Significados e sentidos de justiça ambiental nas teses e dissertações brasileiras em educação ambiental
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Data de Publicação: | 2020 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Actio (Curitiba) |
Texto Completo: | https://periodicos.utfpr.edu.br/actio/article/view/12265 |
Resumo: | Neste artigo, procuramos sistematizar parte dos resultados da dissertação de mestrado da primeira autora, que teve como objetivo geral explorar possíveis significados e sentidos sobre o papel do processo educativo na construção da justiça ambiental, passíveis de serem construídos a partir de teses e dissertações de educação ambiental (EA) que problematizam o conceito de justiça ambiental. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, orientada pelo referencial teórico-metodológico da abordagem histórico-cultural. Consiste, também, em uma pesquisa documental, do tipo estado da arte, que está inserida no âmbito do Projeto Educação Ambiental no Brasil: análise da produção acadêmica - teses e dissertações (Projeto EArte). Neste artigo, a partir da análise de um corpus documental que se constituiu de 23 pesquisas em EA, nas quais o conceito em questão é problematizado, foi possível sistematizar alguns indicadores acerca das possibilidades do processo educativo na construção de justiça ambiental, bem como limitações associadas a esse processo. No que diz respeito às possibilidades, as pesquisas analisadas trazem a contribuição da EA no empoderamento social e político das comunidades no enfrentamento de seus problemas socioambientais, criando espaços de participação democrática e de construção da cidadania, incentivando a organização coletiva, promovendo o acesso à informação e trabalhando com a noção de pertencimento dos indivíduos em relação ao seu ambiente. Além disso, aponta-se para o potencial da EA em desenvolver práticas na direção da construção de sociedades sustentáveis, promovendo a compreensão de injustiças ambientais e problematizando as contradições e conflitos socioambientais provenientes do nosso sistema econômico, de modo a mobilizar a população para uma perspectiva crítica acerca da temática ambiental. Em relação às limitações, as pesquisas apontam que o processo educativo, sozinho, não é capaz de alterar os atuais padrões de desigualdade e injustiça, seja em razão de estruturas curriculares rígidas, distanciadas de questões sociais e apartadas de compromisso social, ou devido a conflitos entre uma formação para justiça ambiental e o discurso hegemônico empresarial. Dessa maneira, a EA não encontraria, na configuração de estados neoliberais, espaço para uma ação contra-hegemônica. Assim, a falta de continuidade no financiamento, assistência e suporte acabam prejudicando o acompanhamento, o fortalecimento e a consolidação de práticas emancipatórias, além de favorecer que o processo educativo funcione como um mecanismo que, direta ou indiretamente, reforça injustiças ambientais. Dessa forma, os dados sistematizados evidenciam tentativas de aproximação, por parte de pesquisadores(as) em EA, entre os campos da EA e da justiça ambiental, procurando evidenciar e compreender as possibilidades de construção de práticas educativas contra-hegemônicas, mas, também, reconhecendo os limites que essa prática educativa, vista como prática social e condicionada a determinantes estruturais e conjunturais, nos impõem. |
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Significados e sentidos de justiça ambiental nas teses e dissertações brasileiras em educação ambientalMeanings and senses of environmental justice in brazilian theses and dissertations in environmental educationCiências Humanas; EducaçãoEducação ambiental; Justiça ambiental; Justiça socioambientalEnvironmental education; Environmental justice; Socio-environmental justiceNeste artigo, procuramos sistematizar parte dos resultados da dissertação de mestrado da primeira autora, que teve como objetivo geral explorar possíveis significados e sentidos sobre o papel do processo educativo na construção da justiça ambiental, passíveis de serem construídos a partir de teses e dissertações de educação ambiental (EA) que problematizam o conceito de justiça ambiental. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, orientada pelo referencial teórico-metodológico da abordagem histórico-cultural. Consiste, também, em uma pesquisa documental, do tipo estado da arte, que está inserida no âmbito do Projeto Educação Ambiental no Brasil: análise da produção acadêmica - teses e dissertações (Projeto EArte). Neste artigo, a partir da análise de um corpus documental que se constituiu de 23 pesquisas em EA, nas quais o conceito em questão é problematizado, foi possível sistematizar alguns indicadores acerca das possibilidades do processo educativo na construção de justiça ambiental, bem como limitações associadas a esse processo. No que diz respeito às possibilidades, as pesquisas analisadas trazem a contribuição da EA no empoderamento social e político das comunidades no enfrentamento de seus problemas socioambientais, criando espaços de participação democrática e de construção da cidadania, incentivando a organização coletiva, promovendo o acesso à informação e trabalhando com a noção de pertencimento dos indivíduos em relação ao seu ambiente. Além disso, aponta-se para o potencial da EA em desenvolver práticas na direção da construção de sociedades sustentáveis, promovendo a compreensão de injustiças ambientais e problematizando as contradições e conflitos socioambientais provenientes do nosso sistema econômico, de