Hipotermia no pós-operatório de cirurgias de grande porte em pacientes admitidos nas unidades de terapia intensiva do Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sabbag, Itajiba Paternosti
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5178/tde-23082021-104655/
Resumo: Justificativa e Objetivos: a hipotermia é evento comum e acomete em mais da metade dos pacientes submetidos aos procedimentos cirúrgicos, podendo acarretar complicações relevantes no pós-operatório. Portanto, o objeto do estudo é definir o perfil e a incidência, assim como possíveis repercussões da hipotermia nos pacientes submetidos às cirurgias de grande porte que são admitidos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em uma coorte de hospitais no Brasil. Métodos: estudo prospectivo, observacional, multicêntrico de amostra representativa nacional. Todos os pacientes acima de 18 anos cirúrgicos não cardíacos admitidos nas (UTIs foram avaliados no período de 1 mês. Foram reportadas as temperaturas mais baixas no período de 24 horas após as cirurgias. Foi aferida a temperatura corporal axilar/timpânica/oral/esofágica dos pacientes na chegada da UTI. Baseados nestes valores, os pacientes foram divididos em três grupos: com temperatura < 36 ºC, com temperatura < 35 ºC e não hipotérmicos-com temperatura >= 36 ºC. Em todos grupos foram avaliados o perfil dos pacientes quanto aos dados demográficos, dados do intraoperatório, dados clínicos e complicações pós-operatórias. Ao final foram testadas possíveis variáveis relacionadas ao risco independentemente de hipotermia (temperatura < 35 ºC). Para verificar se hipotermia é forte fator de complicações pós-operatória uma curva ajustada de Kaplan Meier segundo regressão de Cox foi desenvolvida. Resultados: foram selecionados aleatoriamente 30 hospitais que forneceram dados de 25.500 pacientes, dos quais 904 foram encaminhados à UTI, no entanto somente 738 pacientes tiveram sua temperatura aferida quando chegaram na UTI. Dos pacientes envolvidos 48,2% eram de hospitais privados e 51,7% públicos, 59,6% da região Sudeste, 26,6% Sul, 9,3% Centro-oeste, 4,4% norte e nordeste. A taxa de pacientes com temperatura < 36 ºC foi de 64% (IC 95% = 58,3-70,0) e com temperatura < 35 ºC, mediana 34,7 (34,3-34,9), foi 19,1% (IC 95% = 16,1-22,5). As taxas de complicações pós-cirúrgicas foram da ordem de 38,9%. Pacientes com hipotermia eram mais idosos, de cirurgias abdominais com maior duração e com mais comorbidades. Pacientes que apresentaram hipotermia no pós-operatório apresentaram independentemente risco elevado de complicações HR = 1,523 (IC 95% = 1,15-2,0), principalmente coagulação e infecção. Conclusões: hipotermia inadvertida em pacientes no pós-operatório na UTI é comum e mais provável após cirurgia abdominal, com tempo de duração elevado, em idosos e com maiores comorbidades. A temperatura baixa no pós-operatório está associada a complicações hospitalares. Portanto, a equipe cirúrgica deve permanecer vigilante no aquecimento dos pacientes e na minimização da perda de calor durante e após a cirurgia.
