O Relato Integrado sob a ótica da Economia Ecológica: uma análise multimétodo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sosa, Pablo Ricardo Belosevich
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/106/106132/tde-09052018-180833/
Resumo: A Economia Ecológica traz como principal fundamento a limitação biofísica do Capital Natural como fonte primária na geração de Serviços Ecossistêmicos demandados pela sociedade. A discussão sobre os limites ecossistêmicos ganhou expressão internacional nas reflexões trazidas pelo relatório Limits to Growth (1972) e consolidou-se na Avaliação Ecossistêmica do Milênio (2005). A diretriz de limitação das atividades econômicas à capacidade de suporte dos ecossistemas vem sendo incorporada no contexto da governança ambiental global, por meio de conferências, convenções e tratados voltados para a governança de temáticas como mudanças climáticas, gestão de recursos hídricos e biodiversidade. No entanto, desde a publicação do Clube de Roma (1968), (um alerta sobre a vulnerabilidade do crescimento econômico às limitações do capital natural) houve predominância, no setor empresarial, de abordagens pautadas nos conceitos Triple Bottom Line e de Ecoeficiência, deixando em segundo plano a discussão sobre os limites ecossistêmicos. Os relatórios de sustentabilidade, instrumentos voltados à divulgação de informações socioambientais das empresas aos seus Stakeholders, refletem também esta trajetória de ênfase a estas abordagens. Entretanto, o advento do Relato Integrado (RI), traz elementos em sua Estrutura, documentos-base e em discursos de sua entidade propositora (o International Integrated Reporting Council - IIRC), que sugerem aderência ao entendimento da Economia Ecológica. Ou seja, de que o Capital Natural provê o ambiente sobre o qual os outros capitais se apoiam. Em função disto, este estudo teve como objetivo geral verificar se o RI corresponde a uma iniciativa alinhada aos fundamentos da Economia Ecológica. O alinhamento do RI a tais fundamentos, o configuraria como um marco no setor empresarial, correspondendo a uma iniciativa pioneira, permitindo considerá-lo um potencial vetor de mudança sobre os paradigmas atuais de gestão corporativa. Para elucidar esta questão realizou-se uma análise multimétodo, em três etapas. Nas duas primeiras analisaram-se os documentos: Estrutura Internacional para Relato Integrado (2013), o CAPITALS: Background Paper for (2013) e os Relatórios Integrados divulgados pelas 6 organizações brasileiras selecionadas, para os anos de 2014 e 2015. Na última etapa de entrevistas verificou-se o discurso dos gestores de cada empresa. Os resultados avaliam a aderência de tais documentos e dos discursos aos fundamentos da Economia Ecológica. O estudo conclui que o RI não corresponde a uma iniciativa alinhada com os fundamentos da Economia Ecológica e, entre seus principais resultados, destaca: i) as divergências encontradas entre os documentos produzidos pelo IIRC, quanto ao seu alinhamento aos fundamentos da Economia Ecológica, que comprometem o potencial do RI como vetor de transformação da governança corporativa; ii) a baixa incidência de elementos e abordagens alusivas a tais fundamentos nos relatórios analisados, além de que, iii) para os casos em que o alinhamento a tais fundamentos foi detectado, não há relação com a adoção das diretrizes do IIRC. O estudo contribui ainda com a sugestão de modificações na Estrutura Internacional para Relato Integrado, no sentido de orientar o alinhamento da iniciativa aos fundamentos da Economia Ecológica, diferenciando-a no que tange à gestão ambiental corporativa.
