A produção do lugar na periferia da metrópole paulistana

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fabiana Valdoski Ribeiro
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/D.8.2007.tde-25022008-112914
Resumo: A problemática urbana sobre a qual nos debruçamos na presente pesquisa referese aos processos de degradação da vida dos habitantes da metrópole, não apenas material, mas, sobretudo, resultante do empobrecimento das possibilidades de apropriação dos lugares da cidade. Tal apropriação se reduz, dialeticamente, pelas estratégias de dominação do espaço, que impõem normas ao uso do espaço pelos habitantes como condição necessária a um espaço produto, condição e meio da acumulação capitalista. Todavia, a normatização da vida pelo regramento do uso do espaço não se realiza sem conflitos. A população urbana, nos momentos da vida cotidiana, transgride-a constantemente como meio de sobrevivência a uma cidade produzida sob a égide capitalista, que possui como centro a acumulação do capital, em detrimento da reprodução da vida. É nesta perspectiva de desvendar as estratégias de normatização do uso e as transgressões diante o processo de dominação do espaço que a pesquisa se insere, tratando de compreender a produção de um lugar na metrópole paulistana, que se apresenta contraditoriamente como um espaço de normatização e transgressão na medida em que se constituiu como uma centralidade na periferia. Esta reflexão se construiu a partir do conhecimento dos sujeitos que produziram o espaço da Favela Monte Azul - zona sul do município de São Paulo - destacando as ações de uma organização não governamental chamada Associação Comunidade Monte Azul, por entender seu papel de destaque na produção da singularidade desta favela diante as demais da metrópole. Para tanto, analisamos as bases de sua matriz discursiva, as estratégias e ações e, principalmente, as articulações entre os sujeitos existentes na favela por meio do processo de \"urbanização da favela\" e das atividades culturais - teatro. A hipótese orientadora da pesquisa fundamenta-se, portanto, na idéia de uma urbanização que aprofunda a degradação da vida, produzindo tensões e conflitos ainda mais violentos que podem impedir a reprodução das relações de produção, levantando \"barreiras\" ao processo de acumulação. Para não interromper o ciclo, uma das estratégias utilizadas é a dominação do espaço pela territorialização de instituições na periferia, que levam a cabo as normas elaboradas pela ordem distante (Estado/empresas privadas). Estas instituições, como as organizações não governamentais, tentam diluir as formas de organização e participação popular conforme introduzem a população às normas da cotidianeidade, isto é, às normatizações do uso através da legitimidade dada pela forma da propriedade e gestão dos serviços prestados. Contudo, essas mesmas instituições, na medida em que \"absorvem\" os conflitos, encontram-se em uma crise de sua própria reprodução.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis A produção do lugar na periferia da metrópole paulistana The production of place in the periphery of city of São Paulo 2007-12-06Ana Fani Alessandri CarlosAmelia Luisa DamianiArlete Moyses RodriguesFabiana Valdoski RibeiroUniversidade de São PauloGeografia (Geografia Humana)USPBR Centralidade na periferia Centrality on the periphery Degradação Degradation Dominação/apropriação do espaço Instituições Institutions Normatização Regulation Segregação sócio-espacial Sociospatial segregation Spatial domination/appropriation Territorialização Territorialization Use Uso A problemática urbana sobre a qual nos debruçamos na presente pesquisa referese aos processos de degradação da vida dos habitantes da metrópole, não apenas material, mas, sobretudo, resultante do empobrecimento das possibilidades de apropriação dos lugares da cidade. Tal apropriação se reduz, dialeticamente, pelas estratégias de dominação do espaço, que impõem normas ao uso do espaço pelos habitantes como condição necessária a um espaço produto, condição e meio da acumulação capitalista. Todavia, a normatização da vida pelo regramento do uso do espaço não se realiza sem conflitos. A população urbana, nos momentos da vida cotidiana, transgride-a constantemente como meio de sobrevivência a uma cidade produzida sob a égide capitalista, que possui como centro a acumulação do capital, em detrimento da reprodução da vida. É nesta perspectiva de desvendar as estratégias de normatização do uso e as transgressões diante o processo de dominação do espaço que a pesquisa se insere, tratando de compreender a produção de um lugar na metrópole paulistana, que se apresenta contraditoriamente como um espaço de normatização e