Percursos formativos não institucionalizados e a fotografia como ofício familiar: o caso do coletivo Santana (décadas de 1950-1990)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48135/tde-11102022-085456/ |
Resumo: | Os irmãos Santana deram os primeiros passos na arte fotográfica no final dos anos 1950, em Campo Grande, então Mato Grosso uno. Em razão da atividade missionária do pai, a família circulou e estabeleceu domicílio em diversas localidades do território brasileiro, até fixarem residência e posicionarem o Foto Santana em Itaporã, a partir da primeira metade dos anos 1960. Na ocasião, a localidade acabara de elevar-se da condição de Colônia Agrícola a município, preservando características rurais e infraestrutura insuficiente de serviços básicos para a produção fotográfica, como o fornecimento de água encanada e energia elétrica. Ao profissionalizarem-se empiricamente na área fotográfica, os Santana trouxeram para junto de si irmãos, esposas e filhos. O então Foto Santana, hoje Studio Santana, permanece em funcionamento há cerca de seis décadas e sob gerência da terceira geração da família. A longevidade na experiência em um ofício moderno e mutante, como o fotográfico, em uma região com as particularidades em questão, e sob concepção e gestão de personagens com parca formação escolar, foi o mote desta pesquisa. Buscou-se conhecer os processos formativos não institucionalizados por eles experienciados antes e depois de assumirem-se profissionais, bem como compreender as circunstâncias que atravessam suas práticas, além das estratégias acionadas para contemplarem diferentes inovações do ramo da produção e da comercialização do artefato fotográfico. Reconheceu-se um mosaico de experiências não institucionalizadas na trajetória dos Santana aprendizagens informais, não formais, práticas autodidatas, aprendizagens experienciais e em serviço elaboradas dialogicamente entre si e com os colhidos nos anos de educação institucionalizada daqueles que conheceram tal experiência. Identificou-se que o pertencimento religioso os legou uma herança imaterial que lhes facultou circulação geográfica, acesso a lugares, pessoas e modos de organizar a vida que não podem ser ignorados. Entretanto, a trajetória da família é marcada, desde o patriarca, por um relacionamento muito próximo com o universo da cultura escrita que complementou o letramento dos seus membros, tornando-os proficientes e versados em competências necessárias ao 9 êxito na empreita no negócio fotográfico. Os percursos dos Santana em seus processos de auto formação em serviço e de transmissão de saberes para o exercício do ofício fotográfico no meio familiar foi pesquisa desenvolvida junto à linha de Cultura, Filosofia e História da Educação, e permitiu o acesso a cenas do que se passou no cenário mais amplo da Educação Brasileira, no período em questão. Embora a narrativa recue aos anos 1950 e mencione, por vezes, o tempo presente, o recorte temporal privilegiado foram as décadas de 1950 a 1990, pelo propósito de focar no trânsito dos Santana em diferentes tecnologias e modos de produção da fotografia: da artesania evidenciada com as películas P&B à captura do registro digital. Empregaram-se aportes teóricos e metodológicos da micro história e da história oral, procederam-se análises documentais de fontes iconográficas, impressas e manuscritas, provenientes do acervo privado da família Santana, mas não exclusivamente destes. Tais fontes foram colocadas para bailar com outras tipologias, sendo uma delas os testemunhos produzidos em parceria com os protagonistas históricos. |
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Percursos formativos não institucionalizados e a fotografia como ofício familiar: o caso do coletivo Santana (décadas de 1950-1990)Non-institutionalized formative paths and photography as a family craft: the case of the Santana collective (1950s-1990s)AdventismAdventismoAutodidatismoHistória da EducaçãoHistory of EducationMato GrossoMato GrossoMato Grosso do SulMato Grosso do SulSelf-learningOs irmãos Santana deram os primeiros passos na arte fotográfica no final dos anos 1950, em Campo Grande, então Mato Grosso uno. Em razão da atividade missionária do pai, a família circulou e estabeleceu domicílio em diversas localidades do território brasileiro, até fixarem residência e posicionarem o Foto Santana em Itaporã, a partir da primeira metade dos anos 1960. Na ocasião, a localidade acabara de elevar-se da condição de Colônia Agrícola a município, preservando características rurais e infraestrutura insuficiente de serviços básicos para a produção fotográfica, como o fornecimento de água encanada e energia elétrica. Ao profissionalizarem-se empiricamente na área fotográfica, os Santana trouxeram para junto de si irmãos, esposas e filhos. O então Foto Santana, hoje Studio Santana, permanece em funcionamento há cerca de seis décadas e sob gerência da terceira geração da família. A longevidade na experiência em um ofício moderno e mutante, como o fotográfico, em uma região com as particularidades em questão, e sob concepção e gestão de personagens com parca formação escolar, foi o mote desta pesquisa. Buscou-se conhecer os processos formativos não institucionalizados por eles experienciados antes e depois de assumirem-se profissionais, bem como compreender as circunstâncias que atravessam suas práticas, além das estratégias acionadas para contemplarem diferentes inovações do ramo da produção e da comercialização do artefato fotográfico. Reconheceu-se um mosaico de experiências não institucionalizadas na trajetória dos Santana aprendizagens informais, não formais, práticas