Histórias de Ébano: professoras negras de educação infantil da cidade de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nunes, Míghian Danae Ferreira
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-04072012-125319/
Resumo: As indagações que orientam este trabalho tiveram início quando, observando o universo da Educação Infantil na Rede Municipal de São Paulo, não encontrei documentos suficientes que atestassem a presença das mulheres negras neste nível de ensino. A partir de uma investigação de campo em todas as trinta escolas municipais de Educação Infantil, em uma das treze diretorias de Educação da cidade, localizada em região considerada periférica, tive contato com estas mulheres, que se declararam negras, classificadas racialmente através de questionários enviados às mesmas. Realizei entrevistas com oito delas, colhendo material para o registro de suas histórias de vida e trajetórias profissionais. Apresento as experiências sensíveis das mulheres negras entrevistadas, suas relações com o trabalho pedagógico, bem como suas percepções sobre o racismo, o sexismo e o conhecimento. A partir de suas falas, a compreensão compartilhada ao final desta pesquisa, afirma a importância do magistério para as mulheres negras na atualidade, este sendo mais um lugar possível de atuação para as mesmas, naturalmente vinculadas a trabalhos vistos como inferiores na escala de prestigio social, a saber, empregadas domésticas ou lavadeiras. Esta pesquisa assinala a importância de, apesar de o racismo colaborar para o confinamento de mulheres negras em posições consideradas como subalternas em nossa sociedade, tornar-se professora de crianças pequenas, guarda outros significados, possíveis de serem entendidos somente quando mulheres negras falam sobre suas próprias vidas. Este trabalho ousa reivindicar o poder ainda presente nesta profissão, para a população negra de baixa renda, sendo este um modo possível de dar sentido à vida destas mulheres que, a despeito da falta de oportunidades, seguem sobrevivendo e negociando como podem sua existência.
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