Papel do sistema complemento no processo inflamatório causado pelo veneno da lagarta de Premolis semirufa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gabrili, Joel José Megale
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42133/tde-06092023-152250/
Resumo: A lagarta da mariposa Premolis semirufa, comumente chamada de pararama, é encontrada na região amazônica brasileira. O contato acidental com as cerdas da lagarta causa uma sensação de coceira intensa, seguida de sintomas de inflamação aguda. Após múltiplos contatos, estabelece-se uma reação inflamatória crônica (pararamose) semelhante à osteoartrite. Esta é caracterizada pelo espessamento sinovial articular, por deformidades articulares e perda de movimento. Até o momento, ainda não há tratamento específico para a pararamose e o nosso grupo tem estudado a ação deste veneno, com o objetivo de identificar possíveis alvos para o tratamento dessa doença. Neste estudo demonstramos que o veneno da pararama ativa (i) o sistema complemento, com geração de anafilatoxinas e do sTCC; (ii) os leucócitos, com expressão aumentada de C11b, TLR2 e TLR4 em monócitos e C11b, CD14, TLR2 e C5aR em granulócitos, e (iii) induz a secreção de IL-17, TNF-, CXCL8, CCL5, CXCL9, CCL2 e CXCL10 em sangue humano. Também usamos inibidores específicos do complemento para pontos-chave da cascata para determinar mecanisticamente os condutores do processo inflamatório neste modelo. Com a inibição do complemento, no nível de C3, com a compstatina, ou do eixo C5a-C5aR1, com o PMX205, houve uma modulação da ativação dos leucócitos e da secreção de citocinas e quimiocinas. Para avaliar melhor o papel do complemento na inflamação induzida pelo veneno do pararama, células endoteliais foram expostas ao plasma coletado de amostras de sangue tratadas com veneno e como resultado observamos a produção de CXCL8 e CCL2, que foi consideravelmente reduzida pelo uso de inibidores do complemento. Além disso, neutrófilos humanos quando expostos ao plasma coletado de amostras de sangue tratadas com veneno, produziram TNF-, IL-6, CXCL8, mieloperoxidase e Elastase, sendo que a inibição do complemento, com compstatina e PMX205, resultou em uma redução da geração de todos esses mediadores. Assim, esses resultados mostram a contribuição do sistema complemento para o processo inflamatório induzido pelo veneno da pararama no modelo de sangue total humano e destacam a importância de C3 e do eixo C5a-C5aR1 na inflamação causada por esse veneno e seu possível papel na progressão da pararamose. Sugerem também que a modulação da atividade do sistema complemento, pelo uso de inibidores específicos, possa ser uma potencial terapia complementar para os indivíduos acidentados com a lagarta da Premolis semirufa.
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spelling Papel do sistema complemento no processo inflamatório causado pelo veneno da lagarta de Premolis semirufaRole of the complement system in the inflammatory process caused by Premolis semirufa caterpillar venomCélulas EndoteliaisComplement systemEndothelial cellsInflamação Sistema ComplementoInflammationNeutrofilosNeutrophilsPararamaPararamaPremolis semirufaPremolis semirufaVenenoVenomA lagarta da mariposa Premolis semirufa, comumente chamada de pararama, é encontrada na região amazônica brasileira. O contato acidental com as cerdas da lagarta causa uma sensação de coceira intensa, seguida de sintomas de inflamação aguda. Após múltiplos contatos, estabelece-se uma reação inflamatória crônica (pararamose) semelhante à osteoartrite. Esta é caracterizada pelo espessamento sinovial articular, por deformidades articulares e perda de movimento. Até o momento, ainda não há tratamento específico para a pararamose e o nosso grupo tem estudado a ação deste veneno, com o objetivo de identificar possíveis alvos para o tratamento dessa doença. Neste estudo demonstramos que o veneno da pararama ativa (i) o sistema complemento, com geração de anafilatoxinas e do sTCC; (ii) os leucócitos, com expressão aumentada de C11b, TLR2 e TLR4 em monócitos e C11b, CD14, TLR2 e C5aR em granulócitos, e (iii) induz a secreção de IL-17, TNF-, CXCL8, CCL5, CXCL9, CCL2 e CXCL10 em sangue humano. Também usamos inibidores específicos do complemento para pontos-chave da cascata para determinar mecanisticamente os condutores do processo inflamatório neste modelo. Com a inibição do