O conceito de interação no discurso publicitário sobre a aula de inglês
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8147/tde-04042018-154640/ |
Resumo: | O objetivo desta tese foi investigar o conceito de interatividade no modo de funcionamento do discurso da mídia publicitária ao representar a sala de aula de língua inglesa em contextos de escolas de cursos livres associada a determinadas práticas de ensino, mas não necessariamente a objetivos educacionais. Para tanto, analisamos as condições sócio-históricas do discurso da mídia publicitária, principalmente em anúncios de cursos livres de inglês, e as regularidades da formação desse discurso sobre a interação na sala de aula desses cursos, descrevendo sua dispersão em quatro níveis (FOUCAULT, 1969/2009): nos níveis dos objetos, dos tipos enunciativos, dos temas e teorias e, principalmente, no nível do conceito (de interação). Além disso, refletimos sobre os mecanismos discursivos que mobilizam o poder de influência do discurso da mídia publicitária, e sobre as representações e o conceito de interação e de interatividade. Com esse objetivo, e baseando-nos nessas reflexões e em análises discursivas, sustentamos a tese de que o discurso da mídia publicitária exerce uma influência condicional sobre outros discursos (inclusive sobre o científico), sendo ele sujeito a regras de uma ordem que interditam o engendramento de conceitos no interior de sua própria formação discursiva. O discurso da mídia publicitária pode e deve ser original, desde que se submeta a dizer sempre o já dito. Dessa forma, afirmamos que as representações publicitárias da interação que as salas de aula e as novas tecnologias proporcionam fazem parte de uma engrenagem de influência na mesma medida em que articulam processos de atualização, no sentido deleuziano (DELEUZE, 1988/2006), de memórias discursivas, nas quais o ensino e aprendizagem de inglês e a interação são representados e exacerbados como experiências eficazes, prazerosas, agradáveis, encantadoras e afetuosas, no caso das escolas de cursos livres, e ineficazes, tediosas, maçantes, fastidiosas, enfadonhas e requerendo muito esforço, no caso das escolas do ensino regular. O discurso da mídia publicitária sobre a sala de aula de inglês em escolas livres e suas qualidades de interação constitui um sistema de dispersão que mobiliza, reitera, sedimenta e retoma sentidos que atravessam outros discursos. Isso pode levar à apressada conclusão de que o discurso da mídia publicitária influencia outros discursos, principalmente se crermos que esse discurso se constitui como uma espécie de fluxo da produção à recepção. Assim, o conceito de interação não é exatamente influenciado nem imposto, mas, em uma engrenagem que o empodera na mesma medida em que o submete, o discurso da mídia publicitária reproduz o conceito de interação como valor a ser atribuído ao produto ou serviço anunciado, justamente submetido à forma sedimentada desse conceito na memória discursiva, de onde advém sua disposição como verdadeiro. |
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O conceito de interação no discurso publicitário sobre a aula de inglêsThe concept of interaction in advertising discourse about the English classAdvertising mediaAnálise discursivaDiscourse analysisInteraçãoInteractionMídia publicitáriaO objetivo desta tese foi investigar o conceito de interatividade no modo de funcionamento do discurso da mídia publicitária ao representar a sala de aula de língua inglesa em contextos de escolas de cursos livres associada a determinadas práticas de ensino, mas não necessariamente a objetivos educacionais. Para tanto, analisamos as condições sócio-históricas do discurso da mídia publicitária, principalmente em anúncios de cursos livres de inglês, e as regularidades da formação desse discurso sobre a interação na sala de aula desses cursos, descrevendo sua dispersão em quatro níveis (FOUCAULT, 1969/2009): nos níveis dos objetos, dos tipos enunciativos, dos temas e teorias e, principalmente, no nível do conceito (de interação). Além disso, refletimos sobre os mecanismos discursivos que mobilizam o poder de influência do discurso da mídia publicitária, e sobre as representações e o conceito de interação e de interatividade. Com esse objetivo, e baseando-nos nessas reflexões e em análises discursivas, sustentamos a tese de que o discurso da mídia publicitária exerce uma influência condicional sobre outros discursos (inclusive sobre o científico), sendo ele sujeito a regras de uma ordem que interditam o engendramento de conceitos no interior de sua própria formação discursiva. O discurso da mídia publicitária pode e deve ser original, desde que se submeta a dizer sempre o já dito. Dessa forma, afirmamos que as representações