Associação das técnicas anatômicas de desidratação por insuflação com plastinação em pulmões de animais / Association of anatomical techniques of dehydration by insufflation with plastination in animal lungs

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Carla Helrigle
Data de Publicação: 2021
Outros Autores: Fontana, Cássio Aparecido Pereira, Ferraz, Henrique Trevizoli, Rezende, Paulo Fernando Zaiden, Ferreira, Guadalupe Sampaio, Masson, Guido Carlos Iselda Hermans
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Veras
Texto Completo: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/26313
Resumo: 1 INTRODUÇÃOA conservação de peças anatômicas em meios líquidos é comumente realizada, utilizando-se para tanto combinações de soluções fixadoras, formaldeído e glicerina, sendo um passo importante para a preservação (RODRIGUES, 2010). No entanto, a agência internacional de pesquisas sobre O cancêr afirmou que a exposição crônica a substâncias tóxicas podem ser deletérias ao organismo, contribuindo com o aparecimento de neoplasias malignas (VISCUSO, 2011; STERLING & WEINKAM, 1989; KILBURN et al., 1989).Dentre as alternativas para confecção de peças secas, incluem-se a insuflação-desidratação pulmonar e a plastinação. Na primeira obtém-se pulmões permanentemente insuflados, introduzindo-se ar comprimido na traqueia e possibilitando uma dessecação gradual em um tempo variado (VISCUSO, 2011). Já na plastinação, para se manter a estrutura e características originais das peças, utiliza-se a impregnação com polímero sob pressão. Para melhorar a qualidade e o tempo de vida útil das peças anatômicas, pode ser utilizada a combinação das técnicas de insuflação-desidratação e finalização com polímeros curáveis (HENRY & BUTLER, 1990; MCKIERNAN & KENELLER 1983).  A confecção de peças antômicas secas vem ganhando cada vez mais espaço nos laboratórios. Apesar de ainda não existir um número signicativo de trabalhos com esse enfoque, há uma tendência da não utilização de líquidos tóxicos para conservação de peças, visando melhorar a salubridade do ambiente de trabalho e estudo, proporcionando peças com maior qualidade e durabilidade. 2 BASE TEÓRICAExistem duas maneiras de obter insuflação pulmonar: aplicando pressão positiva nas vias aéreas ou pressão negativa ao redor dos pulmões. Assim, a pressão intrapulmonar ou a complacência do pulmão determinarão o grau de expansão. A tensão superficial ao nível do alvéolo altera a relação pressão/volume. Quando a insuflação é feita com líquido, a complacência é quase o dobro em relação ao ar. Quando é utilizado um fixador líquido ou gasoso para insuflar o pulmão, a complacência se altera à medida em que houver a fixação do tecido (SÁ,1988).Para melhor observação da peça insuflada é preciso manter o pulmão como se estivesse pausado no meio da inspiração. O tempo necessário para insuflação irá depender de qual espécie animal está sendo utilizada para trabalhar. De acordo com Mckiernan & Keneller (1983), para pulmões de gatos, é necessário um período de 3 a 4 dias de insuflação; para cachorros, ao redor de 7 dias; e para espécies de grande porte (equinos e bovinos) precisa-se de um tempo de até 2 semanas para insuflação.Na técnica de plastinação, os espaços intracelulares e extracelulares dos tecidos são incorporados com polímeros. Uma das etapas é a desidratação com acetona ou etanol, sendo a água celular atraída para o meio mais concentrado através da difusão. Após isso, ela é substituída com vácuo por materiais plásticos, como por exemplo as resinas, ocorrendo o preenchimento gradual dos tecidos (ANDREOLI, 2012). Contudo, essa técnica pode ter alto valor para sua realização, além de ser necessário longo período para impregnação, tornando de difícil acesso para a comunidade acadêmica das universidades públicas (CORTEZ, 2016; ABUMANDOUR & EL-BAKERY, 2019). 3 OBJETIVOSCom o presente trabalho objetivou-se a confecção de peças pulmonares pela associação das técnicas de desidratação-insuflação e plastinação, com adaptações para exemplares maiores. Além disso, buscou-se o desenvolvimento de metodologias salubres e de baixo custo para fabricação de peças secas. 