A educação universitária e o sofrimento psíquico de acadêmicos / University education and the psychic suffering of academics

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Biesek, Débora Maria
Data de Publicação: 2021
Outros Autores: Gagliotto, Giseli Monteiro
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Veras
Texto Completo: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/29431
Resumo: Frustração, angústia, confusão, medo e culpa são alguns sentimentos vivenciados por acadêmicos do ensino superior causando-lhes sofrimento psíquico. Há contradição do discurso da educação com as ações educativas. O discurso aponta que a função da educação é a emancipação dos sujeitos, mas o que verificamos, nos atendimentos psicológicos aos acadêmicos é uma educação que aliena e que proporciona dificuldades psíquicas e sociais, ou seja, sofrimento psíquico. Para este trabalho, foram utilizados dados da revisão bibliográfica, obras psicanalíticas e consulta aos prontuários dos acadêmicos que, através de um projeto de extensão, receberam atendimento psicológico, em uma universidade pública paranaense. A angústia é considerada um afeto, bastante desagradável, desprazeroso, interligada à inibição; é a materialização do sofrimento psíquico no corpo. A inibição é uma limitação funcional do Eu, que renuncia e evita novas repressões e conflitos com as outras duas instâncias psíquicas: o Id e o Super-eu. Muitos acadêmicos atendidos, através da nossa escuta, sentiam-se pressionados, a darem tudo de si, por estarem ocupando uma vaga, em uma universidade pública. Alguns deles relataram que estavam num curso de graduação incompatível com o seu próprio desejo; o que contribuía para aumentar o seu sofrimento. Os sintomas eram manifestados, a partir de ideação suicida, transtornos de ansiedade, problemas para adaptarem-se aos estudos no ensino superior e a dificuldade em residir longe da família. Situações muito angustiantes, que prejudicam as funções do Eu, e consequentemente, o desempenho acadêmico desses sujeitos. Verificamos a necessária alteração da rotina e/ou de outros meios para evitar a monotonia e a metodologia repetitiva do ensino. Salientamos que a empatia dos professores para com os acadêmicos é mister. O compartilhamento de responsabilidades também são elementos que auxiliam na diminuição do sofrimento psíquico dos acadêmicos. Muitas vezes, os alunos que apresentam resultados insuficientes nas avaliações e que comportam-se, de forma inibida e distante, apresentam tais sintomas por estarem passando por um período de grande sofrimento. A universidade pública, em sua gestão administrativa, precisa implantar programas de suporte psicológico e/ou multiprofissional para atendimento aos acadêmicos e incentivar o uso das artes e produções culturais integradas ao ensino. E se levarmos em consideração a ideologia política a que estamos submetidos, a tendência é que se não houver um espaço de acolhimento e de serviço em saúde mental para os estudantes, a subjetividade estará cada vez mais em risco de continuar adoecendo.
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