Mulheres transexuais e travestis que vivem com HIV/AIDS: da abjeção à dignidade

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Paula Morillas de Holanda
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/D.59.2020.tde-13082019-110818
Resumo: Considerando a primordialidade da produção de conhecimento acerca das identidades de gênero Transexuais e Travestis que parta de óticas não patologizantes e sabendo que a emergência do HIV/aids nessa população tem sido pouco enfocada em âmbito acadêmico, este estudo teve por objetivo compreender, mediante as narrativas de mulheres transexuais e travestis que vivem com HIV/aids, suas percepções e significações acerca de seus corpos, gêneros, sexualidades, bem como de sua condição de (con)viverem com a soropositividade e de realizarem seguimento em um serviço de referência especializado. Foi escolhido o paradigma qualitativo de pesquisa em Psicologia, utilizando as estratégias do método clínico-qualitativo e dos estudos de casos múltiplos para definir o delineamento do estudo. Foram utilizadas entrevistas, diários de campo e questionário sociodemográfico, aplicados a 10 mulheres transexuais e travestis com diagnóstico de HIV/aids, que se encontravam em acompanhamento em um hospital universitário terciário do interior paulista. As entrevistas foram submetidas à análise de conteúdo na modalidade temática. Os dados foram interpretados à luz da Teoria Queer. A análise dos dados permitiu destacar três eixos temáticos principais: Existência, que abarcou os subcategorias referentes a infância e adolescência, vida sexual e afetiva, gênero e orientação sexual, e corpo; Resistência, que envolveu subcategorias concernentes a família, prostituição e preconceito; e Soropositividade, que concerniu as subcategorias relativas ao HIV, às demandas de saúde e à ressignificação de condição de (con)viver com HIV/aids. Os resultados mostraram, ainda, que as participantes se tornaram suscetíveis à contaminação pelo vírus HIV em função de estarem submetidas a um conjunto de vulnerabilidades entrelaçadas, mas que encontraram, cada uma a sua maneira, meios para enfrentar e ressignificar essa condição. Pôde-se também constatar que, em função do contexto de marginalização e exclusão social presentes na vida das participantes, a condição de adentrar e pertencer formalmente ao cenário da assistência à saúde para a realização do tratamento foi significada como uma experiência edificante, que agregou valores positivos a suas vidas. A Teoria Queer constituiu uma ferramenta pertinente de interpretação dos dados e mostrou ter valor heurístico para a proposta de pesquisa delineada. Observou-se que as demandas que as travestis e as mulheres transexuais direcionam ao serviço de saúde estão bem mais além dos procedimentos que envolvem a transição de gênero ou do tratamento antirretroviral, o que indica que é preciso investir no aprimoramento da assistência para atender às necessidades reais dessa população e contribuir para a co-construção de estratégias de manutenção de sua saúde integral.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis Mulheres transexuais e travestis que vivem com HIV/AIDS: da abjeção à dignidade Transsexuals women and transvestites living with HIV/AIDS: from the abjection to dignity 2016-12-02Manoel Antonio dos SantosPatricia Porchat Pereira da Silva KnudsenLarissa Maués Pelucio SilvaPaula Morillas de HolandaUniversidade de São PauloPsicologiaUSPBR AIDS Aids Gender identity HIV HIV Identidade de gênero Mulheres transexuais Queer Theory Teoria Queer Transexualidade Transsexual women Transsexuality Transvestites Travestilidade Travestis Considerando a primordialidade da produção de conhecimento acerca das identidades de gênero Transexuais e Travestis que parta de óticas não patologizantes e sabendo que a emergência do HIV/aids nessa população tem sido pouco enfocada em âmbito acadêmico, este estudo teve por objetivo compreender, mediante as narrativas de mulheres transexuais e travestis que vivem com HIV/aids, suas percepções e significações acerca de seus corpos, gêneros, sexualidades, bem como de sua condição de (con)viverem com a soropositividade e de realizarem seguimento em um serviço de referência especializado. Foi escolhido o paradigma qualitativo de pesquisa em Psicologia, utilizando as estratégias do método clínico-qualitativo e dos estudos de casos múltiplos para definir o delineamento do estudo. Foram utilizadas entrevistas, diários de campo e questionário sociodemográfico, aplicados a 10 mulheres transexuais e travestis com diagnóstico de HIV/aids, que se encontravam em acompanhamento em um hospital universitário terciário do interior paulista. As entrevistas foram submetidas à análise de conteúdo na modalidade