Ecologia trófica de Astyanax paranae (Osteichthyes, Characidae) em córregos da bacia do rio Passa-Cinco, estado de São Paulo.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Anderson Ferreira
Data de Publicação: 2004
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/D.91.2004.tde-10092004-160426
Resumo: Frente aos distúrbios que os ambientes aquáticos sofreram nas últimas décadas e os conseqüentes impactos causados sobre a ictiofauna, é cada vez mais relevante o entendimento da biologia e ecologia dos peixes nestes ecossistemas. O presente trabalho teve como objetivo relacionar a dieta do lambari Astyanax paranae em córregos de substrato e composição do corredor ripário distintos na bacia do rio Passa-Cinco (SP), verificando as diferenças existentes na alimentação da espécie, a origem dos itens alimentares, a disponibilidade de invertebrados e suas relações com a dieta da espécie. As coletas foram realizadas no período vespertino de fevereiro a abril de 2003. Para a captura dos peixes foram utilizados métodos combinados de pesca elétrica, rede de arrasto manual e peneiras. Para as amostragens dos invertebrados utilizou-se um amostrador tipo Surber, bandejas de retenção, redes de mão e deriva. Os conteúdos gástricos foram analisados através dos métodos de frequência de ocorrência e volumétrico. A espécie apresentou um amplo espectro alimentar. A categoria alimentar dominante foi representada por insetos terrestres, com maiores ocorrências para Formicidae (recursos alóctones). No Córrego Cantagalo, que apresenta a zona ripária constituída por pastagens, os insetos aquáticos foram a categoria alimentar mais representativa (recursos autóctones). Para medir a amplitude de nicho alimentar aplicou-se a medida de Levins e os maiores valores foram registrados nos córregos Paredão e Jibóia, indicando que A. paranae utilizou mais amplamente os recursos disponíveis nestes ambientes de mata ripária melhor preservada. A atividade alimentar deste lambari foi avaliada através do grau de repleção estomacal (GR). Os indivíduos analisados apresentaram conteúdos alimentares na maioria dos estômagos, confirmando seu período alimentar diurno. Para agrupar os locais de coleta com base na dieta de A. paranae, utilizou-se uma análise de correspondência e de agrupamento, que segregou os córregos onde a espécie consumiu mais insetos terrestres (córregos Paredão, Areião e Vereador), uma maior variedade de itens (Córrego Jibóia), algas (Córrego do Anzol) e insetos aquáticos (Córrego Cantagalo). A grande maioria dos invertebrados disponíveis nos riachos foram compostos por insetos em estágios imaturos e adultos, tanto de origem aquática quanto terrestre. Em todos os córregos amostrados, os invertebrados alóctones apresentaram maior diversidade e menor abundância em relação aos invertebrados autóctones, exceto no Córrego Vereador (zona ripária com mata alterada) onde a abundância foi maior. Para avaliar a seleção dos recursos por A. paranae utilizou-se o Índice de Eletividade de Ivlev. O recurso alóctone foi selecionado positivamente em todos os córregos pela espécie e apenas no Córrego Cantagalo houve consumo de itens autóctones na mesma proporção que a encontrada no ambiente. A espécie apresentou um hábito alimentar onívoro com tendência à insetivoria, sendo que a dieta foi influenciada pelas características geomórficas dos córregos e do corredor ripário. A presença da vegetação ripária foi importante para alimentação da espécie, demonstrada pelo maior consumo de recursos alóctones e também para a diversidade dos invertebrados. As condições de assoreamento não influenciaram na dieta devido a entrada dos recursos externos e, apesar da grande disponibilidade de recursos autóctones nos diversos córregos, A. paranae demonstrou preferência pelos itens alóctones.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis Ecologia trófica de Astyanax paranae (Osteichthyes, Characidae) em córregos da bacia do rio Passa-Cinco, estado de São Paulo. Trophic ecology of Astyanax paranae (Osteichthyes, Characidae) in streams of the Passa-Cinco river basin, state of São Paulo. 2004-06-21Jose Eurico Possebon CyrinoPlinio Barbosa de CamargoElyara Maria Pereira da SilvaAnderson FerreiraUniversidade de São PauloEcologia de AgroecossistemasUSPBR animal biology animal diet animal ecology bacia hidrográfica biologia animal catchmente basin dieta animal ecologia animal lambari lambari Passa-Cinco river rio Passa-Cinco Frente aos distúrbios que os ambientes aquáticos sofreram nas últimas décadas e os conseqüentes impactos causados sobre a ictiofauna, é cada vez mais relevante o entendimento da biologia e ecologia dos peixes nestes ecossistemas. O presente trabalho teve como objetivo relacionar a dieta do lambari Astyanax paranae em córregos de substrato e composição do corredor ripário distintos na bacia do rio Passa-Cinco (SP), verificando as diferenças existentes na alimentação da espécie, a origem dos itens alimentares, a disponibilidade de invertebrados e suas relações com a dieta da espécie. As coletas foram realizadas no período vespertino de fevereiro a abril de 2003. Para a captura dos peixes foram utilizados métodos combinados de pesca elétrica, rede de arrasto manual e peneiras. Para as amostragens dos invertebrados utilizou-se um amostrador tipo Surber, bandejas de retenção, redes de mão e deriva. Os conteúdos gástricos foram analisados através dos métodos de frequência de ocorrência e volumétrico. A espécie apresentou um amplo espectro alimentar. A categoria alimentar dominante foi representada por insetos terrestres, com maiores ocorrências para Formicidae (recursos alóctones). No Córrego