Confidencialidade médica: visão do profissional médico nas diferentes fases da formação profissional
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5169/tde-27082024-145634/ |
Resumo: | Introdução: A relação médico-paciente é alicerçada em confiança mútua. As informações obtidas durante a consulta médica devem ser mantidas em sigilo, de acordo com os preceitos éticos e legais. No entanto, em algumas circunstâncias específicas, o sigilo pode ser quebrado sem constituir uma violação ética ou legal; pelo contrário, em tais situações, o seu rompimento é obrigatório. Durante a prática clínica diária, o médico frequentemente se depara com situações que exigem decisões sobre manter ou revelar informações obtidas de forma confidencial, o que pode gerar dúvidas e conflitos. É crucial que os estudantes de medicina sejam preparados durante a graduação quanto às normas deontológicas e legais relacionadas a esse tema. Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar o grau de conhecimento tanto de estudantes de medicina quanto de profissionais em exercício na tomada de decisões diante de casos clínicos fictícios que envolvem o rompimento do sigilo médico. Método: Trata-se de pesquisa transversal, descritiva e com abordagem quantitativa. Foi enviado termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) aos participantes, e com o aceite eles responderam a um questionário autoaplicável. O questionário foi elaborado de forma semiestruturada e disponibilizado em uma plataforma online (Google Forms), dividido em duas partes distintas. A primeira parte do questionário incluiu questões sociodemográficas e relacionadas à fase de formação profissional dos participantes. A segunda parte consistiu em dez casos clínicos hipotéticos, nos quais os participantes deveriam decidir se a quebra do sigilo médico deveria ser realizada ou não. Para análise dos dados, foi utilizado o programa estatístico STATA versão 16.0. As variáveis qualitativas foram apresentadas em números absolutos (n) e percentuais (%), enquanto as variáveis quantitativas foram descritas com média, mínimo e máximo. A relação entre características sociodemográficas e a formação dos participantes foi avaliada utilizando o teste do qui-quadrado. Todas as análises foram conduzidas com um nível de confiança de 95%. Resultados: Após a aplicação dos formulários e aceite do TCLE, foram obtidas 105 respostas aos questionários. Aplicando-se os critérios de exclusão propostos, foram retirados 18 participantes, sendo considerados para a análise estatística do presente estudo 87 participantes. Destes, 18 são alunos da graduação em Medicina e 69 são médicos formados. Não foi observada significância estatística ao associar as diferentes fases de formação profissional com as variáveis estudadas na presente amostra. Discussão: Os resultados revelaram desconhecimento tanto dos estudantes quanto dos médicos sobre os determinantes éticos e legais que regulam a quebra de sigilo. Também foi possível observar que, em alguns cenários, as decisões foram influenciadas por valores pessoais em detrimento das normas profissionais, assim como a dificuldade dos participantes em compreender que a quebra de sigilo não implica na denúncia do paciente à polícia, desconsiderando outras possibilidades que não infringem a lei. A falta de conhecimento e a adoção de medidas inadvertidas podem trazer graves consequências para os médicos nas esferas penal, civil e ético-administrativa. Conclusão: O ensino da deontologia médica deve ser realizado ao longo dos seis anos de formação médica durante a graduação |
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Confidencialidade médica: visão do profissional médico nas diferentes fases da formação profissionalMedical confidentiality: view of the medical professional in the different phases of professional trainingBioethicsBioéticaCodes of EthicsCódigos de ÉticaConfidencialidadeConfidentialityEthical TheoryEthics MedicalÉtica Baseada em PrincípiosÉtica MédicaPrinciple-Based EthicsTeoria ÉticaIntrodução: A relação médico-paciente é alicerçada em confiança mútua. As informações obtidas durante a consulta médica devem ser mantidas em sigilo, de acordo com os preceitos éticos e legais. No entanto, em algumas circunstâncias específicas, o sigilo pode ser quebrado sem constituir uma violação ética ou legal; pelo contrário, em tais situações, o seu rompimento é obrigatório. Durante a prática clínica diária, o médico frequentemente se depara com situações que exigem decisões sobre manter ou revelar informações obtidas de forma confidencial, o que pode gerar dúvidas e conflitos. É crucial que os estudantes de medicina sejam preparados durante a graduação quanto às normas deontológicas e legais relacionadas a esse tema. Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar o grau de conhecimento tanto de estudantes de medicina quanto de profissionais em exercício na tomada de decisões diante de casos clínicos fictícios que envolvem o rompimento do sigilo médico. Método: Trata-se de pesquisa transversal, descritiva e com abordagem quantitativa. Foi enviado termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) aos participantes, e com o aceite eles responderam a um questionário autoaplicável. O questionário foi elaborado de forma semiestruturada e disponibilizado em uma plataforma online (Google Forms), dividido em duas partes distintas. A primeira parte do questionário incluiu questões sociodemográficas e relacionadas à fase de formação profissional dos participantes. A segunda parte consistiu em dez casos clínicos hipotéticos, nos quais os participantes deveriam decidir se a quebra do sigilo médico deveria ser realizada ou