4 METODOLOGIAPara o desenvolvimento dessa associação de técnicas foram utilizadas três exemplares de pulmões, sendo 2 bovinos e 1 suíno, obtidos por doação do Matadouro Municipal para o Laboratório de Anatomia Veterinária - LANVET da Universidade Federal de Jataí - UFJ. As adaptações das técnicas para confecção das peças foram baseadas nas aplicações feitas por Viscuso (2011) associadas à finalização com polímero, como proposto por Henry & Butler (1990) e Gomez & Aburto (2006), combinando assim as técnicas de plastinação com insuflação. Porém, os trabalhos anteriores utilizaram substâncias químicas nocivas, como formol, xilol e peróxido de hidrogênio. Assim, para atender à necessidade da aplicação de antissépticos e fixadores, no presente estudo foram realizados os processos iniciais e finais descritos por Fontana et al. (2019 A), Fontana et al. (2019 B) e Helrigle et al. (2019).Após a morte do animal foi necessária a remoção imediata dos pulmões para sua utilização. A extração foi iniciada na cavidade torácica, procedendo-se sua dissecação. Ao nível da união costocondral e ao redor da união costovertebral realizaram-se cortes que seccionaram, respectivamente, as pregas ventral e dorsal do ligamento pulmonar. Foi necessário a remoção das veias e artérias pulmonares, coração, tecido conjuntivo, nódulos linfáticos associados e coágulos. Realizaram-se pequenas incisões para o desprendimento da pleura visceral do parênquima pulmonar, permitindo maior secagem dos lobos.Na sequência os pulmões foram lavados com água corrente, sendo esta administrada através da traqueia para expansão das vísceras, possibilitando também a saída de sangue e coágulos. Na limpeza dos órgãos foi necessário realizar a massagem deles durante a introdução da água corrente, facilitando a distensão homogênea dos lobos pulmonares.Antes da etapa de insuflação-desidratação introduziu-se etanol a 96% no interior dos pulmões até o preenchimento do espaço traqueobronquial. Esse procedimento permitiu a fixação da peça, além da desidratação durante sua volatilização no órgão expandido (insuflado).Para realização da técnica de insuflação-desidratação pulmonar, através da traqueia aplicou-se ar comprimido a uma determinada pressão, permitindo a secagem gradual com as peças em insuflação permanente. Os pulmões utilizados permaneceram insuflados por períodos suficientes para se atingir a total desidratação, mantendo-se uma expansão intermediária da inspiração.Foi utilizado um compressor elétrico. Incialmente com uma pressão mais baixa, para que os pulmões inflassem de forma lenta, sem causar danos à peça. Assim que a desidratação atingiu maior grau, essa pressão foi aumentada. Posteriormente, conforme os órgãos mantinham o tamanho, essa pressão era novamente reduzida. Através de manômetros foi possível regular a pressão desejada no tanque e também a pressão de saída do tanque. O ar comprimido foi introduzido na traqueia com auxílio de um tubo de silicone, sendo os pulmões mantidos na horizontal sobre uma superfície lisa, virando-se as peças a cada 12 horas. Após 52 horas as peças foram fixadas na posição vertical, por 24 horas, em continua pressão, para não deformar os lobos craniais e proporcionar a distribuição uniforme do ar.A desidratação foi realizada previamente, na etapa da insuflação-desidratação, sem o uso de acetona ou etanol como na técnica de origem. Para melhor proteção e durabilidade da peça anatômica, foi aplicado resina poliéster, que além de melhorar o aspecto estético, também tornou a peça mais resistente à continua manipulação e umidade das mãos, principalmente por ser utilizada como material de estudo para acadêmicos de medicina veterinária e zootecnia. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃOObservou-se que os resultados foram satisfatórios, pois os pulmões com a técnica de insuflação-desidratação, em conjunto com uma adaptação da plastinação, apresentaram um aspecto de maior durabilidade e melhoria na textura, além de proporcionar fácil manipulação da peça, sem necessidade de manutenção. Vale lembrar que a utilização de líquidos conservantes, como por exemplo o formol, é prejudicial à saúde devido a sua alta toxicidade. Materiais secos também facilitam o manuseio para o estudo, já que dispensam o uso de luvas e facilitam a identificação de detalhes anatômicos do órgão, deixando o aspecto visual com melhor qualidade estética.O tempo necessário de insuflação-desidratação nos pulmões de bovinos