temática. Os dados foram interpretados à luz da Teoria Queer. A análise dos dados permitiu destacar três eixos temáticos principais: Existência, que abarcou os subcategorias referentes a infância e adolescência, vida sexual e afetiva, gênero e orientação sexual, e corpo; Resistência, que envolveu subcategorias concernentes a família, prostituição e preconceito; e Soropositividade, que concerniu as subcategorias relativas ao HIV, às demandas de saúde e à ressignificação de condição de (con)viver com HIV/aids. Os resultados mostraram, ainda, que as participantes se tornaram suscetíveis à contaminação pelo vírus HIV em função de estarem submetidas a um conjunto de vulnerabilidades entrelaçadas, mas que encontraram, cada uma a sua maneira, meios para enfrentar e ressignificar essa condição. Pôde-se também constatar que, em função do contexto de marginalização e exclusão social presentes na vida das participantes, a condição de adentrar e pertencer formalmente ao cenário da assistência à saúde para a realização do tratamento foi significada como uma experiência edificante, que agregou valores positivos a suas vidas. A Teoria Queer constituiu uma ferramenta pertinente de interpretação dos dados e mostrou ter valor heurístico para a proposta de pesquisa delineada. Observou-se que as demandas que as travestis e as mulheres transexuais direcionam ao serviço de saúde estão bem mais além dos procedimentos que envolvem a transição de gênero ou do tratamento antirretroviral, o que indica que é preciso investir no aprimoramento da assistência para atender às necessidades reais dessa população e contribuir para a co-construção de estratégias de manutenção de sua saúde integral. Considering the primordiality of knowledge production about Transsexual and transvestites gender identities that does not consider them as pathologies and also knowing that the emergence of HIV/AIDS in this population has been less focused on academic context, this study aimed at investigating analyzing and understanding, by means of the narratives of transsexual and transvestite women with HIV/AIDS, their perceptions and meanings about bodies, genders, sexualities, as well as their co-living situation with seropositivity and their condition to maintain follow-up on a specialized referral service.. The qualitative research paradigm (in psychology) was adopted in this study, by using the strategies of the clinical-qualitative method and of the multiple case studies in order to define the design of the study. It was used interviews, diaries from field research and sociodemographic questionnaires applied to ten transsexuals women and transvestites diagnosed with HIV/AIDS, which were being followed in a tertiary university hospital located on the State of São Paulo. The interviews were submitted to the thematic content analysis and the data were interpreted in the light of Queer Theory. The data analysis allowed to identify three main themes, namely: Existence, which covered the subcategories related to childhood and adolescence, sexual and emotional life, gender and sexual orientation, and body; Resistance, involving subcategories concerning to family, prostitution and prejudice; and Seropositivity, which was comprised of the subcategories related to HIV, the health demands and reframing condition of co-living with HIV/AIDS. Still, the results showed that the participants were susceptible to infection by HIV due to being submitted to a set of interlaced vulnerabilities, but they found, each in its own way, means to face and reframe such a condition. It was also possible to note that, depending on the context of marginalization and social exclusion of the participants, the condition of entering and belonging formally to the health care scenario regarding to a treatment was meant as something uplifting and brought positive factors to their lives. Still, it was noted that the Queer Theory constituted a relevant data interpretation tool with heuristic value for the research proposal designed. It was observed that the transsexual and transvestite demands for health services are far beyond the procedures which involve gender transition or antiretroviral treatment. This aspect indicates that investments are necessary to improve assistance, in order to achieve the real needs of this population and to contribute to the co-construction of strategies for maintenance of their comprehensive health. https://doi.org/10.11606/D.59.2020.tde-13082019-110818info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T18:52:34Zoai:teses.usp.br:tde-13082019-110818Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:36:33.831636Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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