Biocombustíveis, controvérsia agrícola na economia do petróleo: o caso do etanol no Cerrado
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2009 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/90/90131/tde-22112011-143437/ |
Resumo: | No controverso debate em torno dos bicombustíveis, o setor canavieiro, instituições governamental e boa parte de pesquisadores tem defendido uma suposta imunidade brasileira quanto aos problemas decorrentes da competição entre energia e alimentos, e daquela com a preservação dos ecossistemas. O argumento reside no fato de existir uma extraordinária abundância, sem comprometer nem a segurança alimentar, tampouco a integridade dos ecossistemas. É preciso reconhecer as virtudes da cana-de-açúcar no país, cujas vantagens no balanço energético, capacidade de produção, viabilidade econômica e desenvolvimento de tecnologia doméstica não encontra paralelo. Outras vantagens são mais contestáveis: se de fato a cana-de-açúcar ocupa apenas 1% do território nacional, esse percentual é nada menos do 10% das terras agrícolas efetivamente arroteadas, e em São Paulo, 85% das mais caras. A produção de alimentos tradicionais tem, no Brasil, decrescido sistematicamente, enquanto as energéticas crescem. O presente estudo, realizado no sudoeste de Goiás, importante região produtora de grãos, constatou, através de entrevistas a atores locais e imagens de satélite, que no último 1,5 anos, dos 62.420 hectares convertidos, 63% ocorreram sobre agricultura de grãos, 33% sobre pastagens e 5% sobre vegetação nativa do cerrado. Fertilidade do solo, distância e infraestrutura de rodagem que dá acesso às usinas, topografia plana, expectativas de rendimento das glebas e sucesso em negociações com proprietários locais são os principais motivadores da escolha das glebas a serem arroteados. Os impactos locais no mosaico rural são claramente notórios pela competição da cana-de-açúcar com a soja, que é parcialmente deslocada para terras marginais ou migra para regiões da Amazônia Legal. Outra mudança no uso da terra provocada diretamente pela expansão da cana é o desmatamento de cerrados, especialmente quando contíguos a pastagens. A substituição de pastagens, por sua vez, reverberou-se na migração de cerca de 65 mil cabeças de gado para Amazônia Legal e Pantanal. Esses resultados refrutam a idéia de que a o etanol não compete com alimentos ou causa supressões nos ecossistemas frágeis, ao menos regionalmente. |
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