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spelling O Relato Integrado sob a ótica da Economia Ecológica: uma análise multimétodoThe Integrated Reporting under the Ecological Economics perspective: A multi-method analysis.Capital NaturalCorporate Sustainability.Ecological EconomicsEconomia EcológicaIIRCIIRCIntegrated ReportingNatural CapitalRelato IntegradoSustentabilidade Corporativa.A Economia Ecológica traz como principal fundamento a limitação biofísica do Capital Natural como fonte primária na geração de Serviços Ecossistêmicos demandados pela sociedade. A discussão sobre os limites ecossistêmicos ganhou expressão internacional nas reflexões trazidas pelo relatório Limits to Growth (1972) e consolidou-se na Avaliação Ecossistêmica do Milênio (2005). A diretriz de limitação das atividades econômicas à capacidade de suporte dos ecossistemas vem sendo incorporada no contexto da governança ambiental global, por meio de conferências, convenções e tratados voltados para a governança de temáticas como mudanças climáticas, gestão de recursos hídricos e biodiversidade. No entanto, desde a publicação do Clube de Roma (1968), (um alerta sobre a vulnerabilidade do crescimento econômico às limitações do capital natural) houve predominância, no setor empresarial, de abordagens pautadas nos conceitos Triple Bottom Line e de Ecoeficiência, deixando em segundo plano a discussão sobre os limites ecossistêmicos. Os relatórios de sustentabilidade, instrumentos voltados à divulgação de informações socioambientais das empresas aos seus Stakeholders, refletem também esta trajetória de ênfase a estas abordagens. Entretanto, o advento do Relato Integrado (RI), traz elementos em sua Estrutura, documentos-base e em discursos de sua entidade propositora (o International Integrated Reporting Council - IIRC), que sugerem aderência ao entendimento da Economia Ecológica. Ou seja, de que o Capital Natural provê o ambiente sobre o qual os outros capitais se apoiam. Em função disto, este estudo teve como objetivo geral verificar se o RI corresponde a uma iniciativa alinhada aos fundamentos da Economia Ecológica. O alinhamento do RI a tais fundamentos, o configuraria como um marco no setor empresarial, correspondendo a uma iniciativa pioneira, permitindo considerá-lo um potencial vetor de mudança sobre os paradigmas atuais de gestão corporativa. Para elucidar esta questão realizou-se uma análise multimétodo, em três etapas. Nas duas primeiras analisaram-se os documentos: Estrutura Internacional para Relato Integrado (2013), o CAPITALS: Background Paper for (2013) e os Relatórios Integrados divulgados pelas 6 organizações brasileiras selecionadas, para os anos de 2014 e 2015. Na última etapa de entrevistas verificou-se o discurso dos gestores de cada empresa. Os resultados avaliam a aderência de tais documentos e dos discursos aos fundamentos da Economia Ecológica. O estudo conclui que o RI não corresponde a uma iniciativa alinhada com os fundamentos da Economia Ecológica e, entre seus principais resultados, destaca: i) as divergências encontradas entre os documentos produzidos pelo IIRC, quanto ao seu alinhamento aos fundamentos da Economia Ecológica, que comprometem o potencial do RI como vetor de transformação da governança corporativa; ii) a baixa incidência de elementos e abordagens alusivas a tais fundamentos nos relatórios analisados, além de que, iii) para os casos em que o alinhamento a tais fundamentos foi detectado, não há relação com a adoção das diretrizes do IIRC. O estudo contribui ainda com a sugestão de modificações na Estrutura Internacional para Relato Integrado, no sentido de orientar o alinhamento da iniciativa aos fundamentos da Economia Ecológica, diferenciando-a no que tange à gestão ambiental corporativa.The Ecological Economics has as its main foundation the biophysical limitation of Natural Capital in relation to the society\'s demand for Ecosystem Services. The discussion on ecosystem boundaries gained international expression in the reflections brought by the Limits to Growth report (1972) and consolidated in the Millennium Ecosystem Assessment (2005). The guideline limiting economic activities to ecosystem support capacity has been incorporated in the context of global environmental governance, through conferences, conventions and treaties focused on the governance of issues such as climate change, water resources management and biodiversity. However, since the Club of Rome (1968) (an initiative alerting about the vulnerability of economic growth to the limitations of natural capital), there was a predominance in the business sector of approaches based on the concepts of Triple Bottom Line and Eco-efficiency, leaving in the behind the discussion about the ecosystem limits. The sustainability reports, instruments aimed at the dissemination of companys social and environmental information to their Stakeholders, also reflect this trajectory of emphasis to these approaches. However, the advent of the Integrated Reporting (IR) brings elements in its Structure, base documents and speeches of its proposer (the International Integrated Reporting Council - IIRC), which suggest adherence to the understanding of the Ecological Economics, that Natural Capital provides the environment upon which other capitals rely. In this sense, this study has as general objective to verify if the IR corresponds to an initiative aligned with the Ecological Economics foundations. The alignment of the IR to such basement, would configure it as a landmark in the business sector, corresponding to a pioneering initiative, allowing to consider it as a potential vector of change on the current paradigms of corporate management. To elucidate this question a multi-method analysis was carried out in three stages. Stages one and two analyzed the following documents: The international Framework (2013), CAPITALS: Background Paper for (2013) and the Integrated Reports released by the six Brazilian organizations selected, for the years 2014 and 2015. And in the third interview stage analyzed the discourse of the managers of each company. The results evaluate the adherence of such documents and discourses to the Ecological Economics foundations. The study concludes that IR does not correspond to an initiative aligned with the Ecological Economics foundations and, among its main results, it highlights: i) the divergences found between the documents produced by the IIRC and its alignment with the these foundations, which compromise the potential of IR as a transformation vector of corporate governance; ii) the low incidence of elements and approaches alluding to such foundations in the analyzed reports. Besides that, iii) in cases where the alignment to these foundations was detected, there is no relation with the adoption of the IIRC guidelines. The study also contributes by proposing modifications in The international Framework, in order to direct the alignment of the initiative to the Ecological Economics foundations, differentiating it in what concerns to the corporate environmental management.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPIgari, Alexandre ToshiroSinisgalli, Paulo Antonio de AlmeidaSosa, Pablo Ricardo Belosevich2018-03-08info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/106/106132/tde-09052018-180833/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2018-07-19T20:50:39Zoai:teses.usp.br:tde-09052018-180833Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212018-07-19T20:50:39Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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