Da casa ao apartamento, Das varandas às sacadas envidraçadas: A transformação do Balneário Mar Grosso / From the house to the apartment, From balconies to glazed balconies: Transformation of the Balneário Mar Grosso

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Benício, Danielle
Data de Publicação: 2020
Outros Autores: Oliveira, Juliana, Gava, Marco Antônio
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Veras
Texto Completo: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/10827
Resumo: Este trabalho resulta da pesquisa de iniciação científica em realização no Laboratório de Arquitetura - Teorias, Memórias e Histórias (Laboratório Artemis) do Curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), sediado em Laguna/SC. Constitui como objeto de estudo a transformação do balneário Mar Grosso, localizado em Laguna, através da substituição da tipologia residencial: da casa térrea unifamiliar pelo apartamento em torre multifamiliar. A cidade de Laguna surge no século XVII e ocupa inicialmente a planície existente junto ao porto natural na laguna Santo Antônio dos Anjos, a oeste, abrigada pelos morros nos limites norte, sul e leste. Esse berço citadino, que coincide atualmente com a área central e o centro comercial, fortemente historicizado, é tombado pelo Iphan em 1985. O bairro Mar Grosso, por sua vez, forma-se do outro lado desses morros, ao longo do oceano Atlântico, paralelo à praia marítima: erguem-se os primeiros chalés de madeira no final do século XIX (ULYSSÉA, 1943); efetiva-se como balneário na primeira metade do século XX; e torna-se lócus de veraneio nas últimas décadas novecentistas - na Contemporaneidade, já como bairro, compõe-se de Zona Residencial (ZR2, ZR3, ZR6; LAGUNA, 2013), com moradias de ocupação permanente e de veraneio, e de Setor de Serviço e Comércio (SESC 4; LAGUNA, 2013). Esse desenvolvimento segue a faixa litorânea, desde o bairro Magalhães e desde o morro da Nalha. Assim, sobretudo para a sociedade local mais abastada, abrem-se novos loteamentos, acompanhados de infraestrutura (pavimentação de ruas, implantação de redes de energia elétrica e água potável, iluminação pública, etc.), dedicados à atividade de lazer (incluindo hotéis, bares, lanchonetes, restaurantes, etc.) e às casas térreas unifamiliares (principalmente nas linguagens art déco, neocolonial e moderna). A partir de 1970, com o advento da BR 101 e a popularização do transporte rodoviário particular, intensifica-se a ocupação do bairro Mar Grosso em direção à praia do Iró e inaugura-se o loteamento na praia do Gi (com o hotel), atrelados às ditas indústrias do turismo e da construção civil (BENÍCIO, 2018; LUCENA, 1998; SIMON, 2000) - mormente para os veranistas regionais enriquecidos, multiplicam-se os apartamentos e elevam-se cada vez mais as torres multifamiliares (com plantas e fachadas semelhantes, revestimento parietal frontal de pastilhas, portões de garagem e sacadas envidraçadas, ostentando churrasqueiras; recuados 1,50m dos vizinhos laterais). Deveras, acelera-se a substituição de casas térreas unifamiliares por apartamentos em torres multifamiliares, transfigurando-se, no presente, o Mar Grosso no único bairro verticalizado do município (a despeito da infraestrutura que se mantém sem a devida evolução). Ora, em decorrência das limitações de preservação impostas no Centro Tombado, liberam-se as possibilidades edilícias no Mar Grosso - sem qualquer proteção, o bairro é explorado pelos grandes empreendimentos de construtoras, ficando à mercê das demolições em prol dos ditos progresso e modernidade. Destarte, vítimas da especulação imobiliária, restam raros exemplares do casario remanescente da origem do balneário.
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