foi de 96 horas. Já para os pulmões suínos foi de 72 horas. Para ocorrer uma insuflação satisfatória, inicialmente foi aplicada uma pressão de 2,0 bar para os pulmões bovinos e, assim que a peça ficou mais desidratada, introduziu-se uma pressão de até 3,0 bar. Após o pulmão se estabilizar, a pressão foi diminuída para 2,0 bar. O mesmo procedimento foi seguido no pulmão de suíno, sendo as pressões de 1,5 bar; 2,0 bar e 1,6 bar, respectivamente (Figuras 1, 2 e 3). Figura 1: Pulmões bovinos de 4,0 kg. A- Processo de lavagem com pressão; B- 24 h pós lavado com pressão e introdução de álcool etílico a 96% e iniciando insuflação com 2,0 bar; e C- 72 h de insuflação com 3,0 bar. Figura 2: Pulmões suínos de 2,0 Kg. A- inflado por 24 h a uma pressão de 1,5 bar; B- inflado por 52 h a uma pressão de 2,0 bar; e C- inflado por 72 h a uma pressão de 1,6 bar.  Figura 3: Pulmões bovinos 3,035 kg. A- descongelado e lavado com água corrente; B- pesagem; C- lavado com pressão e introdução de álcool etílico a 96% e iniciando insuflação com 2,0 bar.  As peças finalizadas, após aplicação da resina poliéster, podem ser observados na Figura 4. Após a finalização de todo o procedimento observou-se que a etapa de lavagem sob pressão deverá ser melhorada, aumentando o tempo de lavagem com água corrente nas peças maiores pois, devido à dimensão, ainda foram identificados resíduos de sangue. Adicionalmente, vale lembrar que quando a dissecação foi realizada de maneira adequada, o tempo de secagem dos pulmões foi menor, assim como sugerido por GOMEZ & ABURTO (2006).    5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAISA adaptação das técnicas para as possibilidades financeiras das universidades públicas trouxeram efeitos muito positivos para a confecção de peças anatômicas secas, uma vez que, além da redução de custos, facilitou o manuseio e a manutenção das mesmas, sem o cheiro forte característico. Adicionalmente, proporcionou facilidade para transporte do material e facilitou a observação de detalhes na peça, melhorando a qualidade no estudo dos graduandos. Desta forma, podemos concluir que devemos continuar com as pesquias nessas técnicas anatômicas, buscando aperfeiçoamento e adquirindo assim um alto nível de qualidade, mesmo com orçamento racionado.
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Apesar de ainda não existir um número signicativo de trabalhos com esse enfoque, há uma tendência da não utilização de líquidos tóxicos para conservação de peças, visando melhorar a salubridade do ambiente de trabalho e estudo, proporcionando peças com maior qualidade e durabilidade. 2 BASE TEÓRICAExistem duas maneiras de obter insuflação pulmonar: aplicando pressão positiva nas vias aéreas ou pressão negativa ao redor dos pulmões. Assim, a pressão intrapulmonar ou a complacência do pulmão determinarão o grau de expansão. A tensão superficial ao nível do alvéolo altera a relação pressão/volume. Quando a insuflação é feita com líquido, a complacência é quase o dobro em relação ao ar. Quando é utilizado um fixador líquido ou gasoso para insuflar o pulmão, a complacência se altera à medida em que houver a fixação do tecido (SÁ,1988).Para melhor observação da peça insuflada é preciso manter o pulmão como se estivesse pausado no meio da inspiração. O tempo necessário para insuflação irá depender de qual espécie animal está sendo utilizada para trabalhar. De acordo com Mckiernan & Keneller (1983), para pulmões de gatos, é necessário um período de 3 a 4 dias de insuflação; para cachorros, ao redor de 7 dias; e para espécies de grande porte (equinos e bovinos) precisa-se de um tempo de até 2 semanas para insuflação.Na técnica de plastinação, os espaços intracelulares e extracelulares dos tecidos são incorporados com polímeros. Uma das etapas é a desidratação com acetona ou etanol, sendo a água celular atraída para o meio mais concentrado através da difusão. Após isso, ela é substituída com vácuo por materiais plásticos, como por exemplo as resinas, ocorrendo o preenchimento gradual dos tecidos (ANDREOLI, 2012). Contudo, essa técnica pode ter alto valor para sua realização, além de ser necessário longo período para impregnação, tornando de difícil acesso para a comunidade acadêmica das universidades públicas (CORTEZ, 2016; ABUMANDOUR & EL-BAKERY, 2019). 