Brincadeira como um facilitador no conhecimento da realidade do outro: um estudo de encontros entre crianças Guarani e não-indígena

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moretti, Christina Maria
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-06122022-171042/
Resumo: No Brasil, foram identificadas mais de 305 etnias de povos indígenas na população, divididas entre todas as regiões brasileiras, e apesar da grande diversidade, sofrem com a falta de visibilidade e com a incompreensão por grande parte do restante da população não indígena. Ainda que haja políticas de inclusão da temática, vemos o ensino ser transmitido de forma estereotipada e pouco precisa sobre a realidade do outro. Pensando nisso, procuramos aproximar a realidade das crianças indígenas às crianças não indígenas e proporcionar a possibilidade do encontro com o outro. A aproximação foi feita a partir de atividades dos Encontros para Brincar: Compartilhamento de Brincadeiras e Práticas Culturais na Casa de Cultura Indígena da USP. Esta dissertação tem como objetivo avaliar a eficácia destes encontros no aprendizado das crianças não indígenas sobre a história e culturas indígenas. Assim, apresentamos no primeiro capítulo uma reflexão sobre empatia e alteridade. Defendendo que, através da cooperação e empatia, podemos beneficiar a criação de contatos positivos com a cultura entendida como diferente, para que a partir dessa oportunidade de conhecimento, possamos perceber o outro não somente como diferente, mas também encontrar semelhanças, com respeito à diversidade. Partindo do pressuposto de que crianças são participantes culturais, carregando consigo informações da cultura e do tempo histórico em que vivem, iniciamos o segundo capítulo discorrendo sobre as interações sociais e o brincar no desenvolvimento infantil. Apresentamos a vivência que estruturamos para que crianças não indígenas e indígenas pudessem se conhecer e avaliamos se nossas intervenções tiveram sucesso com relação ao aumento de conhecimento de crianças não indígenas sobre os povos indígenas. Participaram dos Encontros duas classes escolares: turma A e B. As atividades consistiram em trocas de cartas e vídeos entre as crianças de diferentes etnias e por fim, um encontro com troca de saberes e brincadeira livre entre elas. Para avaliar a eficiência das intervenções propostas no aprendizado, aplicamos um questionário antes das atividades e o mesmo questionário depois do contato com os indígenas. O questionário continha informações sobre estereótipos comumente dirigidos às populações indígenas. Realizamos modelos lineares generalizados mistos para testar diferenças de gênero, participação no Encontro e turma. Não foram vistos efeitos de gênero, turma ou participação nos resultados. Em seguida, foram geradas duas Redes Sociais, para agrupar as respostas corretas das crianças em ambos os questionários. Os agrupamentos formados pelas Redes mostraram uma tendência de reunião de perguntas que continham assuntos semelhantes em seus conteúdos, como local onde vivem, roupas, cultura. Verificamos que houve diferenças nas respostas das crianças antes e depois das nossas intervenções: o número de acertos no questionário aumentou em ambas as turmas, mas o conteúdo que mais acertaram ou erraram foi variado, mostrando que cada criança é um mundo único de possibilidades de interações e desenvolvimento. Concluímos que as intervenções podem ser capazes de promover o conhecimento da cultura do outro, mas que cada um vai aprender e trazer consigo algo que faça sentido para si e que caiba dentro da sua própria realidade
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A aproximação foi feita a partir de atividades dos Encontros para Brincar: Compartilhamento de Brincadeiras e Práticas Culturais na Casa de Cultura Indígena da USP. Esta dissertação tem como objetivo avaliar a eficácia destes encontros no aprendizado das crianças não indígenas sobre a história e culturas indígenas. Assim, apresentamos no primeiro capítulo uma reflexão sobre empatia e alteridade. Defendendo que, através da cooperação e empatia, podemos beneficiar a criação de contatos positivos com a cultura entendida como diferente, para que a partir dessa oportunidade de conhecimento, possamos perceber o outro não somente como diferente, mas também encontrar semelhanças, com respeito à diversidade. Partindo do pressuposto de que crianças são participantes culturais, carregando consigo informações da cultura e do tempo histórico em que vivem, iniciamos o segundo capítulo discorrendo sobre as interações sociais e o brincar no desenvolvimento infantil. Apresentamos a vivência que estruturamos para que crianças não indígenas e indígenas pudessem se conhecer e avaliamos se nossas intervenções tiveram sucesso com relação ao aumento de conhecimento de crianças não indígenas sobre os povos indígenas. Participaram dos Encontros duas classes escolares: turma A e B. As atividades consistiram em trocas de cartas e vídeos entre as crianças de diferentes etnias e por fim, um encontro com troca de saberes e brincadeira livre entre elas. Para avaliar a eficiência das intervenções propostas no aprendizado, aplicamos um questionário antes das atividades e o mesmo questionário depois do contato com os indígenas. O questionário continha informações sobre estereótipos comumente dirigidos às populações indígenas. Realizamos modelos lineares generalizados mistos para testar diferenças de gênero, participação no Encontro e turma. Não foram vistos efeitos de gênero, turma ou participação nos resultados. Em seguida, foram geradas duas Redes Sociais, para agrupar as respostas corretas das crianças em ambos os questionários. Os agrupamentos formados pelas Redes mostraram uma tendência de reunião de perguntas que continham assuntos semelhantes em seus conteúdos, como local onde vivem, roupas, cultura. Verificamos que houve diferenças nas respostas das crianças antes e depois das nossas intervenções: o número de acertos no questionário aumentou em ambas as turmas, mas o conteúdo que mais acertaram ou erraram foi variado, mostrando que cada criança é um mundo único de possibilidades de interações e desenvolvimento. Concluímos que as intervenções podem ser capazes de promover o conhecimento da cultura do outro, mas que cada um vai aprender e trazer consigo algo que faça sentido para si e que caiba dentro da sua própria realidadeIn Brazil, more than 305 ethnicities of indigenous peoples were identified in the population, divided among all Brazilian regions, and despite the great diversity, they suffer from a lack of visibility and misunderstanding by a large part of the rest of the non-indigenous population. Although there are policies for inclusion of the theme, teaching is transmitted