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Métodos: estudo prospectivo, observacional, multicêntrico de amostra representativa nacional. Todos os pacientes acima de 18 anos cirúrgicos não cardíacos admitidos nas (UTIs foram avaliados no período de 1 mês. Foram reportadas as temperaturas mais baixas no período de 24 horas após as cirurgias. Foi aferida a temperatura corporal axilar/timpânica/oral/esofágica dos pacientes na chegada da UTI. Baseados nestes valores, os pacientes foram divididos em três grupos: com temperatura < 36 ºC, com temperatura < 35 ºC e não hipotérmicos-com temperatura >= 36 ºC. Em todos grupos foram avaliados o perfil dos pacientes quanto aos dados demográficos, dados do intraoperatório, dados clínicos e complicações pós-operatórias. Ao final foram testadas possíveis variáveis relacionadas ao risco independentemente de hipotermia (temperatura < 35 ºC). Para verificar se hipotermia é forte fator de complicações pós-operatória uma curva ajustada de Kaplan Meier segundo regressão de Cox foi desenvolvida. Resultados: foram selecionados aleatoriamente 30 hospitais que forneceram dados de 25.500 pacientes, dos quais 904 foram encaminhados à UTI, no entanto somente 738 pacientes tiveram sua temperatura aferida quando chegaram na UTI. Dos pacientes envolvidos 48,2% eram de hospitais privados e 51,7% públicos, 59,6% da região Sudeste, 26,6% Sul, 9,3% Centro-oeste, 4,4% norte e nordeste. A taxa de pacientes com temperatura < 36 ºC foi de 64% (IC 95% = 58,3-70,0) e com temperatura < 35 ºC, mediana 34,7 (34,3-34,9), foi 19,1% (IC 95% = 16,1-22,5). As taxas de complicações pós-cirúrgicas foram da ordem de 38,9%. Pacientes com hipotermia eram mais idosos, de cirurgias abdominais com maior duração e com mais comorbidades. Pacientes que apresentaram hipotermia no pós-operatório apresentaram independentemente risco elevado de complicações HR = 1,523 (IC 95% = 1,15-2,0), principalmente coagulação e infecção. Conclusões: hipotermia inadvertida em pacientes no pós-operatório na UTI é comum e mais provável após cirurgia abdominal, com tempo de duração elevado, em idosos e com maiores comorbidades. A temperatura baixa no pós-operatório está associada a complicações hospitalares. Portanto, a equipe cirúrgica deve permanecer vigilante no aquecimento dos pacientes e na minimização da perda de calor durante e após a cirurgia.Background and objectives: hypothermia is a common event and affects more than half of the patients submitted to surgical procedures, which can cause relevant complications in the postoperative period. Therefore, the object of the study is to define the profile and incidence, as well as possible repercussions of hypothermia in patients undergoing major surgery who are admitted to the ICU in a cohort of hospitals in Brazil. Methods: prospective, observational, multicenter study of a representative national sample. All patients over 18 years of non-cardiac surgery admitted to the intensive care unit (ICU) were evaluated within 1 month. The lowest temperatures were reported within 24 hours after surgery. The patient\'s body temperature was measured on arrival at the ICU. Based on these values, the patients were divided into three groups: temperature < 36 ºC, temperature < 35 ºC and non-hypothermic-temperature >= 36 ºC. In all groups, patients\' profiles were obtained regarding demographic data, intraoperative data, clinical data and postoperative complications. At the end, possible risk-related variables were tested regardless of hypothermia (temperature <35 ºC). To verify if hypothermia is a strong factor of postoperative complications, an adjusted Kaplan Meier curve according to Cox regression was developed. Results: 30 hospitals were randomly selected, providing data on 25,500 patients, of which 904 were referred to the ICU, however, only 738 patients had their temperature measured when they arrived at the ICU. Of the patients involved, 48.2% were from private hospitals and 51.7% were public, 59.6% from the Southeast, 26.6% South, 9.3% Midwest, 4.4% North and Northeast. The rate of patients with temperature <36 ºC was 64% (95% CI = 58.3-70.0) and with temperature <35 ºC, median 34.7 (34.3-34.9), was 19, 1% (95% CI = 16.1-22.5). The rates of post-surgical complications were 38.9%. Patients with hypothermia were older, with abdominal surgery of longer duration and with more comorbidities. Patients who hypothermia hypothermia in the postoperative unnoticed independently increased risk of complications HR = 1,523 (95% CI = 1.15-2.0), mainly coagulation and infection. Conclusions: Inadvertent hypothermia in postoperative patients in the ICU is common and likely after abdominal surgery, with a long duration, in elderly people with greater comorbidities. Lower temperature in the postoperative period is associated with hospital complications. Therefore, clinicians must remain vigilant in warming the patient and minimizing heat loss during and after surgery.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSilva Junior, João Manoel daSabbag, Itajiba Paternosti2020-12-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5178/tde-23082021-104655/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-23T13:33:02Zoai:teses.usp.br:tde-23082021-104655Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-23T13:33:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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