complemento, no nível de C3, com a compstatina, ou do eixo C5a-C5aR1, com o PMX205, houve uma modulação da ativação dos leucócitos e da secreção de citocinas e quimiocinas. Para avaliar melhor o papel do complemento na inflamação induzida pelo veneno do pararama, células endoteliais foram expostas ao plasma coletado de amostras de sangue tratadas com veneno e como resultado observamos a produção de CXCL8 e CCL2, que foi consideravelmente reduzida pelo uso de inibidores do complemento. Além disso, neutrófilos humanos quando expostos ao plasma coletado de amostras de sangue tratadas com veneno, produziram TNF-, IL-6, CXCL8, mieloperoxidase e Elastase, sendo que a inibição do complemento, com compstatina e PMX205, resultou em uma redução da geração de todos esses mediadores. Assim, esses resultados mostram a contribuição do sistema complemento para o processo inflamatório induzido pelo veneno da pararama no modelo de sangue total humano e destacam a importância de C3 e do eixo C5a-C5aR1 na inflamação causada por esse veneno e seu possível papel na progressão da pararamose. Sugerem também que a modulação da atividade do sistema complemento, pelo uso de inibidores específicos, possa ser uma potencial terapia complementar para os indivíduos acidentados com a lagarta da Premolis semirufa.The caterpillar of the moth Premolis semirufa, commonly known as pararama, is found in the Brazilian Amazon region. Accidental contact with the caterpillar\'s bristles causes an intense itching sensation, followed by symptoms of acute inflammation. After multiple contacts, a chronic inflammatory reaction (pararamosis) similar to osteoarthritis is established. This is characterized by joint synovial thickening, joint deformities and loss of movement. So far, there is still no specific treatment for pararamosis and our group has studied the action of this venom, with the aim of identifying possible targets for the treatment of this disease. In this study, we demonstrate that pararama venom activates (i) the complement system, generating anaphylatoxins and sTCC; (ii) leukocytes, with increased expression of C11b, TLR2 and TLR4 in monocytes and C11b, CD14, TLR2 and C5aR in granulocytes, and (iii) induces the secretion of IL-17, TNF, CXCL8, CCL5, CXCL9, CCL2 and CXCL10 in human blood. We also used specific complement inhibitors for cascade key points to mechanistically determine the drivers of the inflammatory process in this model. By inhibiting the complement system, at the C3 level, with compstatin, or the C5a-C5aR1 axis, with PMX205, there was a modulation of the leukocyte activation and secretion of cytokines and chemokines. To better assess the role of Complement in pararama venom-induced inflammation, endothelial cells were exposed to plasma collected from venom-treated blood samples and as result, we observed the production of CXCL8 and CCL2, which was considerably reduced by the use of complement inhibitors. Furthermore, human neutrophils when exposed to plasma collected from venom-treated blood samples produced TNF, IL-6, CXCL8, myeloperoxidase and Elastase, and the complement inhibition with compstatin or PMX205 resulted in a reduction in the generation of all these mediators. Thus, these results show the contribution of the complement system to the inflammatory process induced by pararama venom in the human whole blood model and highlight the importance of C3 and the C5a-C5aR1 axis in the inflammation caused by this venom and its possible role in the progression of the disease. They also suggest that the modulation of the activity of the complement system, using specific inhibitors, may be a potential complementary therapy for individuals who have had an accident with the caterpillar of Premolis semirufa.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPPorto, Giselle Pidde MarquesTambourgi, Denise VilarinhoGabrili, Joel José Megale2023-04-13info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42133/tde-06092023-152250/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPReter o conteúdo por motivos de patente, publicação e/ou direitos autoriais.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-09-12T15:20:02Zoai:teses.usp.br:tde-06092023-152250Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-09-12T15:20:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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