Blastomicose do sistema nervoso

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Canelas,Horácio M.
Data de Publicação: 1951
Outros Autores: Lima,Francisco Pinto, Bittencourt,J. M. T., Araujo,Roberto P., Angiiinaji,Abrão
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Arquivos de neuro-psiquiatria (Online)
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1951000300003
Resumo: Os autores chamam a atenção sôbre os erros de diagnóstico nos casos de neuroblastomicose, seja nas formas meningoencefálicas, seja nas tumorais. São focalizadas a paracoccidioidose e a criptococose. Depois de caracterizarem clìnicamente a paracoccidioidose, acentuam a raridade das formas nervosas (1,2% dos casos dessa micose autopsiados no Departamento de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Pela revisão da literatura foi verificado haver apenas 12 casos registrados. 0 caso de Casiello e Klass é o único em que o diagnóstico foi feito em vida; os demais, ou constituem achado de necropsia, ou foram inesperadamente revelados pelo exame histopatológico realizado após intervenções cirúrgicas. Os autores registram 2 casos de paracoccidioidose do sistema nervoso. No primeiro, tratava-se de meningomielorra-diculite crônica, sendo o parasito identificado no escarro; o segundo era portador de síndrome de compressão medular, cuja patogenia é discutida pelos autores, tendo sido a etiologia paracoccidióidica comprovada pelo exame da polpa e biópsia ganglionares. Considerações clínicas sôbre a criptococose precedem o relato de um caso de meningoencefalomielite subaguda, no qual fôra feito em vida o diagnóstico de paracoccidioidose, pelo exame micológico do liqüido cefalorraqueano; êste paciente, embora medicado com doses maciças de sulfa e tiossemicarbarsona, veio a falecer, tendo o exame anátomo-patológico revelado tratar-se, na realidade, de lesões nervosas produzidas pelo Crypíococcus neo-formans. Nos três casos era incisivo o caráter neurocirúrgico da sintomatologia. Entretanto, ante o diagnóstico de paracoccidioidose, foi instituído tratamento pelas sulfas, vacina específica e tiossemicarbarsona. Os resultados foram excelentes no caso 2, em que a terapêutica pôde ser instituída mais precocemente; melhoras também foram obtidas no caso 1. No caso 3, foram verificadas melhoras transitórias com o tratamento, porém, após dois anos de moléstia, o paciente veio a falecer. Os autores concluem que a blastomicose do sistema nervoso deverá participar das cogitações neurocirúrgicas. Entretanto, na paracoccidioidose, a sulfamidoterapia em doses elevadas, associada às vacinas antiblastomicóticas, deve constituir a primeira tentativa terapêutica. Para o tratamento da torulose são indicadas a estreptotricina e a actidiona, embora a experiência com o seu uso clínico ainda seja muito pequena para que se chegue a conclusões definitivas. A cirurgia ficará reservada àqueles casos em que as condições topográficas ou evolutivas da lesão exijam solução urgente.
id ABNEURO-1_909f3a0bd693f81714cd2fa2f81fd68e
oai_identifier_str oai:scielo:S0004-282X1951000300003
network_acronym_str ABNEURO-1
network_name_str Arquivos de neuro-psiquiatria (Online)
repository_id_str
spelling Blastomicose do sistema nervosoOs autores chamam a atenção sôbre os erros de diagnóstico nos casos de neuroblastomicose, seja nas formas meningoencefálicas, seja nas tumorais. São focalizadas a paracoccidioidose e a criptococose. Depois de caracterizarem clìnicamente a paracoccidioidose, acentuam a raridade das formas nervosas (1,2% dos casos dessa micose autopsiados no Departamento de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Pela revisão da literatura foi verificado haver apenas 12 casos registrados. 0 caso de Casiello e Klass é o único em que o diagnóstico foi feito em vida; os demais, ou constituem achado de necropsia, ou foram inesperadamente revelados pelo exame histopatológico realizado após intervenções cirúrgicas. Os autores registram 2 casos de paracoccidioidose do sistema nervoso. No primeiro, tratava-se de meningomielorra-diculite crônica, sendo o parasito identificado no escarro; o segundo era portador de síndrome de compressão medular, cuja patogenia é discutida pelos autores, tendo sido a etiologia paracoccidióidica comprovada pelo exame da polpa e biópsia ganglionares. Considerações clínicas sôbre a criptococose precedem o relato de um caso de meningoencefalomielite subaguda, no qual fôra feito em vida o diagnóstico de paracoccidioidose, pelo exame micológico do liqüido cefalorraqueano; êste paciente, embora medicado com doses maciças de sulfa e tiossemicarbarsona, veio a falecer, tendo o exame anátomo-patológico revelado tratar-se, na realidade, de lesões nervosas produzidas pelo Crypíococcus neo-formans. Nos três casos era incisivo o caráter neurocirúrgico da sintomatologia. Entretanto, ante o diagnóstico de paracoccidioidose, foi instituído tratamento pelas sulfas, vacina específica e tiossemicarbarsona. Os resultados foram excelentes no caso 2, em que a terapêutica pôde ser instituída mais precocemente; melhoras também foram obtidas no caso 1. No caso 3, foram verificadas melhoras transitórias com o tratamento, porém, após dois anos de moléstia, o paciente veio a falecer. Os autores concluem que a blastomicose do sistema nervoso deverá participar das cogitações neurocirúrgicas. Entretanto, na paracoccidioidose, a sulfamidoterapia em doses elevadas, associada às vacinas antiblastomicóticas, deve constituir a primeira tentativa terapêutica. Para o tratamento da torulose são indicadas a estreptotricina e a actidiona, embora a experiência com o seu uso clínico ainda seja muito pequena para que se chegue a conclusões definitivas. A cirurgia ficará reservada àqueles casos em que as condições topográficas ou evolutivas da lesão exijam solução urgente.Academia Brasileira de Neurologia - ABNEURO1951-09-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersiontext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1951000300003Arquivos de Neuro-Psiquiatria v.9 n.3 1951reponame:Arquivos de neuro-psiquiatria (Online)instname:Academia Brasileira de Neurologiainstacron:ABNEURO10.1590/S0004-282X1951000300003info:eu-repo/semantics/openAccessCanelas,Horácio M.Lima,Francisco PintoBittencourt,J. M. T.Araujo,Roberto P.Angiiinaji,Abrãopor2015-02-06T00:00:00Zoai:scielo:S0004-282X1951000300003Revistahttp://www.scielo.br/anphttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.php||revista.arquivos@abneuro.org1678-42270004-282Xopendoar:2015-02-06T00:00Arquivos de neuro-psiquiatria (Online) - Academia Brasileira de Neurologiafalse
dc.title.none.fl_str_mv Blastomicose do sistema nervoso
title Blastomicose do sistema nervoso
spellingShingle Blastomicose do sistema nervoso
Canelas,Horácio M.
