Polêmicas discursivas na perspectiva bakhtiana: embates entre vozes de cientistas e outras vozes na arena do Roda Viva

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Veloso, Simone Ribeiro de Ávila
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-15052012-140555/
Resumo: Parte integrante do projeto chamado Divulgação científica: linguagem, esferas e gêneros vinculado à linha de pesquisa Estudos do Discurso em Língua Portuguesa do Programa de Filologia e Língua Portuguesa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, esta pesquisa tem por objetivo investigar as refrações discursivas presentes em um corpus formado por edições do programa de entrevistas denominado Roda Viva, produzido e veiculado, desde setembro de 1986, pela TV Cultura, emissora pública paulista. Entendemos por refrações discursivas os fenômenos caracterizados pelas polêmicas aberta e velada, bem como réplicas dialógicas dos telespectadores. Defendemos a tese de que os discursos oficiais são predominantemente refratados por meio da polêmica velada com tons de polêmica aberta tendo em vista a esfera de especialização do entrevistado no contexto do gênero de entrevistas Roda Viva. Nossa contribuição a esse projeto configura-se na análise diacrônica de edições realizadas com entrevistados cientistas e acadêmicos no período compreendido pelas décadas de 80, 90 e 2000, mais precisamente, desde o início das transmissões até maio de 2009. Dessa forma, a partir de um total de 160 edições, distribuídas em seis áreas científicas, selecionamos um corpus de 6, por meio do qual ressaltamos as recorrências que evidenciam cientificamente os fenômenos mencionados. Por outro lado, nosso percurso investigativo prevê analisá-los tendo em vista a noção bakhtiniana de gênero discursivo. Tal orientação exige uma abordagem de estudo que considere cada edição como um enunciado concreto. Em outras palavras, interessa-nos observar as três dimensões, necessariamente imbricadas, que possibilitam uma análise da concretude de cada edição: o horizonte social amplo, o gênero discursivo propriamente dito e as formas da língua. Assim, optamos por um estudo qualitativo de três edições representativas de cada uma das décadas citadas, o que implica considerá-las a partir de um viés sociológico, que compreende as esferas de produção, circulação e recepção de cada enunciado, bem como, um viés dialógico que observa as contraposições discursivas em uma relação espacio-temporal que ultrapassa os limites do diálogo face-a-face. Além dessas três edições, consideramos ainda um corpus de outras três com vistas a uma análise dos fenômenos discursivos recorrentes. Os resultados sinalizam a instauração de polêmicas entre os discursos de entrevistados e discursos de supradestinatários como o poder público instituído em cada uma das três décadas. Em relação às réplicas dialógicas, identificamos, na edição dos anos 80, uma clara dicotomia entre dois posicionamentos axiológicos: conservador, afinado ao regime de exceção, por um lado e de outro, contestador, alinhado ao discurso de esquerda. Já em relação às demais décadas, observamos que tais posicionamentos se arrefecem, concentrando-se em temas que circulam mais frequentemente na esfera da ideologia do cotidiano.
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Entendemos por refrações discursivas os fenômenos caracterizados pelas polêmicas aberta e velada, bem como réplicas dialógicas dos telespectadores. Defendemos a tese de que os discursos oficiais são predominantemente refratados por meio da polêmica velada com tons de polêmica aberta tendo em vista a esfera de especialização do entrevistado no contexto do gênero de entrevistas Roda Viva. Nossa contribuição a esse projeto configura-se na análise diacrônica de edições realizadas com entrevistados cientistas e acadêmicos no período compreendido pelas décadas de 80, 90 e 2000, mais precisamente, desde o início das transmissões até maio de 2009. Dessa forma, a partir de um total de 160 edições, distribuídas em seis áreas científicas, selecionamos um corpus de 6, por meio do qual ressaltamos as recorrências que evidenciam cientificamente os fenômenos mencionados. Por outro lado, nosso percurso investigativo prevê analisá-los tendo em vista a noção bakhtiniana de gênero discursivo. Tal orientação exige uma abordagem de estudo que considere cada edição como um enunciado concreto. Em outras palavras, interessa-nos observar as três dimensões, necessariamente imbricadas, que possibilitam uma análise da concretude de cada edição: o horizonte social amplo, o gênero discursivo propriamente dito e as formas da língua. Assim, optamos por um estudo qualitativo de três edições representativas de cada uma das décadas citadas, o que implica considerá-las a partir de um viés sociológico, que compreende as esferas de produção, circulação e recepção de cada enunciado, bem como, um viés dialógico que observa as contraposições discursivas em uma relação espacio-temporal que ultrapassa os limites do diálogo face-a-face. Além dessas três edições, consideramos ainda um corpus de outras três com vistas a uma análise dos fenômenos discursivos recorrentes. Os resultados sinalizam a instauração de polêmicas entre os discursos de entrevistados e discursos de supradestinatários como o poder público instituído em cada uma das três décadas. Em relação às réplicas dialógicas, identificamos, na edição dos anos 80, uma clara dicotomia entre dois posicionamentos axiológicos: conservador, afinado ao regime de exceção, por um lado e de outro, contestador, alinhado ao discurso de esquerda. Já em relação às demais décadas, observamos que tais posicionamentos se arrefecem, concentrando-se em temas que circulam mais frequentemente na esfera da ideologia do cotidiano.Part of the project called Scientific Vulgarization: languages, spheres and genres linked to the research line studies of speech of Portuguese, of the program of Philosophy and Portuguese of Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas of USP, this research aims to investigate the discursive refractions present in a corpus constituted by the editions of a program called Roda Viva, produced and released since September 1986, by TV Cultura, a public broadcaster. By discursive refractions, we refer to the phenomenon characterized by open and covert polemics, as well as replicas of viewers. We defend the thesis that the official discourses are predominantly refracted through the controversy veiled with shades of open polemic, in view of the sphere of expertise of the interviewee. Our contributions to this project set in the diachronic analyses of editions held with scientists and academics in the period between the 1980, 1990 e 2000. More precisely from the start of transmissions to May 2009. Thus, from a total of 160 editions, distributed in six scientific fields, we selected a corpus of six through which we highlight the scientific phenomenon mentioned. On the other hand, our route provides investigative analysis in view of the Bakhtinian notion of speech genre. Such a perspective requires an approach that considers each edition like a concrete utterance. In others words, we are interested in observing the three dimensions necessarily intertwined that enable an analysis of concreteness of each edition: the wider social horizon, the genre of discourse and the forms of languages. So we chose a qualitative study of three editions representing each decade cited, which implies considering them from a sociological view which holds spheres of production, circulation and reception of each utterance, as well as a dialogical perspective that note the positions in a discursive space-time relationship that goes beyond the limits of dialogue face to face. In addition to these three issues we consider a corpus of three other for the purpose of a discursive analysis of the recurring phenomenon. The results indicate the establishment of polemics between the interviews discourses and destinatary speeches as the government set up in each decade. In relation to the dialogical replicas, we identified in the edition of year 1980, a clear dichotomy between two axiological positions: tight, aligned with the regime, on one hand and, on the other, objectors speech left aligned. As for de other decades, we observe that such placements are distant, focusing on themes that circulate more often in the spheres of the every day ideology.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPGrillo, Sheila Vieira de CamargoVeloso, Simone Ribeiro de Ávila2011-12-08info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-15052012-140555/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:31Zoai:teses.usp.br:tde-15052012-140555Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:31Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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