3 OBJETIVOSCom o presente trabalho objetivou-se a confecção de peças pulmonares pela associação das técnicas de desidratação-insuflação e plastinação, com adaptações para exemplares maiores. Além disso, buscou-se o desenvolvimento de metodologias salubres e de baixo custo para fabricação de peças secas. 4 METODOLOGIAPara o desenvolvimento dessa associação de técnicas foram utilizadas três exemplares de pulmões, sendo 2 bovinos e 1 suíno, obtidos por doação do Matadouro Municipal para o Laboratório de Anatomia Veterinária - LANVET da Universidade Federal de Jataí - UFJ. As adaptações das técnicas para confecção das peças foram baseadas nas aplicações feitas por Viscuso (2011) associadas à finalização com polímero, como proposto por Henry & Butler (1990) e Gomez & Aburto (2006), combinando assim as técnicas de plastinação com insuflação. Porém, os trabalhos anteriores utilizaram substâncias químicas nocivas, como formol, xilol e peróxido de hidrogênio. Assim, para atender à necessidade da aplicação de antissépticos e fixadores, no presente estudo foram realizados os processos iniciais e finais descritos por Fontana et al. (2019 A), Fontana et al. (2019 B) e Helrigle et al. (2019).Após a morte do animal foi necessária a remoção imediata dos pulmões para sua utilização. A extração foi iniciada na cavidade torácica, procedendo-se sua dissecação. Ao nível da união costocondral e ao redor da união costovertebral realizaram-se cortes que seccionaram, respectivamente, as pregas ventral e dorsal do ligamento pulmonar. Foi necessário a remoção das veias e artérias pulmonares, coração, tecido conjuntivo, nódulos linfáticos associados e coágulos. Realizaram-se pequenas incisões para o desprendimento da pleura visceral do parênquima pulmonar, permitindo maior secagem dos lobos.Na sequência os pulmões foram lavados com água corrente, sendo esta administrada através da traqueia para expansão das vísceras, possibilitando também a saída de sangue e coágulos. Na limpeza dos órgãos foi necessário realizar a massagem deles durante a introdução da água corrente, facilitando a distensão homogênea dos lobos pulmonares.Antes da etapa de insuflação-desidratação introduziu-se etanol a 96% no interior dos pulmões até o preenchimento do espaço traqueobronquial. Esse procedimento permitiu a fixação da peça, além da desidratação durante sua volatilização no órgão expandido (insuflado).Para realização da técnica de insuflação-desidratação pulmonar, através da traqueia aplicou-se ar comprimido a uma determinada pressão, permitindo a secagem gradual com as peças em insuflação permanente. Os pulmões utilizados permaneceram insuflados por períodos suficientes para se atingir a total desidratação, mantendo-se uma expansão intermediária da inspiração.Foi utilizado um compressor elétrico. Incialmente com uma pressão mais baixa, para que os pulmões inflassem de forma lenta, sem causar danos à peça. Assim que a desidratação atingiu maior grau, essa pressão foi aumentada. Posteriormente, conforme os órgãos mantinham o tamanho, essa pressão era novamente reduzida. Através de manômetros foi possível regular a pressão desejada no tanque e também a pressão de saída do tanque. O ar comprimido foi introduzido na traqueia com auxílio de um tubo de silicone, sendo os pulmões mantidos na horizontal sobre uma superfície lisa, virando-se as peças a cada 12 horas. Após 52 horas as peças foram fixadas na posição vertical, por 24 horas, em continua pressão, para não deformar os lobos craniais e proporcionar a distribuição uniforme do ar.A desidratação foi realizada previamente, na etapa da insuflação-desidratação, sem o uso de acetona ou etanol como na técnica de origem. 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Adicionalmente, vale lembrar que quando a dissecação foi realizada de maneira adequada, o tempo de secagem dos pulmões foi menor, assim como sugerido por GOMEZ & ABURTO (2006).    5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAISA adaptação das técnicas para as possibilidades financeiras das universidades públicas trouxeram efeitos muito positivos para a confecção de peças anatômicas secas, uma vez que, além da redução de custos, facilitou o manuseio e a manutenção das mesmas, sem o cheiro forte característico. Adicionalmente, proporcionou facilidade para transporte do material e facilitou a observação de detalhes na peça, melhorando a qualidade no estudo dos graduandos. 