Mulheres sertanistas: transmissão e sedimentação cultural do trabalho feminino na formação das primeiras fazendas de gado dos sertões baianos (1704-1838)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-10032020-152702/ |
Resumo: | Este estudo analisa o trabalho feminino no processo de expansão da colonização e na formação das primeiras fazendas de gado nos sertões baianos, no século XVIII. Ao atuar na estruturação das fazendas, as mulheres tornaram possível suas sobrevivências nos rústicos cenários agropastoris, sedimentando paulatinamente elementos culturais herdados e transmitidos entre gerações. O recorte temporal no período de entrada nos sertões, entre os anos de 1704 e 1838, percorre quatro gerações de mulheres do mesmo tronco familiar, cujas trajetórias servirão como guias de análise para a percepção das ações femininas neste processo. As mulheres que tiveram suas trajetórias analisadas são, em ordem geracional: Joana de Sá, Theodora de Brito Gondim, Micaela Maria de Jesus e Ana Francisca da Silva. Embora com ênfase nestas, objetiva-se tê-las como guias de uma abordagem perspectivista do processo histórico de expansão da colonização brasileira. Neste sentido, objetivamos detalhar a saga destas mulheres e evidenciar suas atividades de trabalho como primordiais para tornar a vida possível em situações conflituosas resultantes do projeto de colonização portuguesa, com a incorporação do trabalho indígena e africano. Trata-se de explicitar não apenas diversas outras mulheres de variados segmentos sociais, mas, sobretudo, a ampla atuação, a importância histórica e as raízes culturais do trabalho feminino na estruturação da colonização luso-brasileira. Esta tese analisou as ações femininas nas zonas instáveis da expansão colonial, nos pontos de ocupação iniciados nas pioneiras fazendas de gado, porém, vazados por grandes áreas de presença indígena. Dentro da perspectiva político-geográfica, consideramos a existência dessas fronteiras enquanto óbice ao avanço colonial, contudo, buscou-se prioritariamente entrever tais fronteiras no âmbito cultural, no amálgama das interações entre os indivíduos partícipes, especificamente as mulheres. A análise perspectivista aqui empreendida considerou o trabalho feminino, transmitido entre as gerações, como a própria fronteira em si, a \"linha divisória\" entre a cultura indígena, em vias de desestruturação, e as ações necessárias para tornar a vida possível nas terras conquistadas. As especificidades históricas vivenciadas nas zonas de povoamento e seus avanços paulatinos determinaram improvisos constantes destas mulheres, assumidos a partir de grande \"capacidade de adaptação\", transmitidas às gerações seguintes. |
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Mulheres sertanistas: transmissão e sedimentação cultural do trabalho feminino na formação das primeiras fazendas de gado dos sertões baianos (1704-1838)Backwoods women: transmission and cultural sedimentation of female labor in the formation of the first cattle ranches of the Bahian hinterlands (1704-1838)Bahian hinterlandsCattle ranchesColonizaçãoColonizationCulturaCultureFazendasLaborMulheresSertões baianosTrabalhoWomenEste estudo analisa o trabalho feminino no processo de expansão da colonização e na formação das primeiras fazendas de gado nos sertões baianos, no século XVIII. Ao atuar na estruturação das fazendas, as mulheres tornaram possível suas sobrevivências nos rústicos cenários agropastoris, sedimentando paulatinamente elementos culturais herdados e transmitidos entre gerações. O recorte temporal no período de entrada nos sertões, entre os anos de 1704 e 1838, percorre quatro gerações de mulheres do mesmo tronco familiar, cujas trajetórias servirão como guias de análise para a percepção das ações femininas neste processo. As mulheres que tiveram suas trajetórias analisadas são, em ordem geracional: Joana de Sá, Theodora de Brito Gondim, Micaela Maria de Jesus e Ana Francisca da Silva. Embora com ênfase nestas, objetiva-se tê-las como guias de uma abordagem perspectivista do processo histórico de expansão da colonização brasileira. Neste sentido, objetivamos detalhar a saga destas mulheres e evidenciar suas atividades de trabalho como primordiais para tornar a vida possível em situações conflituosas resultantes do projeto de colonização portuguesa, com a incorporação do trabalho indígena e africano. Trata-se de explicitar não apenas diversas outras mulheres de variados segmentos sociais, mas, sobretudo, a ampla atuação, a importância histórica e as raízes culturais do trabalho feminino na estruturação da colonização luso-brasileira. Esta tese analisou as ações femininas nas zonas instáveis da expansão colonial, nos pontos de ocupação iniciados nas pioneiras fazendas de gado, porém, vazados por grandes áreas de presença indígena. Dentro da perspectiva político-geográfica, consideramos a existência dessas fronteiras enquanto óbice ao avanço colonial, contudo, buscou-se prioritariamente entrever tais fronteiras no âmbito cultural, no amálgama das interações entre os indivíduos partícipes, especificamente as mulheres. A análise perspectivista aqui empreendida considerou o trabalho feminino, transmitido entre as gerações, como a própria fronteira em si, a \"linha divisória\" entre a cultura indígena, em vias de desestruturação, e as ações necessárias para tornar a vida possível nas terras conquistadas. As especificidades históricas vivenciadas nas zonas de povoamento e seus avanços paulatinos determinaram improvisos constantes destas mulheres, assumidos a partir de grande \"capacidade de adaptação\", transmitidas às gerações seguintes.This study analyzes female labor in the process of colonization expansion and in formation of the first cattle ranches in the Bahian hinterlands in the eighteenth century. Working in the structuring of the farms, women made possible their survival in the rustic agropastoral scenarios, settling inherited and transmitted cultural elements between generations. The time frame in the period of entry into the hinterlands, between 1704 and 1838, runs through four generations of women from the same family background, whose trajectories will serve as analysis guides for the perception of female actions in this process. The women who had their trajectories analyzed are, in chronological order: Joana de Sá, Theodora de Brito Gondim, Micaela Maria de Jesus e Ana Francisca da Silva. The objective is to have these women as guides of a perspectivist approach of the historical process of expansion of the Brazilian colonization, from the stories of these women. Therefore, the objective is to detail the saga of these women and highlight their labor activities as primordial to make life possible in conflict situations resulting from the Portuguese colonization project, with the incorporation of indigenous and African work. It is a matter of explaining not only several other women from different social segments, but the broad performance, the historical importance and the cultural roots of female labor in the structuring of Luso-Brazilian colonization. This thesis analyzed the feminine actions in the unstable zones of the colonial expansion, in the occupation points initiated in the pioneer cattle ranches, who lived with the indigenous presence in some places. On geopolitics perspective consider the existence of these borders as an obstacle to colonial advance, however, priority was sought to glimpse such boundaries in the cultural realm, in the amalgam of interactions between participating individuals, specifically women. This perspective analysis considered female work, passed down from generation to generation, as the frontier itself, the dividing line between destroying indigenous culture, and the actions necessary to make life possible in the conquered lands. The historical specificities experienced in the settlement areas and their gradual advances determined constant improvisations of these women, assumed from great \"adaptability\", transmitted to the following generations.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPDias, Maria Odila Leite da SilvaPires, Maria de Fátima NovaesRibeiro, Marcos Profeta2019-12-11info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-10032020-152702/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2020-03-10T21:35:02Zoai:teses.usp.br:tde-10032020-152702Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212020-03-10T21:35:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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