Associação entre doença arterial coronária obstrutiva e retinopatia diabética: um estudo transversal de angiotomografia das artérias coronárias e avaliação retiniana multimodal

• Autor(a) principal: Campos, Andre Chateaubriand
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-21022024-122358/
• topic: Angiotomografia de coronárias; Coronary artery disease; Coronary computed tomography angiography; Diabetes mellitus; Diabetes mellitus; Diabetic retinopathy; Doença da artéria coronariana; Optical coherence tomography; Retinopatia diabética; Tomografia de coerência óptica

Introdução: A retinopatia diabética (RD) é a principal complicação microvascular do diabetes mellitus (DM). A avaliação diagnóstica e o tratamento da RD tiveram um progresso notável com o advento da retinografia ultra-widefield (UWR), tomografia de coerência óptica domínio espectral (SDOCT) e angiografia (OCTA). Estudos recentes sugerem uma forte associação entre complicações microvasculares e macrovasculares do DM, em especial entre RD e doença arterial coronária (DAC). Objetivo: Investigar a associação entre a presença e gravidade de DAC e de RD em pacientes diabéticos através dos métodos não invasivos de maior destaque atualmente disponíveis: angiotomografia de coronárias (CCTA) e avaliação retiniana multimodal (ARMM), composta por UWR, SD-OCT e OCTA. Métodos: estudo unicêntrico, transversal, monocego. Foram incluídos pacientes com diagnóstico de DM que haviam realizado CCTA (indicação independente do estudo). Todos foram submetidos à avaliação oftalmológica detalhada com SD-OCT, OCTA e UWR. Posteriormente foram divididos em dois grupos de acordo com presença DAC e comparados. Avaliada a associação entre DAC obstrutiva e RD através de análise univariada e multivariada e realizada pesquisa de variáveis associadas de forma independente à presença de RD. Resultados: Foram incluídos 171 pacientes, sendo 87 com DAC e 84 sem DAC. Os pacientes portadores de DAC eram mais frequentemente do sexo masculino (73,6% vs 38,1%, P<0,01) e tinham maior prevalência de uso de insulina (51,7% vs 37,7%, p<0,01). Deste grupo, 64,4% já haviam submetidos a algum tipo de revascularização (19,6% percutânea, 37,9% cirúrgica e 6,9% percutânea e cirúrgica). Quanto à avaliação oftalmológica, este grupo apresentou maior prevalência de RD (48,2% vs 22,6%, P<0,01). Foram achados mais frequentes nesse grupo: microaneurismas (25,3% vs 13,1%, p=0,04), cistos intrarretinianos (21,9% vs 8,3% sem DAC, P=0,01), bem como áreas de densidade capilar reduzida no plexo capilar superficial (46% vs 20,2%, P<0,01) e no profundo (39% vs 21,4%, P=0,01). Houve ainda menor densidade vascular média 15,7 vs 16,5, P=0,049) e menor circularidade da zona avascular foveal (0,64± 0,1 vs 0,69± 0,1, p= 0,04). Em modelo ajustado a presença de DAC teve um efeito positivo na chance de os pacientes apresentarem RD (OR 4,05 [1,40 -11,66], p=0,009). Duração do DM e uso de insulina também se associaram de forma independente à presença de RD. Conclusão: O grupo de pacientes com DAC obstrutiva apresentou maior prevalência e maior gravidade de RD. Presença de DAC associou-se a maior prevalência de RD, mesmo quando realizados ajustes pelas diferenças basais. Maior duração do DM e uso de insulina também se associaram de forma independente à presença de RD