Corpos surdos na arte De’via: resistências políticas das imagens
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Universitário da Ânima (RUNA) |
Texto Completo: | https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/14648 |
Resumo: | Na década de 1980 surgiu nos Estados Unidos um movimento cultural, liderado por artistas visuais surdos, denominado de Arte De'VIA - Deaf View Image and Art. Esse movimento buscava desnaturalizar aquilo que, até então, era chamado de arte surda. Neste sentido, o objetivo desta tese é analisar as estratégias de resistência política da surdidade na produção de imagens de crianças surdas na arte De’VIA. Busca-se, também, reconhecer os traços caracterizados como gestos políticos de resistência ao poder normalizador ouvinte; compreender os efeitos que as imagens do corpo da criança produzem nas telas dos pintores do Movimento De’VIA; apontar os elementos que compõem uma contra-narrativa surda sobre a sua própria história e a sua surdidade. Fundamentando-se no referencial teórico-metodológico de Jacques Ranciére, Giorgio Agamben, Georges Didi-Huberman, Judith Butler, Paddy Ladd e Conceição Evaristo, a pesquisa consiste na análise de obras de arte do referido movimento artístico, com enfoque nas produções de duas artistas surdas contemporâneas: Nancy Rourke e Susan Dupor. Foram observados, também, elementos que, concatenados, ativam o pensamento e a potência política da linguagem e da visualidade, tais como: escala, composição do espaço pictórico, formas, linhas, cores, luz, tonalidades, texturas, padrões e repetições. Observou-se que a apropriação das imagens injuriosas sobre a criança surda transforma em resistência aquilo que serviu de justificativa para a colonização dos corpos surdos: a sua suposta indocilidade, a sua animalidade ou a sua monstruosidade. Na mesma direção, a exposição da condição de “ser objetificado” expõem as tentativas massivas de normalização e de governo das populações surdas. Uma vez que as imagens das infâncias surdas remetem a um passado em comum, vivido na singularidade indissociável da experiência coletiva da surdidade, a tarefa das pintoras se aproxima do conceito de escrevivência da escritora Conceição Evaristo. Isso porque, para além da escrita de si, que relata e reflete sobre a experiência individual do sujeito, a escrevivência trata da experiência individual que se repete no coletivo. Simultaneamente, em contraposição aos ideais romantizados de família, de feminilidade, de infância e de criança deficiente, as artistas expõem outro enquadramento para além do tradicional, do estável, do fixo, enfim, do adulto. A pintura da surdidade ganha assim, um rosto profanador, que recusa os modos de vida subalternizados, historicamente relegados às pessoas surdas ao redor do mundo. |
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