Cantagalo, que apresenta a zona ripária constituída por pastagens, os insetos aquáticos foram a categoria alimentar mais representativa (recursos autóctones). Para medir a amplitude de nicho alimentar aplicou-se a medida de Levins e os maiores valores foram registrados nos córregos Paredão e Jibóia, indicando que A. paranae utilizou mais amplamente os recursos disponíveis nestes ambientes de mata ripária melhor preservada. A atividade alimentar deste lambari foi avaliada através do grau de repleção estomacal (GR). Os indivíduos analisados apresentaram conteúdos alimentares na maioria dos estômagos, confirmando seu período alimentar diurno. Para agrupar os locais de coleta com base na dieta de A. paranae, utilizou-se uma análise de correspondência e de agrupamento, que segregou os córregos onde a espécie consumiu mais insetos terrestres (córregos Paredão, Areião e Vereador), uma maior variedade de itens (Córrego Jibóia), algas (Córrego do Anzol) e insetos aquáticos (Córrego Cantagalo). A grande maioria dos invertebrados disponíveis nos riachos foram compostos por insetos em estágios imaturos e adultos, tanto de origem aquática quanto terrestre. Em todos os córregos amostrados, os invertebrados alóctones apresentaram maior diversidade e menor abundância em relação aos invertebrados autóctones, exceto no Córrego Vereador (zona ripária com mata alterada) onde a abundância foi maior. Para avaliar a seleção dos recursos por A. paranae utilizou-se o Índice de Eletividade de Ivlev. O recurso alóctone foi selecionado positivamente em todos os córregos pela espécie e apenas no Córrego Cantagalo houve consumo de itens autóctones na mesma proporção que a encontrada no ambiente. A espécie apresentou um hábito alimentar onívoro com tendência à insetivoria, sendo que a dieta foi influenciada pelas características geomórficas dos córregos e do corredor ripário. A presença da vegetação ripária foi importante para alimentação da espécie, demonstrada pelo maior consumo de recursos alóctones e também para a diversidade dos invertebrados. As condições de assoreamento não influenciaram na dieta devido a entrada dos recursos externos e, apesar da grande disponibilidade de recursos autóctones nos diversos córregos, A. paranae demonstrou preferência pelos itens alóctones. Environmental disturbances of the last decades had major impact in fish fauna, turning the understanding of fish biology and ecology in aquatic ecosystems each time more relevant. This study analyses the diet of lambari Astyanax paranae in streams with different substrates and composition of the riparian corridor in the Passa-Cinco river basin (SP), regarding the relationship of local differences in species diet, origin of food items, and availability of invertebrates to the species diet. Fish were collected in the afternoon from February to April 2003, by either electrofishing or seining net. Surber sampler, forest litter trays half-filled with a soap solution, dip nets and drift nets were used for sampling invertebrates. Fish stomach contents were analyzed by the frequency of occurrence and volumetric methods. The species prsented a wide feeding spectrum. Terrestrial insects (mostly Formicidae) represented the most dominant feeding category. Aquatic insects were the most representative feeding category in the Cantagalo stream, which presented a riparian corridor covered with pasture. The Levins’s measure was used to evaluate niche breadth. The higher values were obtained in the Paredão and Jibóia streams, ecosystems characterized by pristine forest in the riparian corridor, eliciting better use of available resources by A. paranae. The feeding activity of the lambari was evaluated by the degree of stomach repletion (GR). Most individuals presented alimentary items in their stomachs, confirming a diurnal feeding habit. The analysis of cluster and correspondence were used to group study sites based on A. paranae feeding. These analysis segregated streams where the species consumed more terrestrial insects (Paredão, Jibóia, and Vereador streams), larger variety of items (Jibóia streams), algae (Anzol stream) and aquatic insects (Cantagalo stream). Immature and adult insects were the most available invertebrates in the streams. Allochthonous invertebrates presented higher diversity and lower abundance in relation to the autochthonous invertebrates in all systems, except in the Vereador stream, which presented a riparian corridor covered by anthropogenic forest. The resource selection by A. paranae was evaluated by Ivlev’s Electivity Index. Allochthonous resources were positively selected by the species in all streams but Cantagalo, where consumption of autochtonous and allochthonous resources were equal. The species presented an omnivorous feeding habit, tending to insectivorous. Feeding habits could be related both to geomorphic stream features and riparian corridor vegetation cover. The riparian vegetation was an important food source for the species, as demonstrated by the higher allochthonous resources consumption, and also by the invertebrates diversity. Streambed sand filling did not influenced species persistence, as it could rely on external resources input. A. paranae demonstrated preference by allochthonous food items besides the high availability of autochthonous resources. https://doi.org/10.11606/D.91.2004.tde-10092004-160426info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T18:37:43Zoai:teses.usp.br:tde-10092004-160426Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:26:57.968952Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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