autodidatas, aprendizagens experienciais e em serviço elaboradas dialogicamente entre si e com os colhidos nos anos de educação institucionalizada daqueles que conheceram tal experiência. Identificou-se que o pertencimento religioso os legou uma herança imaterial que lhes facultou circulação geográfica, acesso a lugares, pessoas e modos de organizar a vida que não podem ser ignorados. Entretanto, a trajetória da família é marcada, desde o patriarca, por um relacionamento muito próximo com o universo da cultura escrita que complementou o letramento dos seus membros, tornando-os proficientes e versados em competências necessárias ao 9 êxito na empreita no negócio fotográfico. Os percursos dos Santana em seus processos de auto formação em serviço e de transmissão de saberes para o exercício do ofício fotográfico no meio familiar foi pesquisa desenvolvida junto à linha de Cultura, Filosofia e História da Educação, e permitiu o acesso a cenas do que se passou no cenário mais amplo da Educação Brasileira, no período em questão. Embora a narrativa recue aos anos 1950 e mencione, por vezes, o tempo presente, o recorte temporal privilegiado foram as décadas de 1950 a 1990, pelo propósito de focar no trânsito dos Santana em diferentes tecnologias e modos de produção da fotografia: da artesania evidenciada com as películas P&B à captura do registro digital. Empregaram-se aportes teóricos e metodológicos da micro história e da história oral, procederam-se análises documentais de fontes iconográficas, impressas e manuscritas, provenientes do acervo privado da família Santana, mas não exclusivamente destes. Tais fontes foram colocadas para bailar com outras tipologias, sendo uma delas os testemunhos produzidos em parceria com os protagonistas históricos.The Santana brothers took their first steps in photographic art in the late 1950s, in Campo Grande, then Mato Grosso. Due to the father\'s missionary activity, the family circulated and established domicile in several locations in the Brazilian territory, until they took up residence and positioned Foto Santana in Itaporã, from the first half of the 1960s, when this locality changed from the condition of an Agricultural Colony to a municipality, but still preserving rural characteristics and low infrastructure of basic services for photographic production, such as the supply of piped water and electricity. By professionalizing themselves empirically in the photographic area, the Santanas brought together brothers, wives and children. The then Foto Santana, now Studio Santana, has been in operation for about six decades and is managed by the third generation of the family. The longevity of experience in a modern and changing craft, such as photography, in a region with the particularities in question, and under the design and management of characters with little schooling, was the motto of this research. We sought to know the non-institutionalized training processes experienced by them before and after becoming professionals, as well as to understand the circumstances that cross their practices, in addition to the strategies used to contemplate different innovations in the field of production and commercialization of the photographic artifact. A mosaic of non-institutionalized experiences was recognized in the trajectory of the Santanas informal, non-formal learning, self-taught practices, experiential and in-service learning developed dialogically with each other and with those collected in the years of institutionalized education of those who knew such experience. It was identified that the religious belonging gave them an immaterial heritage that provided them with geographical circulation, access to places, people and ways of organizing life that cannot be ignored. However, the family\'s trajectory is marked, since the patriarch, by a very close relationship with the universe of written culture that complemented the literacy, making them proficient and versed in the skills necessary to succeed in the endeavor in the photographic business. The paths of the Santanas in their processes of self-training in service and the transmission of knowledge for the exercise of the photographic profession in the family environment 11 was the research developed along the line of Culture, Philosophy and History of Education, and allowed access to scenes of what is passed in the broader scenario of Brazilian Education, in the period in question. Although the narrative goes back to the 1950s and sometimes mentions the present time, the privileged time frame was the decades from 1950 to 1990, for the purpose of focusing on the transit of the Santanas in different technologies and modes of photography production: from the evidenced craftsmanship with B&W films to capture the digital record. Theoretical and methodological contributions of micro-history and oral history were used, documentary analyzes of iconographic, printed and handwritten sources were carried out, coming from the private collection of the Santana family, but not exclusively from them. Such sources were placed to dance with other typologies, one of them being the testimonies produced in partnership with the historical protagonists.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPVidal, Diana GonçalvesFerro, Maria Eduarda2022-08-12info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48135/tde-11102022-085456/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-10-12T10:57:41Zoai:teses.usp.br:tde-11102022-085456Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-10-12T10:57:41Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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