O recolhimento dos meninos: por uma genealogia da ordem pedagógica brasileira.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Favacho, André Marcio Picanço
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-07102008-142332/
Resumo: É preciso ganhar e recolher os filhos dos gentios, diz uma máxima jesuítica. Isso resultou numa multiplicidade de práticas educativas, gerando uma ordem pedagógica aplicável aos meninos tupinambás no Brasil-Colônia. Visamos, então, saber que elementos compõem essa ordem pedagógica quinhentista, pois tal ordem foi o tipo de discurso aplicado aos meninos indígenas durante sua educação. Como os jesuítas já recolhiam estudantes antes de vir para o Brasil, resolvemos panoramicamente saber como isso se dava. Denominaremos recolhimento dos meninos o dispositivo que materializou a prática educativa, própria do Ocidente. Tal dispositivo, retira esta tese do passado e a lança como problematizadora do presente, pois recolher e entregar são mais do que simples palavras, são discursos que ajudaram a construir, nesse caso, uma certa ordem pedagógica. Sobre isso, Foucault nos orienta. Afinal, por que razão, em meio a tantos descasos, entregamos e recolhemos as crianças às escolas? Sem meta explícita, esta tese acabou por questionar a noção de recolhimento como a primeira etapa da educação no Brasil. Porém, num exame mais apurado, descobrimos que o recolhimento é muito mais um dispositivo, uma prática, do que uma instituição em si. Se a escolarização brasileira só vai ganhar força no século XX, parece-nos, que o recolhimento foi uma prática que cotejou os primeiros anos desse século, fazendo, por exemplo, professores irem até as fazendas levantar o censo dos meninos para abrir escolas públicas. O recolhimento é a base discursiva da ordem pedagógica que atravessou a colônia brasileira e, quiçá, mesmo abandonado nos dias de hoje, ainda é utilizado pelos profissionais da área de educação, servindo, inclusive, como justificativa para barganhar as verbas públicas.
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