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Quando a insuflação é feita com líquido, a complacência é quase o dobro em relação ao ar. Quando é utilizado um fixador líquido ou gasoso para insuflar o pulmão, a complacência se altera à medida em que houver a fixação do tecido (SÁ,1988).Para melhor observação da peça insuflada é preciso manter o pulmão como se estivesse pausado no meio da inspiração. O tempo necessário para insuflação irá depender de qual espécie animal está sendo utilizada para trabalhar. De acordo com Mckiernan & Keneller (1983), para pulmões de gatos, é necessário um período de 3 a 4 dias de insuflação; para cachorros, ao redor de 7 dias; e para espécies de grande porte (equinos e bovinos) precisa-se de um tempo de até 2 semanas para insuflação.Na técnica de plastinação, os espaços intracelulares e extracelulares dos tecidos são incorporados com polímeros. Uma das etapas é a desidratação com acetona ou etanol, sendo a água celular atraída para o meio mais concentrado através da difusão. Após isso, ela é substituída com vácuo por materiais plásticos, como por exemplo as resinas, ocorrendo o preenchimento gradual dos tecidos (ANDREOLI, 2012). Contudo, essa técnica pode ter alto valor para sua realização, além de ser necessário longo período para impregnação, tornando de difícil acesso para a comunidade acadêmica das universidades públicas (CORTEZ, 2016; ABUMANDOUR & EL-BAKERY, 2019). 3 OBJETIVOSCom o presente trabalho objetivou-se a confecção de peças pulmonares pela associação das técnicas de desidratação-insuflação e plastinação, com adaptações para exemplares maiores. Além disso, buscou-se o desenvolvimento de metodologias salubres e de baixo custo para fabricação de peças secas. 4 METODOLOGIAPara o desenvolvimento dessa associação de técnicas foram utilizadas três exemplares de pulmões, sendo 2 bovinos e 1 suíno, obtidos por doação do Matadouro Municipal para o Laboratório de Anatomia Veterinária - LANVET da Universidade Federal de Jataí - UFJ. As adaptações das técnicas para confecção das peças foram baseadas nas aplicações feitas por Viscuso (2011) associadas à finalização com polímero, como proposto por Henry & Butler (1990) e Gomez & Aburto (2006), combinando assim as técnicas de plastinação com insuflação. Porém, os trabalhos anteriores utilizaram substâncias químicas nocivas, como formol, xilol e peróxido de hidrogênio. Assim, para atender à necessidade da aplicação de antissépticos e fixadores, no presente estudo foram realizados os processos iniciais e finais descritos por Fontana et al. (2019 A), Fontana et al. (2019 B) e Helrigle et al. (2019).Após a morte do animal foi necessária a remoção imediata dos pulmões para sua utilização. A extração foi iniciada na cavidade torácica, procedendo-se sua dissecação. Ao nível da união costocondral e ao redor da união costovertebral realizaram-se cortes que seccionaram, respectivamente, as pregas ventral e dorsal do ligamento pulmonar. Foi necessário a remoção das veias e artérias pulmonares, coração, tecido conjuntivo, nódulos linfáticos associados e coágulos. Realizaram-se pequenas incisões para o desprendimento da pleura visceral do parênquima pulmonar, permitindo maior secagem dos lobos.Na sequência os pulmões foram lavados com água corrente, sendo esta administrada através da traqueia para expansão das vísceras, possibilitando também a saída de sangue e coágulos. Na limpeza dos órgãos foi necessário realizar a massagem deles durante a introdução da água corrente, facilitando a distensão homogênea dos lobos pulmonares.Antes da etapa de insuflação-desidratação introduziu-se etanol a 96% no interior dos pulmões até o preenchimento do espaço traqueobronquial. Esse procedimento permitiu a fixação da peça, além da desidratação durante sua volatilização no órgão expandido (insuflado).Para realização da técnica de insuflação-desidratação pulmonar, através da traqueia aplicou-se ar comprimido a uma determinada pressão, permitindo a secagem gradual com as peças em insuflação permanente. Os pulmões utilizados permaneceram insuflados por períodos suficientes para se atingir a total desidratação, mantendo-se uma expansão intermediária da inspiração.Foi utilizado um