Afetos da branquitude na formação de professores: por uma ética decolonizante

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Campos, Daniela Silva Costa
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48138/tde-18072023-130701/
Resumo: A presente autoetnografia problematiza os afetos contraditórios da minha própria branquitude enquanto formadora de professores num campus universitário na região norte do Brasil. O campus de Porto Nacional/UFT situa-se como um potente locus de pesquisa uma vez que revela a crescente circulação/ocupação de corpos negros e indígenas em territórios donde antes predominavam corporeidades brancas, abalando a boa via que prevalesceu no mundo ocidental, em especial, desde o pós-guerra. Apoio-me, inicialmente, em autores como B. Espinosa, S. Freud e J. Lacan, autores que colaboram para situar o campo afetivo, imagético, corporal em sua potência de transformação psíquica e social. Entretanto, foram os autores decoloniais, em especial Frantz Fanon, e as narrativas/performances de corpos não-brancos que transportaram o meu próprio corpo, minhas próprias afetações para o centro dessa pesquisa, localizando o racismo no cerne dos modos de relacionalidade no mundo ocidental e auxiliando a situar a vida afetiva como uma instância a ser histórica e corporalmente situada. O escrutínio da minha branquitude é pautado na análise de cinco cenas nas quais interajo com demais atores que ocupam o referido campus, com base nos cinco mecanismos descritos por Paul Gilroy (2004; 2006): negação, reconhecimento, culpa, vergonha e reparação. Em contraposição às propostas que mantém a lógica de cerceamento dos afetos na direção dos interesses mercadológicos e individualistas, traduzida como competências socioemocionais, a ética decolonizante aqui proposta encontra-se atrelada ao apelo estético, à potência de corporeidades não-brancas, a uma Psicologia profundamente social. Tal possibilidade encontra-se ancorada à manutenção e/ou avanço de políticas públicas que garantam a entrada e a permanência de alunos, professores e colaboradores negros e indígenas nas Universidades.
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