Fatores que influenciam a citorredução primária e impacto no câncer de ovário no estádio III

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santiago, Kamila Maracaba
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17145/tde-11062021-083000/
Resumo: Introdução: O câncer ovariano é uma doença prevalente, de diagnóstico difícil e, na maioria dos casos, tardio, com altas taxas de morbidade e mortalidade. A melhor estratégia terapêutica disponível baseia-se na quimioterapia com platinum e paclitaxel e utilização de cirurgias de citorredução máxima. Apesar do benefício, a morbidade relacionada ao procedimento pode, por vezes, atrasar a quimioterapia adjuvante, de maneira que a identificação de fatores que influenciam sua performance tem um papel importante na programação terapêutica da doença. Objetivos: Avaliar as variáveis pré-operatórias e perioperatórias que influenciam no tipo de citorredução primária obtida nos tumores epiteliais no estádio III. Avaliar o impacto do tipo de citorredução na sobrevida dos pacientes. Métodos: Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo com mulheres tratadas por tumores epiteliais malignos do ovário no estadio III em um hospital universitário brasileiro. Os pacientes foram divididos em dois grupos (lesão residual microscópica versus lesão residual macroscópica), e os principais fatores relacionados à performance da citorredução e à sobrevida em cinco anos foram investigados. Resultados: Nós estudamos 124 pacientes com tumores epiteliais do ovário no estádio III. 36 (29%) apresentaram apenas doença microscópica ao final da cirurgia, enquanto que 88 (71%) apresentaram doença macroscópica. A avaliação clínica pré-operatória, a combinação de exame de imagem e variáveis pré-operatórias, e a experiência do cirurgião não foram associadas ao desfecho operatório. Por outro lado, a duração do procedimento cirúrgico (p = 0,03), a presença de ascite clínica (p < 0,001) e o estádio FIGO (p = 0,03) estiveram relacionados ao resultado da citorredução. Houve um maior número de casos do tipo histológico seroso em ambos os grupos (com e sem doença residual macroscópica). Não houve diferença estatística entre os grupos em relação a complicações cirúrgicas ou tempo de internação. Os óbitos diretamente relacionados à cirurgia (n = 4) e complicações graves ocorreram apenas no grupo da lesão residual macroscópica. Não houve relação do tipo de citorredução com a sobrevida em cinco anos, ao passo que o subtipo histológico mucinoso esteve associado a uma melhor sobrevida (HR = 0,34; IC 95%: 0,12-0,96; P=0,04133). Por outro lado, um ASA&ge;3 (HR = 4,88; IC 95%: 2,16-11,01; P=0,00013), quimioterapia incompleta (HR = 2,31; IC 95%: 1,09-4,92; P=0,02969) e quimioterapia não realizada (HR = 9,63; IC 95%: 4,53-20,48; P<0,0001) estiveram associados ao risco de óbito em cinco anos. Conclusão: A presença de ascite clínica, o estádio FIGO e o tempo operatório são fatores associados ao desfecho da citorredução no tratamento do câncer ovariano. A quimioterapia adjuvante, o subtipo histológico e a avaliação pré-anestésica estiveram relacionados à sobrevida em cinco anos. A presença de doença residual macroscópica após o procedimento, no entanto, não esteve relacionada à mortalidade neste período.