não. Para análise dos dados, foi utilizado o programa estatístico STATA versão 16.0. As variáveis qualitativas foram apresentadas em números absolutos (n) e percentuais (%), enquanto as variáveis quantitativas foram descritas com média, mínimo e máximo. A relação entre características sociodemográficas e a formação dos participantes foi avaliada utilizando o teste do qui-quadrado. Todas as análises foram conduzidas com um nível de confiança de 95%. Resultados: Após a aplicação dos formulários e aceite do TCLE, foram obtidas 105 respostas aos questionários. Aplicando-se os critérios de exclusão propostos, foram retirados 18 participantes, sendo considerados para a análise estatística do presente estudo 87 participantes. Destes, 18 são alunos da graduação em Medicina e 69 são médicos formados. Não foi observada significância estatística ao associar as diferentes fases de formação profissional com as variáveis estudadas na presente amostra. Discussão: Os resultados revelaram desconhecimento tanto dos estudantes quanto dos médicos sobre os determinantes éticos e legais que regulam a quebra de sigilo. Também foi possível observar que, em alguns cenários, as decisões foram influenciadas por valores pessoais em detrimento das normas profissionais, assim como a dificuldade dos participantes em compreender que a quebra de sigilo não implica na denúncia do paciente à polícia, desconsiderando outras possibilidades que não infringem a lei. A falta de conhecimento e a adoção de medidas inadvertidas podem trazer graves consequências para os médicos nas esferas penal, civil e ético-administrativa. Conclusão: O ensino da deontologia médica deve ser realizado ao longo dos seis anos de formação médica durante a graduaçãoIntroduction: The doctor-patient relationship is built on mutual trust. The information obtained during medical consultations must be kept confidential in accordance with ethical and legal precepts. However, under certain specific circumstances, confidentiality can be breached without constituting an ethical or legal violation; on the contrary, in such situations, its breach is mandatory. In daily clinical practice, doctors often face situations that require decisions about whether to maintain or disclose confidential information, which can generate doubts and conflicts. It is crucial that medical students are prepared during their undergraduate studies regarding the deontological and legal norms related to this topic. Objectives: This study aimed to evaluate the level of knowledge of both medical students and practicing professionals in decision-making when faced with fictitious clinical cases involving the breach of medical confidentiality. This study aims to evaluate the extent to which medical students and medical professionals understand this delicate situation in the face of fictitious, but frequent, scenarios during their professional lives, according to their training stage and sociodemographic characteristics. Method: This is a cross-sectional, descriptive study with a quantitative approach. An informed consent form (ICF) was sent to participants, and upon acceptance, they completed a self-administered questionnaire. The questionnaire was semi-structured and made available on an online platform (Google Forms), divided into two distinct parts. The first part of the questionnaire included sociodemographic questions and those related to the participants stage of professional training. The second part consisted of ten hypothetical clinical cases in which participants had to decide whether to breach medical confidentiality. For data analysis, the statistical program STATA version 16.0 was used. Qualitative variables were presented in absolute numbers (n) and percentages (%), while quantitative variables were described with mean, minimum, and maximum values. The relationship between sociodemographic characteristics and the participants\' training was assessed using the chi-square test. All analyses were conducted with a 95% confidence level. Results: A total of 105 questionnaires were completed. Applying the defined exclusion criteria, 18 participants were removed, resulting in 87 questionnaires considered for statistical analysis in this study. Of these, 18 were completed by undergraduate medical students and 69 by graduated doctors. No statistical significance was found when associating different stages of professional training with the variables studied in this sample. Discussion: The results revealed a lack of knowledge among both students and doctors regarding the ethical and legal determinants governing the breach of confidentiality. It was also observed that, in some scenarios, decisions were influenced by personal values rather than professional norms, and participants struggled to understand that breaching confidentiality does not equate to reporting the patient to the police, overlooking other lawful alternatives. The lack of knowledge and the adoption of inadvertent measures can have serious consequences for doctors in the criminal, civil, and ethical-administrative spheres. Conclusion: The teaching of medical deontology should be carried out throughout the six years of medical education during the undergraduate courseBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMiziara, Ivan DiebFerro, Emilio Zuolo2024-05-28info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5169/tde-27082024-145634/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-09-06T17:01:02Zoai:teses.usp.br:tde-27082024-145634Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-09-06T17:01:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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