Ecologia Alimentar do gavião-do-rabo-branco Buteo albicaudatus (Falconiformes:Accipitridae) no município de Juiz de Fora, sudeste do estado de Minas Gerais.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Granzinolli, Marco Antonio Monteiro
Data de Publicação: 2003
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-18052004-220849/
Resumo: Este estudo apresenta dados sobre a ecologia alimentar do gavião-do-rabo-branco (Buteo albicaudatus albicaudatus) no município de Juiz de Fora, sudeste do estado de Minas Gerais. Os objetivos específicos foram: a) estudar quantitativamente a dieta do gavião-do-rabo-branco, incluindo número de presas e biomassa consumida; b) analisar possíveis padrões de sazonalidade na dieta; c) determinar a amplitude de nicho trófico do gavião-do-rabo-branco; d) verificar a existência de possíveis respostas numéricas e funcionais na dieta desse gavião e e) verificar estatisticamente as prévias proposições de oportunismo na escolha de presas por esse predador sugeridas por Stevenson & Meitzen (1946), Farquhar (1986) e Kopeny (1988). O material para estudo da dieta do B. albicaudatus consistiu de pelotas de regurgitação, coletado simultaneamente com os dados de abundância dos principais grupos de presas e do predador na área de estudo. As 259 amostras analisadas revelaram 31 espécies/morfoespécies e uma biomassa total estimada de 7196,5 g. Cinco ordens de insetos (Hymenoptera, Heteroptera, Odonata, Isoptera e Lepidoptera) e uma de vertebrado (Chiroptera) são descritas pela primeira vez como integrantes da dieta de B. albicaudatus. Numericamente, os invertebrados representaram 88% da dieta, sendo Acrididae responsável por 63% da dieta total. Dentre os vertebrados, os roedores foram o grupo mais consumido (73% da classe e 8% da dieta total). Analisando-se as presas em relação à biomassa, verificou-se uma brusca inversão na maioria das espécies/morfoespécies. Nesta abordagem, os vertebrados corresponderam a 77% da dieta. Os grupos mais representativos são: roedores (50%), ortópteros (21%), aves (11%), lagartos (7%) e serpentes (5%). A análise de sazonalidade na dieta mostrou uma evidente dependência de consumo quanto à estação climática, em mais da metade das categorias. Na estação seca verifica-se um maior consumo de Araneomorphae, outros artrópodes e mamíferos, enquanto na estação chuvosa, o maior consumo foi registrado para Acrididae e Coleoptera. Aves e répteis, apesar de não apresentarem uma dependência significativa em relação à sazonalidade, parecem ser utilizados como complemento ao consumo de mamíferos na estação chuvosa, no que tange a biomassa ingerida. Buteo albicaudatus pode ser classificado como insetívoro, em termos de número, ou como carnívoro, em termos de biomassa ingerida. A amplitude trófica da dieta mostrou-se de intermediária para baixa, variando de acordo com a abordagem adotada. Em termos gerais, quanto ao número e a biomassa, a dieta total mostrou que o gavião-do-rabo-branco é especialista. No entanto, a análise da biomassa referente a cada estação climática revelou que na estação chuvosa, a dieta é intermediária entre generalista e especialista (Bp itens=0,292; Bp grupos=0,485). Esses dados indicam que tanto o consumo de determinados itens alimentares quanto a amplitude de nicho trófico pode variar de acordo com a estação climática. Comparando-se a abundância do principal grupo de presa (pequenos mamíferos), em termos de biomassa, no ambiente e os registros de B. albicaudatus percebe-se que em nove dos doze meses há uma sincronia nas flutuações, caracterizando uma resposta numérica (rs=0,864; p<< 0,001). Resposta funcional foi registrada para a ordem Orthoptera (rs=0,762; p<0,01) e para a família Acrididae (rs=0,706; p<0,05). Com relação à seletividade de espécies de presas, observou-se que dos 12 gêneros de pequenos mamíferos capturados por armadilhas de interceptação e queda no ambiente, apenas cinco (Calomys, Akodon, Oligoryzomys, Oxymycterus e Gracilinanus) fazem parte da dieta de B. albicaudatus. Em relação a estes gêneros, o gavião-do-rabo-branco apresentou seletividade para Calomys tener e rejeição para Akodon spp apenas na estação seca. Os dados apresentados neste estudo sugerem que a abundância de pequenos mamíferos pode determinar o comportamento seletivo ou oportunismo de B. albicaudatus. No período de maior oferta de recurso há uma seletividade enquanto, no período de menor abundância de alimento, há um oportunismo por parte do predador. Este estudo revelou que o gavião-do-rabo-branco possui uma flexibilidade em sua dieta.