modo a mobilizar a população para uma perspectiva crítica acerca da temática ambiental. Em relação às limitações, as pesquisas apontam que o processo educativo, sozinho, não é capaz de alterar os atuais padrões de desigualdade e injustiça, seja em razão de estruturas curriculares rígidas, distanciadas de questões sociais e apartadas de compromisso social, ou devido a conflitos entre uma formação para justiça ambiental e o discurso hegemônico empresarial. Dessa maneira, a EA não encontraria, na configuração de estados neoliberais, espaço para uma ação contra-hegemônica. Assim, a falta de continuidade no financiamento, assistência e suporte acabam prejudicando o acompanhamento, o fortalecimento e a consolidação de práticas emancipatórias, além de favorecer que o processo educativo funcione como um mecanismo que, direta ou indiretamente, reforça injustiças ambientais. Dessa forma, os dados sistematizados evidenciam tentativas de aproximação, por parte de pesquisadores(as) em EA, entre os campos da EA e da justiça ambiental, procurando evidenciar e compreender as possibilidades de construção de práticas educativas contra-hegemônicas, mas, também, reconhecendo os limites que essa prática educativa, vista como prática social e condicionada a determinantes estruturais e conjunturais, nos impõem.In this article, we seek to systematize part of the results of the first author's master's dissertation, which had the general aim to explore possible meanings and senses about the role of the educational process in the construction of environmental justice, which can be constructed from theses and dissertations of environmental education (EE) which problematize the concept of environmental justice. This is a qualitative research, guided by the theoretical-methodological framework of the historical-cultural approach. It also consists of a documentary research, of the state of the art type, which is part of the Environmental Education Project in Brazil: analysis of academic production - theses and dissertations (EArte project). In this article, from the analysis of a documentary corpus that consisted of 23 researches in EE in which the concept in question is problematized, it was possible to systematize some indicators about the possibilities of the educational process in the construction of environmental justice, as well as limitations associated with this process. Regarding the possibilities, the analyzed research bring the contribution of EA in the social and political empowerment of communities in facing their socio-environmental problems, creating spaces for democratic participation and building citizenship, encouraging collective organization, promoting access to information and working with the notion of individuals' belonging to their environment. In addition, it points to the potential of EE to develop practices in the direction of building sustainable societies, promoting the understanding of environmental injustices and problematizing the socio-environmental contradictions and conflicts arising from our economic system, in order to mobilize the population to a critic perspective about the environmental theme. In relation to limitations, the researches indicate that the educational process is not able to change the current patterns of inequality and injustice alone, either because of rigid curricular structures, distanced from social issues and separated from social commitment, or due to conflicts between an education for environmental justice and hegemonic business discourse. In this sense, EE would not find, in the configuration of neoliberal states, space for action against hegemony. Thus, the lack of continuity in financing, assistance and support ends up hindering the monitoring, strengthening and consolidation of emancipatory practices, in addition to being able to make the educational process function as a mechanism that, directly or indirectly, reinforces environmental injustices. In this way, the systematized data show attempts of approximation, by researchers in EE, between the fields of EE and environmental justice, seeking to highlight and understand the possibilities of building educational practices against hegemony, but also recognizing the limits that this educational practice, seen as a social practice and conditioned to structural and conjunctural determinants, imposes us.Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)Universidade Estadual Paulista (UNESP), câmpus de Rio ClaroFundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)Angeli, Thaísde Carvalho, Luiz Marcelo2020-08-13info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionDossiê TemáticoPesquisa do tipo estado da arteapplication/pdfhttps://periodicos.utfpr.edu.br/actio/article/view/1226510.3895/actio.v5n2.12265ACTIO: Teaching in Sciences; v. 5, n. 2 (2020); 1-21ACTIO: Docência em Ciências; v. 5, n. 2 (2020); 1-212525-892310.3895/actio.v5n2reponame:Actio (Curitiba)instname:Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)instacron:UTFPRporhttps://periodicos.utfpr.edu.br/actio/article/view/12265/7689Direitos autorais 2020 ACTIO: Docência em Ciênciashttp://creativecommons.org/licenses/by/4.0info:eu-repo/semantics/openAccess2022-10-18T23:53:37Zoai:periodicos.utfpr:article/12265Revistahttps://periodicos.utfpr.edu.br/actio/PUBhttps://periodicos.utfpr.edu.br/actio/oaimarcelolambach@utfpr.edu.br||actio-ct@utfpr.edu.br||periodicos@utfpr.edu.br2525-89232525-8923opendoar:2022-10-18T23:53:37Actio (Curitiba) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)false |
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