O uso de substâncias psicoativas pela perspectiva fenomenológica na contemporaneidade e a liberdade de escolha / The use of psychoactive substances from a phenomenological perspective in contemporary times and freedom of choice
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Outros Autores: | , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista Veras |
Texto Completo: | https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/35160 |
Resumo: | O olhar social a quem faz uso de drogas, além de patologizante está sempre fadado à política proibicionista, esta que mais do que se preocupar com o usuário e suas consequências, carrega consigo princípios mercantilistas e provém da era da técnica, ao mesmo tempo que a sustenta, sempre com a pretensão de produtividade. A perspectiva fenomenológica nos possibilita olhar o Dasein nesse contexto na inseparabilidade com sua história e nos mostra que além de o possível uso de drogas se dar pela vulnerabilidade existencial do Dasein, há sentido nesse modo de ser. refletir sobre as possibilidades apresentadas ao ser-aí diante do consumo de substancias psicoativas, considerando o estreitamento em sua liberdade proporcionado pelo mesmo e também o fato de que ele é cuidado, e portanto, o próprio agente responsável pela significação de sua existência, podendo assim realizar suas próprias escolhas. Foi utilizado o método de revisão integrativa, sobretudo, buscando elucidar questões principalmente contemporâneas acerca do tema. As palavras-chaves utilizadas foram uso de drogas na contemporaneidade, política proibicionista e redução de danos, além da utilização de livros clássicos de fenomenologia-existencial. A intransferível tarefa de ser cuidado do próprio existir e a responsabilidade de dar sentido a própria existência, viabiliza a visão de um mundo que pode se tornar um lugar hostil. Obstante, estamos rodeados de perigo, o que confere ao Dasein uma condição de desabrigado. Tendo consciência disso, o Dasein experimenta sentimentos de dor, tédio, angústia e desespero, fatores essenciais que o constitui como vulnerável e que diante disso, o uso de drogas se abre como uma possibilidade de “viver mais tranquilo. Considerando o início do uso das drogas, que comumente se dá na adolescência, há também aí a busca da conquista da identidade, uma vez que em tempos passados, esta nos era apresentada como dada, e seus sentidos previamente determinados, restringindo-nos, pois, os sentidos desvelados e, portanto, nossas possibilidades, e que hoje, deu lugar a um dever de conquista e responsabilidade. Mas como alcançá-la na modernidade levando em consideração valores como individualismo, consumismo, hedonismo e superação dos próprios limites (considerado como sucesso)? Ultimamente vive-se na cultura da utilidade, do progresso e da perfeição e o uso das drogas acompanha esse panorama, onde busca-se algo satisfatório, negligenciando os riscos a longo prazo. Percebe-se que a mesma substância que possibilita bem-estar, uma vez que permite a permanência na impessoalidade, também propicia mal-estar, à medida que viabiliza o distanciamento a cada vez de si mesmo, considerando os modos de uso, não apenas como aprisionador e passivo, mas também como voluntário e ativo. A perspectiva fenomenológica possibilita a compreensão que favorece a abertura para novas significações e novos modos de ser, por isso o contraponto do uso de substâncias psicoativas não pode ser apenas a abstinência como propõe o modelo proibicionista. A liberdade aqui é compreendida como a possibilidade de o homem realizar o seu poder ser e, portanto, preferir fazer uso da política da redução de danos, ou ainda, nenhuma das opções. |
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