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Objetivos: Avaliar as variáveis pré-operatórias e perioperatórias que influenciam no tipo de citorredução primária obtida nos tumores epiteliais no estádio III. Avaliar o impacto do tipo de citorredução na sobrevida dos pacientes. Métodos: Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo com mulheres tratadas por tumores epiteliais malignos do ovário no estadio III em um hospital universitário brasileiro. Os pacientes foram divididos em dois grupos (lesão residual microscópica versus lesão residual macroscópica), e os principais fatores relacionados à performance da citorredução e à sobrevida em cinco anos foram investigados. Resultados: Nós estudamos 124 pacientes com tumores epiteliais do ovário no estádio III. 36 (29%) apresentaram apenas doença microscópica ao final da cirurgia, enquanto que 88 (71%) apresentaram doença macroscópica. A avaliação clínica pré-operatória, a combinação de exame de imagem e variáveis pré-operatórias, e a experiência do cirurgião não foram associadas ao desfecho operatório. Por outro lado, a duração do procedimento cirúrgico (p = 0,03), a presença de ascite clínica (p < 0,001) e o estádio FIGO (p = 0,03) estiveram relacionados ao resultado da citorredução. Houve um maior número de casos do tipo histológico seroso em ambos os grupos (com e sem doença residual macroscópica). Não houve diferença estatística entre os grupos em relação a complicações cirúrgicas ou tempo de internação. Os óbitos diretamente relacionados à cirurgia (n = 4) e complicações graves ocorreram apenas no grupo da lesão residual macroscópica. Não houve relação do tipo de citorredução com a sobrevida em cinco anos, ao passo que o subtipo histológico mucinoso esteve associado a uma melhor sobrevida (HR = 0,34; IC 95%: 0,12-0,96; P=0,04133). Por outro lado, um ASA&ge;3 (HR = 4,88; IC 95%: 2,16-11,01; P=0,00013), quimioterapia incompleta (HR = 2,31; IC 95%: 1,09-4,92; P=0,02969) e quimioterapia não realizada (HR = 9,63; IC 95%: 4,53-20,48; P<0,0001) estiveram associados ao risco de óbito em cinco anos. Conclusão: A presença de ascite clínica, o estádio FIGO e o tempo operatório são fatores associados ao desfecho da citorredução no tratamento do câncer ovariano. A quimioterapia adjuvante, o subtipo histológico e a avaliação pré-anestésica estiveram relacionados à sobrevida em cinco anos. A presença de doença residual macroscópica após o procedimento, no entanto, não esteve relacionada à mortalidade neste período.Introduction: Ovarian cancer is a prevalent disease with a challenging diagnosis and, in most cases, associated with high rates of morbidity and mortality. The best therapeutic approach available is based on cytoreduction surgery plus chemotherapy. Nonetheless, the operative morbidity may occasionally delay the adjuvant chemotherapy cycles, so the identification of factors related to the outcome of the procedure has an important role in optimizing the best therapeutic approach. Objectives: To evaluate the preoperative and perioperative variables that influence the performance of primary cytoreduction in stage III ovarian epithelial tumors. Methods: This is a retrospective cohort study with women treated with primary cytoreduction for malignant epithelial tumors in stage III at a Brazilian university hospital. We separated patients in two groups (microscopic vs macroscopic residual disease) and investigated the main factors related to the surgical outcomes and five-year survival rates. Results: We analyzed 124 patients with stage III ovarian epithelial tumors. 36 (29%) had only microscopic disease at the end of the surgery, while 88 (71%) had macroscopic disease. The preoperative clinical evaluation, the combination of imaging tests and preoperative variables, and the surgeon\'s experience were not associated with the operative outcome. On the other hand, the duration of the surgery (p = 0.03), the presence of clinical ascites (p <0.001) and the FIGO stage (p = 0.03) were related to the type of the cytoreduction. There was more serous histological subtypes in both groups (with and without macroscopic residual disease). There was no statistical difference between the groups regarding surgical complications or length of hospital stay. Deaths directly related to the procedure (n = 4) and severe complications occurred only in the macroscopic residual group. There was no relationship between the outcome of primary cytoreduction and five-year survival, whereas the mucinous histological subtype was associated with a better survival rate (HR = 0.34; 95% CI: 0.12-0.96; p = 0, 04133). Conversely, ASA class &ge;3 (HR = 4.88; 95% CI: 2.16-11.01; p = 0.00013), incomplete chemotherapy (HR = 2.31; 95% CI: 1.09 -4.92; p = 0.02969) and the absence of chemotherapy (HR = 9.63; 95% CI: 4.53-20.48; p <0.0001) were associated with the risk of death in five years. Conclusion: The presence of clinical ascites, the FIGO stage and the surgery duration are factors associated with the outcome of cytoreduction in the treatment of ovarian cancer. Adjuvant chemotherapy, histological subtype and pre-anesthetic assessment are related to the 5-year survival rate. The presence of macroscopic residual disease after the procedure, however, was not related to mortality in this period.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPReis, Francisco José Cândido dosSantiago, Kamila Maracaba2021-03-31info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17145/tde-11062021-083000/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-06-18T22:14:02Zoai:teses.usp.br:tde-11062021-083000Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-06-18T22:14:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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