in a stereotyped and inaccurate way about the reality of the other. With this in mind, we seek to bring the reality of indigenous children closer to nonindigenous children and provide the possibility of meeting the other. The approach was based on activities of the Encounters to Play: Sharing Play and Cultural Practices at the USP Indigenous Culture House. This dissertation aims to evaluate the effectiveness of these meetings in promoting learning of non-indigenous children about indigenous history and cultures. Thus, we present in the first chapter a reflection on empathy and otherness. We defend that, through cooperation and empathy, we can benefit from the creation of positive contacts with the culture taken as different, so that from this opportunity of knowledge, we can perceive the other not only as different, but also similar, with respect to diversity. Assuming that children are cultural participants, carrying with them information about the culture and the historical time in which they live, we begin the second chapter by discussing social interactions and playing in child development. We introduce the experience that we have structured so that nonindigenous and indigenous children can get to know each other, and we evaluate if the intervention was successful in terms of increasing non-indigenous children\'s knowledge about indigenous peoples. Two school classes participated in the meetings: class A and B. The activities consisted of exchanging letters and videos between children of different ethnicities and lastly, a meeting with exchange of knowledge and free play between them. To assess the effectiveness of the proposed interventions in learning about indigenous people, we applied a questionnaire before the activities and the same questionnaire after the contact with the indigenous people. The questionnaire contained information on stereotypes commonly directed towards indigenous populations. We execute Generalized linear mixed models to test differences in gender, participation in the Meeting and class. No gender, class, or participation effects were seen in the results. Then, two Social Networks were generated to group the children\'s correct answers in both questionnaires. The clusters formed by the Networks showed a tendency to gather the questions that contained similar subjects in their content, such as where they live, clothes, and culture. We observed differences in the children\'s answers before and after our interventions, the number of correct answers in the questionnaire increased in both classes, but the content of correct and wrong answers varied, showing that each child is a unique world of possibilities of interactions and development. We conclude that interventions may be able to promote knowledge of the other\'s culture, but that each one will learn and bring with them something that makes sense to them and fits within their own realityBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPResende, Briseida Dogo deMoretti, Christina Maria2022-09-12info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-06122022-171042/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-12-08T14:02:54Zoai:teses.usp.br:tde-06122022-171042Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-12-08T14:02:54Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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description No Brasil, foram identificadas mais de 305 etnias de povos indígenas na população, divididas entre todas as regiões brasileiras, e apesar da grande diversidade, sofrem com a falta de visibilidade e com a incompreensão por grande parte do restante da população não indígena. Ainda que haja políticas de inclusão da temática, vemos o ensino ser transmitido de forma estereotipada e pouco precisa sobre a realidade do outro. Pensando nisso, procuramos aproximar a realidade das crianças indígenas às crianças não indígenas e proporcionar a possibilidade do encontro com o outro. A aproximação foi feita a partir de atividades dos Encontros para Brincar: Compartilhamento de Brincadeiras e Práticas Culturais na Casa de Cultura Indígena da USP. Esta dissertação tem como objetivo avaliar a eficácia destes encontros no aprendizado das crianças não indígenas sobre a história e culturas indígenas. Assim, apresentamos no primeiro capítulo uma reflexão sobre empatia e alteridade. Defendendo que, através da cooperação e empatia, podemos beneficiar a criação de contatos positivos com a cultura entendida como diferente, para que a partir dessa oportunidade de conhecimento, possamos perceber o outro não somente como diferente, mas também encontrar semelhanças, com respeito à diversidade. Partindo do pressuposto de que crianças são participantes culturais, carregando consigo informações da cultura e do tempo histórico em que vivem, iniciamos o segundo capítulo discorrendo sobre as interações sociais e o brincar no desenvolvimento infantil. Apresentamos a vivência que estruturamos para que crianças não indígenas e indígenas pudessem se conhecer e avaliamos se nossas intervenções tiveram sucesso com relação ao aumento de conhecimento de crianças não indígenas sobre os povos indígenas. Participaram dos Encontros duas classes escolares: turma A e B. As atividades consistiram em trocas de cartas e vídeos entre as crianças de diferentes etnias e por fim, um encontro com troca de saberes e brincadeira livre entre elas. Para avaliar a eficiência das intervenções propostas no aprendizado, aplicamos um questionário antes das atividades e o mesmo questionário depois do contato com os indígenas. O questionário continha informações sobre estereótipos comumente dirigidos às populações indígenas. Realizamos modelos lineares generalizados mistos para testar diferenças de gênero, participação no Encontro e turma. Não foram vistos efeitos de gênero, turma ou participação nos resultados. Em seguida, foram geradas duas Redes Sociais, para agrupar as respostas corretas das crianças em ambos os questionários. Os agrupamentos formados pelas Redes mostraram uma tendência de reunião de perguntas que continham assuntos semelhantes em seus conteúdos, como local onde vivem, roupas, cultura. Verificamos que houve diferenças nas respostas das crianças antes e depois das nossas intervenções: o número de acertos no questionário aumentou em ambas as turmas, mas o conteúdo que mais acertaram ou erraram foi variado, mostrando que cada criança é um mundo único de possibilidades de interações e desenvolvimento. Concluímos que as intervenções podem ser capazes de promover o conhecimento da cultura do outro, mas que cada um vai aprender e trazer consigo algo que faça sentido para si e que caiba dentro da sua própria realidade
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