Frugivoria, Dispersão Primária e Secundária de Sementes Consumidas por Micos-Leões-Dourados (Leontopithecus rosalia) na Reserva Biológica União, RJ.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lapenta, Marina Janzantti
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-20072007-144301/
Resumo: Os animais frugívoros podem influenciar padrões de distribuição espacial de plantas jovens e adultas, mas parte do recrutamento de uma população vegetal é perdida pela predação de sementes, sendo esta a principal força ecológica e evolutiva que afeta as comunidades vegetais. A maioria das sementes dispersadas por primatas na floresta é morta por predadores de sementes ou movida por dispersores secundários, alterando a sombra de sementes original. Pouco se sabe sobre as interações complexas entre a dispersão e predação de sementes, visto que poucos trabalhos foram realizados sobre a relação entre a dispersão de sementes por frugívoros, e a distribuição das plântulas das espécies consumidas. Para que Planos de Conservação possam ser desenvolvidos, as relações entre a fauna de frugívoros e a vegetação, e a estrutura das Florestas Tropicais devem ser bem entendidas. Na Reserva Biológica União dois grupos de micos-leões-dourados foram acompanhados mensalmente durante três dias cada um, de abril de 2003 a março de 2004 do momento em que deixaram o local de dormida, até o fim de suas atividades no final do dia. Outros grupos foram acompanhados esporadicamente entre agosto de 2004 e janeiro de 2005. Todas as árvores visitadas foram marcadas e amostras dos frutos foram coletadas para identificação e experimentos de germinação. As sementes retiradas dos frutos foram colocadas para germinar em comparação com sementes provenientes das fezes dos micos, ou sementes cuspidas por estes. As sementes foram acompanhadas na mata, quanto à germinação, desaparecimento ou dispersão secundária, predação, mortalidade, sobrevivência e estabelecimento de plântulas. Além disso, foi feito o acompanhamento fenológico de 791 árvores de espécies consumidas pelos micos-leões, de julho de 2003 a junho de 2004. Durante o período de estudo os grupos se alimentaram de 88 espécies de frutos de pelo menos 18 famílias, engolindo as sementes de 43 espécies e cuspindo as sementes de 45 espécies. Cento e sete experimentos foram realizados com 1711 sementes de 38 espécies de frutos (28 espécies de sementes engolidas e dez espécies de sementes cuspidas). No período de estudo mais de 50% das sementes (> 3 mm) dos experimentos desapareceram e cerca de 15% morreram antes de germinar. Vinte e duas espécies tiveram sementes germinando na mata e desenvolveram plântulas, mas no final do estudo apenas 15 dessas espécies ainda apresentavam plântulas sobreviventes. Para melhor se estabelecer se os predadores ou dispersores secundários das sementes depositadas pelos micos-leões-dourados são vertebrados ou invertebrados foram montados experimentos com gaiolas de exclusão de sementes. Outros aspectos quantitativos e qualitativos da dispersão de sementes foram analisados, incluindo a caracterização das deposições, tempo de passagem das sementes pelo trato digestório dos micos, distância e habitat de dispersão e outros. O mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) é uma espécie frugívora e endêmica da Mata Atlântica, e o presente estudo é o primeiro a acompanhar a sobrevivência e crescimento de plântulas provenientes das fezes desse primata, detalhando a sua importância como dispersor de sementes. Estudos sobre o destino das sementes defecadas são fundamentais para a conservação do mico-leão e do seu habitat, a Mata Atlântica de baixada costeira do estado do Rio de Janeiro, um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta.