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Os objetivos específicos foram: a) estudar quantitativamente a dieta do gavião-do-rabo-branco, incluindo número de presas e biomassa consumida; b) analisar possíveis padrões de sazonalidade na dieta; c) determinar a amplitude de nicho trófico do gavião-do-rabo-branco; d) verificar a existência de possíveis respostas numéricas e funcionais na dieta desse gavião e e) verificar estatisticamente as prévias proposições de oportunismo na escolha de presas por esse predador sugeridas por Stevenson & Meitzen (1946), Farquhar (1986) e Kopeny (1988). O material para estudo da dieta do B. albicaudatus consistiu de pelotas de regurgitação, coletado simultaneamente com os dados de abundância dos principais grupos de presas e do predador na área de estudo. As 259 amostras analisadas revelaram 31 espécies/morfoespécies e uma biomassa total estimada de 7196,5 g. Cinco ordens de insetos (Hymenoptera, Heteroptera, Odonata, Isoptera e Lepidoptera) e uma de vertebrado (Chiroptera) são descritas pela primeira vez como integrantes da dieta de B. albicaudatus. Numericamente, os invertebrados representaram 88% da dieta, sendo Acrididae responsável por 63% da dieta total. Dentre os vertebrados, os roedores foram o grupo mais consumido (73% da classe e 8% da dieta total). Analisando-se as presas em relação à biomassa, verificou-se uma brusca inversão na maioria das espécies/morfoespécies. Nesta abordagem, os vertebrados corresponderam a 77% da dieta. Os grupos mais representativos são: roedores (50%), ortópteros (21%), aves (11%), lagartos (7%) e serpentes (5%). A análise de sazonalidade na dieta mostrou uma evidente dependência de consumo quanto à estação climática, em mais da metade das categorias. Na estação seca verifica-se um maior consumo de Araneomorphae, outros artrópodes e mamíferos, enquanto na estação chuvosa, o maior consumo foi registrado para Acrididae e Coleoptera. Aves e répteis, apesar de não apresentarem uma dependência significativa em relação à sazonalidade, parecem ser utilizados como complemento ao consumo de mamíferos na estação chuvosa, no que tange a biomassa ingerida. Buteo albicaudatus pode ser classificado como insetívoro, em termos de número, ou como carnívoro, em termos de biomassa ingerida. A amplitude trófica da dieta mostrou-se de intermediária para baixa, variando de acordo com a abordagem adotada. Em termos gerais, quanto ao número e a biomassa, a dieta total mostrou que o gavião-do-rabo-branco é especialista. No entanto, a análise da biomassa referente a cada estação climática revelou que na estação chuvosa, a dieta é intermediária entre generalista e especialista (Bp itens=0,292; Bp grupos=0,485). Esses dados indicam que tanto o consumo de determinados itens alimentares quanto a amplitude de nicho trófico pode variar de acordo com a estação climática. Comparando-se a abundância do principal grupo de presa (pequenos mamíferos), em termos de biomassa, no ambiente e os registros de B. albicaudatus percebe-se que em nove dos doze meses há uma sincronia nas flutuações, caracterizando uma resposta numérica (rs=0,864; p<< 0,001). Resposta funcional foi registrada para a ordem Orthoptera (rs=0,762; p<0,01) e para a família Acrididae (rs=0,706; p<0,05). Com relação à seletividade de espécies de presas, observou-se que dos 12 gêneros de pequenos mamíferos capturados por armadilhas de interceptação e queda no ambiente, apenas cinco (Calomys, Akodon, Oligoryzomys, Oxymycterus e Gracilinanus) fazem parte da dieta de B. albicaudatus. Em relação a estes gêneros, o gavião-do-rabo-branco apresentou seletividade para Calomys tener e rejeição para Akodon spp apenas na estação seca. Os dados apresentados neste estudo sugerem que a abundância de pequenos mamíferos pode determinar o comportamento seletivo ou oportunismo de B. albicaudatus. No período de maior oferta de recurso há uma seletividade enquanto, no período de menor abundância de alimento, há um oportunismo por parte do predador. Este estudo revelou que o gavião-do-rabo-branco possui uma flexibilidade em sua dieta.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMotta Junior, Jose CarlosGranzinolli, Marco Antonio Monteiro2003-09-16info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-18052004-220849/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:49Zoai:teses.usp.br:tde-18052004-220849Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:49Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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