Narrativas de trabalhadoras egressas do programa mulheres mil de Alagoas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Sávio Lima da Costa e
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Universitário da Ânima (RUNA)
Texto Completo: https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/21443
Resumo: Em seus objetivos institucionais, o Programa Mulheres Mil (PMM) propõe-se a estimular o desenvolvimento de uma formação cidadã para as mulheres, com elevação da escolaridade e qualificação profissional por meio da educação não formal. A metodologia do Programa almeja a promoção de melhores condições de inserção social e profissional de suas participantes e destaca a importância do empoderamento das mulheres. O estudo acerca do Programa Mulheres Mil faz-se necessário na medida em que promove a visibilidade a um grupo que necessita ter voz, assim como ter os olhares das políticas públicas voltados para si. Tem-se como objetivo geral analisar como o Programa Mulheres Mil contribui para a redução das desigualdades sociais e econômicas das mulheres alagoanas participantes. Como objetivos específicos, buscou-se: compreender as contribuições do PMM para a formação da cidadania; verificar se o Programa possibilita a inserção de mulheres no mercado de trabalho na área do curso e as estratégias utilizadas pelas participantes; identificar se houve melhoria nas condições de vida das participantes do curso; e, ainda, analisar se, no âmbito da subjetividade, as egressas expressam uma visão de mundo crítica e transformadora sobre as relações de gênero frente às suas relações no trabalho e em outros âmbitos de suas vidas. Adotou-se como método de produção e de análise de dados o Materialismo Histórico-Dialético. Além disso, a pesquisa desenvolveu-se pautada na metodologia da História oral, com história de vida temática, sendo as entrevistas virtuais baseadas em um roteiro semiestruturado e realizadas em 2020, junto a 10 egressas que concluíram nos anos de 2017 e 2018, tanto de áreas urbanas, quanto rurais do estado de Alagoas. Os dados foram complementados por uma pesquisa documental em materiais informativos do Programa Mulheres Mil e em diálogo com um conjunto de pesquisas sobre o Programa realizadas em diferentes estados do Brasil. Os referenciais teóricos do trabalho estão ancorados em um conjunto amplo de autores, dentre os quais destacam-se alguns por áreas específicas de contribuição. Para a área da Educação e Políticas Públicas, o estudo pautou-se em Saviani (1991), Freire (2019), Libâneo (2010), Barros (2018), Melin e Tavares (1998), Braz (2004), Amaral (2010) e Gayatto (1989). Para a educação não formal, buscou-se Cunha (1997), Gohn (2008), Manfredi (2002), Ferreira (2017), Chiavenato (2002) e Libâneo (2010). Acerca de gênero, as autoras de referência foram: Abramowicz (2005), Rosa (2011), Rosemberg (2013), Davis (2018), Garcia (2011), Stromquist (2007) e Bandeira (2014). Como resultados, em relação às mudanças econômicas, vimos que o tipo de curso ofertado e escolhido reflete no sucesso da egressa quanto a sua inserção no mercado de trabalho: dificuldades com o curso de “Agricultora Familiar”, que depende de uma gama de fatores como os geográficos e as políticas econômicas, e com o curso de “Pintora de Obras Imobiliárias”, que enfrenta o sexismo na área da construção civil; facilidades com cursos na área de confeitaria, costura e cartonagem, que permitiram auferir recursos financeiros mensais e maior liberdade de produção como autônomas. Em relação ao mercado formal de trabalho, o Programa é insuficiente para inserção das egressas. Em relação aos processos de mudança de visão de mundo, os resultados foram contraditórios: demonstraram individualmente um alto empoderamento e autoestima e uma variável compreensão acerca de desigualdades entre homens e mulheres nas diversas situações das relações de sociabilidade humana, com maior escala na crítica à sociedade sexista como um todo e em locais de trabalho. Todavia, expressaram contradições frente a situações sexistas no cotidiano, ainda que questionassem a hierarquia nas relações amorosas; poucas passaram a exercer uma cidadania ativa relacionada à consciência dos direitos das mulheres e às suas questões como trabalhadoras autônomas, vendo-se como um grupo de mulheres no sentido do pertencimento, mas não no da práxis coletiva. Nesse contexto, vislumbramos que a educação, ainda que não seja a solução para os problemas de classe, raça e gênero, necessitando de outras experiências, pode contribuir para a construção da visão crítica de mundo.
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Os dados foram complementados por uma pesquisa documental em materiais informativos do Programa Mulheres Mil e em diálogo com um conjunto de pesquisas sobre o Programa realizadas em diferentes estados do Brasil. Os referenciais teóricos do trabalho estão ancorados em um conjunto amplo de autores, dentre os quais destacam-se alguns por áreas específicas de contribuição. Para a área da Educação e Políticas Públicas, o estudo pautou-se em Saviani (1991), Freire (2019), Libâneo (2010), Barros (2018), Melin e Tavares (1998), Braz (2004), Amaral (2010) e Gayatto (1989). Para a educação não formal, buscou-se Cunha (1997), Gohn (2008), Manfredi (2002), Ferreira (2017), Chiavenato (2002) e Libâneo (2010). Acerca de gênero, as autoras de referência foram: Abramowicz (2005), Rosa (2011), Rosemberg (2013), Davis (2018), Garcia (2011), Stromquist (2007) e Bandeira (2014). Como resultados, em relação às mudanças econômicas, vimos que o tipo de curso ofertado e escolhido reflete no sucesso da egressa quanto a sua inserção no mercado de trabalho: dificuldades com o curso de “Agricultora Familiar”, que depende de uma gama de fatores como os geográficos e as políticas econômicas, e com o curso de “Pintora de Obras Imobiliárias”, que enfrenta o sexismo na área da construção civil; facilidades com cursos na área de confeitaria, costura e cartonagem, que permitiram auferir recursos financeiros mensais e maior liberdade de produção como autônomas. Em relação ao mercado formal de trabalho, o Programa é insuficiente para inserção das egressas. Em relação aos processos de mudança de visão de mundo, os resultados foram contraditórios: demonstraram individualmente um alto empoderamento e autoestima e uma variável compreensão acerca de desigualdades entre homens e mulheres nas diversas situações das relações de sociabilidade humana, com maior escala na crítica à sociedade sexista como um todo e em locais de trabalho. Todavia, expressaram contradições frente a situações sexistas no cotidiano, ainda que questionassem a hierarquia nas relações amorosas; poucas passaram a exercer uma cidadania ativa relacionada à consciência dos direitos das mulheres e às suas questões como trabalhadoras autônomas, vendo-se como um grupo de mulheres no sentido do pertencimento, mas não no da práxis coletiva. Nesse contexto, vislumbramos que a educação, ainda que não seja a solução para os problemas de classe, raça e gênero, necessitando de outras experiências, pode contribuir para a construção da visão crítica de mundo.Cruz, Tânia MaraSilva, Sávio Lima da Costa e2022-03-17T13:34:50Z2022-03-17T13:34:50Z2021-07info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis150application/pdfhttps://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/21443TUBARÃOAtribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Brasilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Universitário da Ânima (RUNA)instname:Ânima Educaçãoinstacron:Ânima2022-03-17T21:13:36Zoai:repositorio.animaeducacao.com.br:ANIMA/21443Repositório InstitucionalPRIhttps://repositorio.animaeducacao.com.br/oai/requestcontato@animaeducacao.com.bropendoar:2022-03-17T21:13:36Repositório Universitário da Ânima (RUNA) - Ânima Educaçãofalse
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