transgressão na medida em que se constituiu como uma centralidade na periferia. Esta reflexão se construiu a partir do conhecimento dos sujeitos que produziram o espaço da Favela Monte Azul - zona sul do município de São Paulo - destacando as ações de uma organização não governamental chamada Associação Comunidade Monte Azul, por entender seu papel de destaque na produção da singularidade desta favela diante as demais da metrópole. Para tanto, analisamos as bases de sua matriz discursiva, as estratégias e ações e, principalmente, as articulações entre os sujeitos existentes na favela por meio do processo de \"urbanização da favela\" e das atividades culturais - teatro. A hipótese orientadora da pesquisa fundamenta-se, portanto, na idéia de uma urbanização que aprofunda a degradação da vida, produzindo tensões e conflitos ainda mais violentos que podem impedir a reprodução das relações de produção, levantando \"barreiras\" ao processo de acumulação. Para não interromper o ciclo, uma das estratégias utilizadas é a dominação do espaço pela territorialização de instituições na periferia, que levam a cabo as normas elaboradas pela ordem distante (Estado/empresas privadas). Estas instituições, como as organizações não governamentais, tentam diluir as formas de organização e participação popular conforme introduzem a população às normas da cotidianeidade, isto é, às normatizações do uso através da legitimidade dada pela forma da propriedade e gestão dos serviços prestados. Contudo, essas mesmas instituições, na medida em que \"absorvem\" os conflitos, encontram-se em uma crise de sua própria reprodução. The urban problematic into which we delve in this research is concerned with the process of degradation of metropolitan life resulting from shrinking possibilities of place appropriation in the city. This appropriation is dialectically constrained by the strategies of spatial domination, which impose rules to people\'s use of space as a necessary prerequisite to a space that is means, condition and product of capital accumulation. Nevertheless, the regulation of life through the control of spatial uses does not occur without contradiction. In everyday life, people are often violating these rules as a means of surviving in a city produced under capital\'s command and organized to meet the requirements of capital accumulation, instead of those of the reproduction of life. This research is, therefore, carried out with the aim of uncovering the strategies of regulation of uses and the transgressions that arise in the face of spatial domination, attempting to understand the production of a specific place in the city of São Paulo. This place presents itself contradictorily as a space of regulations and a space of transgressions, so long as it has become a centrality on the periphery. We derived such considerations from an understanding of the subjects that have produced the space of Monte Azul slum (southern area of the city of São Paulo), focusing on the actions of a non-governmental organization named Associação Comunidade Monte Azul (ACMA), which we considered to have a significant role in shaping the uniqueness of this place compared to others. We examined, therefore, the foundations of ACMA\'s discursive matrix, its strategies, its actions and the articulation of the subjects through the process of \"slum urbanization\" and through cultural activities (theatre). The guiding hypothesis of our research rests upon the assumption of an urbanization that intensifies the degradation of life, inevitably creating tensions and sparking ever more violent social conflicts that could pose threats to the reproduction of relations of production and erect barriers to accumulation. One of the strategies pursued in order to defend accumulation is the domination of space through the territorialization of institutions in the urban periphery. These institutions, such as non-governmental organizations, impose the rules set out by the distant order (State/corporations) and try to discourage collective participation and organization, all the while introducing people to the rules of everydayness, that is, to the regulation of uses through the legitimacy conferred by the type of propriety and management of the services offered. These very same institutions, though, as long as they \"internalize\" conflicts, find themselves sunk in a crisis of reproduction. https://doi.org/10.11606/D.8.2007.tde-25022008-112914info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T20:06:03Zoai:teses.usp.br:tde-25022008-112914Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T13:16:12.465264Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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