As mulheres negras e seus rebentos: como se fazer aldeia em meio ao cimento? Estratégias de mulheres-mães negras enquanto produção de saúde na pandemia por COVID-19
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-09092024-092524/ |
Resumo: | Mesclando memórias, histórias, dados e questionamentos, a escrita se dá em primeira pessoa dialogando com a proposta de escrevivência. Coloco-me como contadora, saindo do lugar da \"outra\" e me narrando, me escrevendo e inscrevendo e sendo sujeita da minha própria história. Desvelo aspectos individuais que dialogam com a coletividade entendendo a vida enquanto produtora de conhecimento. Uma escrita política que provoca a visibilização de novas narrativas para além do lugar que a hegemonia do poder branco, masculino e elitista insiste em colocar o povo negro (principalmente as mulheres) ao tempo em que se propõe como ser universal. Logo, desde a escrita até o trabalho de campo busco construir e visibilizar novas narrativas. Interseccionando as opressões de raça (intimamente ligadas às de classe) e gênero a partir, principalmente, das ideias de mulheres negras, histórias, dados e pensamentos são compartilhados a respeito de como essas opressões afetam a negritude nos mais diversos âmbitos de suas vidas: educação, empregabilidade, cultura e saúde desde o nascer até o morrer. A pandemia de COVID-19 foi capaz de negritar e acentuar as violações que já existiam, trazendo ainda mais dificuldade para o povo negro, principalmente para as mulheres-mães (serão chamadas assim para negritar que antes da função de maternidade são mulheres, pessoas) negras que vivenciam diariamente as opressões advindas das desigualdades de gênero e do racismo vivendo em seus corpos a necessidade de cuidar (quase sempre sozinhas), ainda que as políticas públicas pouco se atenham à elas enquanto sujeitas, para além do maternar. Fazendo uso da pesquisa ativista feminista negra, bem como de rodas de conversa e cartas-afetivas/áudios-afetivos, a pesquisa traz as histórias, trajetórias e reflexões de seis mulheres-mães negras militantes e as estratégias de produções de saúde conduzidas por elas em meio à pandemia por COVID-19, focando especialmente nos saberes e práticas ainda não hegemônicos na universidade pública brasileira. É possível concluir que, apesar de todas as adversidades e iniquidades impostas, mulheres-mães negras continuam existindo, resistindo, criando redes e inventando possibilidades para além das institucionalidades. Foram figuras centrais durante a pandemia e que reinventaram formas de cuidar de suas comunidades, dos seus e de si mesmas pautadas, quase sempre, em um resgate de práticas tradicionais, deslocando a retina da produção de saúde como sinônimo de bem-estar e se aproximando do conceito de bem viver. |
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As mulheres negras e seus rebentos: como se fazer aldeia em meio ao cimento? Estratégias de mulheres-mães negras enquanto produção de saúde na pandemia por COVID-19Black women and their offspring : how to create a village in the middle of cement? Strategies of women-mothers as health production amid the COVID-19 pandemicBem ViverBlack Women-MothersHealth ProductionMulheres-Mães NegrasPandemiaPandemicProdução de SaúdeWell BeingMesclando memórias, histórias, dados e questionamentos, a escrita se dá em primeira pessoa dialogando com a proposta de escrevivência. Coloco-me como contadora, saindo do lugar da \"outra\" e me narrando, me escrevendo e inscrevendo e sendo sujeita da minha própria história. Desvelo aspectos individuais que dialogam com a coletividade entendendo a vida enquanto produtora de conhecimento. Uma escrita política que provoca a visibilização de novas narrativas para além do lugar que a hegemonia do poder branco, masculino e elitista insiste em colocar o povo negro (principalmente as mulheres) ao tempo em que se propõe como ser universal. Logo, desde a escrita até o trabalho de campo busco construir e visibilizar novas narrativas. Interseccionando as opressões de raça (intimamente ligadas às de classe) e gênero a partir, principalmente, das ideias de mulheres negras, histórias, dados e pensamentos são compartilhados a respeito de como essas opressões afetam a negritude nos mais diversos âmbitos de suas vidas: educação, empregabilidade, cultura e saúde desde o nascer até o morrer. A pandemia de COVID-19 foi capaz de negritar e acentuar as violações que já existiam, trazendo ainda mais dificuldade para o povo negro, principalmente para as mulheres-mães (serão chamadas assim para negritar que antes da função de maternidade são mulheres, pessoas) negras que vivenciam diariamente as opressões advindas das desigualdades de gênero e do racismo vivendo em seus corpos a necessidade de cuidar (quase sempre sozinhas), ainda que as políticas públicas pouco se atenham à elas enquanto sujeitas, para além do maternar. Fazendo uso da pesquisa ativista feminista negra, bem como de rodas de conversa e cartas-afetivas/áudios-afetivos, a pesquisa traz as histórias, trajetórias e reflexões de seis mulheres-mães negras militantes e as estratégias de produções de saúde conduzidas por elas em meio à pandemia por COVID-19, focando especialmente nos saberes e práticas ainda não hegemônicos na universidade pública brasileira. É possível concluir que, apesar de todas as adversidades e iniquidades impostas, mulheres-mães negras continuam existindo, resistindo, criando redes e inventando possibilidades para além das institucionalidades. Foram figuras centrais durante a pandemia e que reinventaram formas de cuidar de suas comunidades, dos seus e de si mesmas pautadas, quase sempre, em um resgate de práticas tradicionais, deslocando a retina da produção de saúde como sinônimo de bem-estar e se aproximando do conceito de bem viver.Merging memories, stories, data and questions, the writing takes place in the first person to dialogue with the proposal of escrevivência. I place myself as a storyteller, leaving the place of the \"other\" and narrating, writing and inscribing myself and, being the subject of my own story. Understanding life as a producer of knowledge, I reveal individual aspects that dialogue with the collectivity. This political writing provokes the visibility of new narratives instead of surrendering to the places imposed by the hegemony of white, male and elitist power that insists on proposing itself as a universal being. Therefore, from writing to fieldwork, I seek to build and make new narratives visible. Intersecting the oppressions of race (intimately linked to class) and gender, based mainly on the ideas of black women, stories, data and thoughts are shared about how these oppressions affect blackness in the most diverse areas of their lives: education, employability, culture and health from birth to death. The COVID-19 pandemic was able to bold and accentuate the violations that already existed, bringing even more difficulty to black people; especially for women-mothers ( they will be called that to emphasize that before the role of motherhood they are women, people) black who daily experience the oppressions arising from gender inequalities and racism, living in their bodies the need to care (almost always alone) although public policies pay little attention to them as subjects, beyond the maternity. Inspired by black feminist activist research, as well as conversation circles and affective letters/affective-audios, the research brings the stories, trajectories and reflections of six militant black women-mothers and the health production strategies conducted by them amid the COVID-19 pandemic, focusing especially on knowledge and practices that are not yet hegemonic in Brazilian public universities. It is possible to conclude that, despite all the adversities and inequities imposed, black women-mothers continue to exist, resisting, creating networks and inventing possibilities beyond institutionalities. They were central figures during the pandemic and who reinvented ways of caring for their communities, their loved ones and themselves, almost always based on a recovery of traditional practices, shifting the focus of health production as a synonym for well-being and moving closer to the concept of well being.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCarvalho, Yara Maria deSousa, Nataly de Oliveira2024-05-20info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-09092024-092524/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-09-09T12:32:02Zoai:teses.usp.br:tde-09092024-092524Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-09-09T12:32:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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