construção dos programas, os resultados reforçam a importância da realização de encontros nas equipes para a elaboração coletiva das experiências de trabalho, tanto para que haja um processo avaliativo de análise das intervenções realizadas quanto para que haja espaço para a elaboração coletiva das experiências pessoais nesse trabalho. |
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