publicitárias da interação que as salas de aula e as novas tecnologias proporcionam fazem parte de uma engrenagem de influência na mesma medida em que articulam processos de atualização, no sentido deleuziano (DELEUZE, 1988/2006), de memórias discursivas, nas quais o ensino e aprendizagem de inglês e a interação são representados e exacerbados como experiências eficazes, prazerosas, agradáveis, encantadoras e afetuosas, no caso das escolas de cursos livres, e ineficazes, tediosas, maçantes, fastidiosas, enfadonhas e requerendo muito esforço, no caso das escolas do ensino regular. O discurso da mídia publicitária sobre a sala de aula de inglês em escolas livres e suas qualidades de interação constitui um sistema de dispersão que mobiliza, reitera, sedimenta e retoma sentidos que atravessam outros discursos. Isso pode levar à apressada conclusão de que o discurso da mídia publicitária influencia outros discursos, principalmente se crermos que esse discurso se constitui como uma espécie de fluxo da produção à recepção. Assim, o conceito de interação não é exatamente influenciado nem imposto, mas, em uma engrenagem que o empodera na mesma medida em que o submete, o discurso da mídia publicitária reproduz o conceito de interação como valor a ser atribuído ao produto ou serviço anunciado, justamente submetido à forma sedimentada desse conceito na memória discursiva, de onde advém sua disposição como verdadeiro.This thesis aims at investigating the concept of interactivity in the functioning of the media discourse when advertising language schools and representing the English language classroom. To accomplish this objective, we analyze the sociohistorical conditions of the advertising media discourse (mainly in language schools advertisements) and the regularities of the formation of this discourse on its interaction in the English language classroom, describing their dispersion at four levels (FOUCAULT, 1969/2009): the formation of objects of discourse, the formation of enunciative positions or modes, the formation of theoretical strategies, and the formation of concepts. Still in consistency with this objective, we reflect upon the discursive mechanisms that mobilize the supposedly powerful influence of advertising media discourse, and upon the representations and the concept of interaction and interactivity. With such objective and based on these considerations and on discursive analysis, we substantiated the hypothesis that the media discourse exerts a conditional influence on other discourses (including scientific discourse), being subjected to the rules of an order that prevents it from engendering concepts within its own discursive formation. Advertising media discourse can and should be original, as long as it commits to repeating what has already been said. Thus, it is possible to argue that the advertising representations of the interaction supposedly provided by that English language classroom and the communication technologies take part in a seducing machinery and, at the same time, is subjected to a process of realization, in the Deleuzian sense (DELEUZE, 1988/2006), of discursive memories, in which English teaching and learning and interaction are represented and exacerbated as effective, pleasurable, fun, and friendly experiences in the case of language schools, and as ineffective, tedious, uninteresting, and demanding experiences in the case of regular schools. The discourse of advertising media on interaction and interactivity constitutes a system of dispersion that mobilizes, reiterates, sediments, and resumes senses that largely permeates or intersects other discourses, and may lead to the false conclusion that the discourse of advertising media influences other discourses, especially if we are oblivious to the equally false assumption that such discourse constitutes a kind of flow from production to reception. The concept of interaction is, thus, not influenced or imposed by media discourse. In a machinery that at the same time empowers and subjects it, the advertising media discourse reproduces the concept of interaction as a quality to be attributed to advertised goods and services, being responsive to the sedimented concept in the discursive memory, from where it draws its status of truth.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCarmagnani, Anna Maria GrammaticoCará Júnior, Jaime2017-09-14info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8147/tde-04042018-154640/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2018-09-20T19:49:24Zoai:teses.usp.br:tde-04042018-154640Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212018-09-20T19:49:24Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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