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Pouco se sabe sobre as interações complexas entre a dispersão e predação de sementes, visto que poucos trabalhos foram realizados sobre a relação entre a dispersão de sementes por frugívoros, e a distribuição das plântulas das espécies consumidas. Para que Planos de Conservação possam ser desenvolvidos, as relações entre a fauna de frugívoros e a vegetação, e a estrutura das Florestas Tropicais devem ser bem entendidas. Na Reserva Biológica União dois grupos de micos-leões-dourados foram acompanhados mensalmente durante três dias cada um, de abril de 2003 a março de 2004 do momento em que deixaram o local de dormida, até o fim de suas atividades no final do dia. Outros grupos foram acompanhados esporadicamente entre agosto de 2004 e janeiro de 2005. Todas as árvores visitadas foram marcadas e amostras dos frutos foram coletadas para identificação e experimentos de germinação. As sementes retiradas dos frutos foram colocadas para germinar em comparação com sementes provenientes das fezes dos micos, ou sementes cuspidas por estes. As sementes foram acompanhadas na mata, quanto à germinação, desaparecimento ou dispersão secundária, predação, mortalidade, sobrevivência e estabelecimento de plântulas. Além disso, foi feito o acompanhamento fenológico de 791 árvores de espécies consumidas pelos micos-leões, de julho de 2003 a junho de 2004. Durante o período de estudo os grupos se alimentaram de 88 espécies de frutos de pelo menos 18 famílias, engolindo as sementes de 43 espécies e cuspindo as sementes de 45 espécies. Cento e sete experimentos foram realizados com 1711 sementes de 38 espécies de frutos (28 espécies de sementes engolidas e dez espécies de sementes cuspidas). No período de estudo mais de 50% das sementes (> 3 mm) dos experimentos desapareceram e cerca de 15% morreram antes de germinar. Vinte e duas espécies tiveram sementes germinando na mata e desenvolveram plântulas, mas no final do estudo apenas 15 dessas espécies ainda apresentavam plântulas sobreviventes. Para melhor se estabelecer se os predadores ou dispersores secundários das sementes depositadas pelos micos-leões-dourados são vertebrados ou invertebrados foram montados experimentos com gaiolas de exclusão de sementes. Outros aspectos quantitativos e qualitativos da dispersão de sementes foram analisados, incluindo a caracterização das deposições, tempo de passagem das sementes pelo trato digestório dos micos, distância e habitat de dispersão e outros. O mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) é uma espécie frugívora e endêmica da Mata Atlântica, e o presente estudo é o primeiro a acompanhar a sobrevivência e crescimento de plântulas provenientes das fezes desse primata, detalhando a sua importância como dispersor de sementes. Estudos sobre o destino das sementes defecadas são fundamentais para a conservação do mico-leão e do seu habitat, a Mata Atlântica de baixada costeira do estado do Rio de Janeiro, um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta. The frugivores may influence spatial patterns of adults and juvenile plants, and a great portion of the potential recruitment of plant populations is lost to seed predators. The majority of seeds dispersed by primates on forest is killed by seed predators or moved by secondary dispersers. Little is known about the complex interaction between seed dispersal and post-dispersal seed-predation, and few researches were done on the relation between seed dispersal by animals and seedling distribution of exploited plant species. The golden-lion-tamarin (Leontopithecus rosalia) is a frugivorous endemic species of Atlantic Forest. This research will be the first to consider the survivor and establishment of seedlings from golden-lion-tamarins feces, studying the importance of this primate as seed disperser, ensuring the preservation of the Atlantic Forest, one of the most threatened ecosystems in the world. Two groups of golden lion tamarins were monthly studied in the União Biological Reserve three days each one, from April 2003 to March 2004 since left sleeping site until finished their activities at the end of the day. Other groups were sporadically monitored from August 2004 to January 2005. All visited trees were marked and samples of fruits were collected for identification and germination experiments. Seeds from fruits and from tamarin’s feces or spitted out were put to germinate. The seeds were studies to verify the germination, disappearance or secondary dispersion, predation, mortality and survival and establishment of the seedlings. Beside that, 791 trees from eaten species were studied from July 2003 to June 2004 to collect phenological data. During study period the groups ate 88 fruit species from at least 16 families, ingesting seeds of 43 species and spitting seeds from 45 species. A Hundred and seven experiments were conducted with 1711 seeds of 38 fruit species (28 species of ingested species and 10 species of spitted seeds). During study period more than 50% of seeds (> 3 mm) disappeared from experiments, and about 15% died before germinating. Twenty two species had seeds germinating on forest and until seedling stage, but at the end of the study only 15 of these species still had seedling surviving. To determine if the seed predators or secondary dispersers of seeds deposited by tamarins are vertebrate or invertebrate, experiments with seed exclosure cage were established. Others qualitatively and quantitatively aspects of seed dispersal were considered, including feces deposition, time of gut passage, distance and habitat of seed deposition and others. The golden lion tamarin (Leontopithecus rosalia) is a frugivore and endemic species of Atlantic Forest and this study is the first to attend the survival and establishment of seedlings from tamarins feces, and the tamarins importance as a seed disperser. Studies on seed fate are important to the conservation of golden lion tamarins and his habitat, the lowland Atlantic Forest of the state of Rio de Janeiro, one of the most endangered ecosystems in the world. Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPNogueira Neto, PauloLapenta, Marina Janzantti2007-02-02info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-20072007-144301/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:51Zoai:teses.usp.br:tde-20072007-144301Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:51Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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