compressor elétrico. Incialmente com uma pressão mais baixa, para que os pulmões inflassem de forma lenta, sem causar danos à peça. Assim que a desidratação atingiu maior grau, essa pressão foi aumentada. Posteriormente, conforme os órgãos mantinham o tamanho, essa pressão era novamente reduzida. Através de manômetros foi possível regular a pressão desejada no tanque e também a pressão de saída do tanque. O ar comprimido foi introduzido na traqueia com auxílio de um tubo de silicone, sendo os pulmões mantidos na horizontal sobre uma superfície lisa, virando-se as peças a cada 12 horas. Após 52 horas as peças foram fixadas na posição vertical, por 24 horas, em continua pressão, para não deformar os lobos craniais e proporcionar a distribuição uniforme do ar.A desidratação foi realizada previamente, na etapa da insuflação-desidratação, sem o uso de acetona ou etanol como na técnica de origem. Para melhor proteção e durabilidade da peça anatômica, foi aplicado resina poliéster, que além de melhorar o aspecto estético, também tornou a peça mais resistente à continua manipulação e umidade das mãos, principalmente por ser utilizada como material de estudo para acadêmicos de medicina veterinária e zootecnia. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃOObservou-se que os resultados foram satisfatórios, pois os pulmões com a técnica de insuflação-desidratação, em conjunto com uma adaptação da plastinação, apresentaram um aspecto de maior durabilidade e melhoria na textura, além de proporcionar fácil manipulação da peça, sem necessidade de manutenção. Vale lembrar que a utilização de líquidos conservantes, como por exemplo o formol, é prejudicial à saúde devido a sua alta toxicidade. Materiais secos também facilitam o manuseio para o estudo, já que dispensam o uso de luvas e facilitam a identificação de detalhes anatômicos do órgão, deixando o aspecto visual com melhor qualidade estética.O tempo necessário de insuflação-desidratação nos pulmões de bovinos foi de 96 horas. Já para os pulmões suínos foi de 72 horas. Para ocorrer uma insuflação satisfatória, inicialmente foi aplicada uma pressão de 2,0 bar para os pulmões bovinos e, assim que a peça ficou mais desidratada, introduziu-se uma pressão de até 3,0 bar. Após o pulmão se estabilizar, a pressão foi diminuída para 2,0 bar. O mesmo procedimento foi seguido no pulmão de suíno, sendo as pressões de 1,5 bar; 2,0 bar e 1,6 bar, respectivamente (Figuras 1, 2 e 3). Figura 1: Pulmões bovinos de 4,0 kg. A- Processo de lavagem com pressão; B- 24 h pós lavado com pressão e introdução de álcool etílico a 96% e iniciando insuflação com 2,0 bar; e C- 72 h de insuflação com 3,0 bar. Figura 2: Pulmões suínos de 2,0 Kg. A- inflado por 24 h a uma pressão de 1,5 bar; B- inflado por 52 h a uma pressão de 2,0 bar; e C- inflado por 72 h a uma pressão de 1,6 bar.  Figura 3: Pulmões bovinos 3,035 kg. A- descongelado e lavado com água corrente; B- pesagem; C- lavado com pressão e introdução de álcool etílico a 96% e iniciando insuflação com 2,0 bar.  As peças finalizadas, após aplicação da resina poliéster, podem ser observados na Figura 4. Após a finalização de todo o procedimento observou-se que a etapa de lavagem sob pressão deverá ser melhorada, aumentando o tempo de lavagem com água corrente nas peças maiores pois, devido à dimensão, ainda foram identificados resíduos de sangue. Adicionalmente, vale lembrar que quando a dissecação foi realizada de maneira adequada, o tempo de secagem dos pulmões foi menor, assim como sugerido por GOMEZ & ABURTO (2006).    5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAISA adaptação das técnicas para as possibilidades financeiras das universidades públicas trouxeram efeitos muito positivos para a confecção de peças anatômicas secas, uma vez que, além da redução de custos, facilitou o manuseio e a manutenção das mesmas, sem o cheiro forte característico. Adicionalmente, proporcionou facilidade para transporte do material e facilitou a observação de detalhes na peça, melhorando a qualidade no estudo dos graduandos. Desta forma, podemos concluir que devemos continuar com as pesquias nessas técnicas anatômicas, buscando aperfeiçoamento e adquirindo assim um alto nível de qualidade, mesmo com orçamento racionado.
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