title_short Blastomicose do sistema nervoso
title_full Blastomicose do sistema nervoso
title_fullStr Blastomicose do sistema nervoso
title_full_unstemmed Blastomicose do sistema nervoso
title_sort Blastomicose do sistema nervoso
author Canelas,Horácio M.
author_facet Canelas,Horácio M.
Lima,Francisco Pinto
Bittencourt,J. M. T.
Araujo,Roberto P.
Angiiinaji,Abrão
author_role author
author2 Lima,Francisco Pinto
Bittencourt,J. M. T.
Araujo,Roberto P.
Angiiinaji,Abrão
author2_role author
author
author
author
dc.contributor.author.fl_str_mv Canelas,Horácio M.
Lima,Francisco Pinto
Bittencourt,J. M. T.
Araujo,Roberto P.
Angiiinaji,Abrão
description Os autores chamam a atenção sôbre os erros de diagnóstico nos casos de neuroblastomicose, seja nas formas meningoencefálicas, seja nas tumorais. São focalizadas a paracoccidioidose e a criptococose. Depois de caracterizarem clìnicamente a paracoccidioidose, acentuam a raridade das formas nervosas (1,2% dos casos dessa micose autopsiados no Departamento de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Pela revisão da literatura foi verificado haver apenas 12 casos registrados. 0 caso de Casiello e Klass é o único em que o diagnóstico foi feito em vida; os demais, ou constituem achado de necropsia, ou foram inesperadamente revelados pelo exame histopatológico realizado após intervenções cirúrgicas. Os autores registram 2 casos de paracoccidioidose do sistema nervoso. No primeiro, tratava-se de meningomielorra-diculite crônica, sendo o parasito identificado no escarro; o segundo era portador de síndrome de compressão medular, cuja patogenia é discutida pelos autores, tendo sido a etiologia paracoccidióidica comprovada pelo exame da polpa e biópsia ganglionares. Considerações clínicas sôbre a criptococose precedem o relato de um caso de meningoencefalomielite subaguda, no qual fôra feito em vida o diagnóstico de paracoccidioidose, pelo exame micológico do liqüido cefalorraqueano; êste paciente, embora medicado com doses maciças de sulfa e tiossemicarbarsona, veio a falecer, tendo o exame anátomo-patológico revelado tratar-se, na realidade, de lesões nervosas produzidas pelo Crypíococcus neo-formans. Nos três casos era incisivo o caráter neurocirúrgico da sintomatologia. Entretanto, ante o diagnóstico de paracoccidioidose, foi instituído tratamento pelas sulfas, vacina específica e tiossemicarbarsona. Os resultados foram excelentes no caso 2, em que a terapêutica pôde ser instituída mais precocemente; melhoras também foram obtidas no caso 1. No caso 3, foram verificadas melhoras transitórias com o tratamento, porém, após dois anos de moléstia, o paciente veio a falecer. Os autores concluem que a blastomicose do sistema nervoso deverá participar das cogitações neurocirúrgicas. Entretanto, na paracoccidioidose, a sulfamidoterapia em doses elevadas, associada às vacinas antiblastomicóticas, deve constituir a primeira tentativa terapêutica. Para o tratamento da torulose são indicadas a estreptotricina e a actidiona, embora a experiência com o seu uso clínico ainda seja muito pequena para que se chegue a conclusões definitivas. A cirurgia ficará reservada àqueles casos em que as condições topográficas ou evolutivas da lesão exijam solução urgente.
publishDate 1951
dc.date.none.fl_str_mv 1951-09-01
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1951000300003
url http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1951000300003
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 10.1590/S0004-282X1951000300003
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv text/html
dc.publisher.none.fl_str_mv Academia Brasileira de Neurologia - ABNEURO
publisher.none.fl_str_mv Academia Brasileira de Neurologia - ABNEURO
dc.source.none.fl_str_mv Arquivos de Neuro-Psiquiatria v.9 n.3 1951
reponame:Arquivos de neuro-psiquiatria (Online)
instname:Academia Brasileira de Neurologia
instacron:ABNEURO
instname_str Academia Brasileira de Neurologia
instacron_str ABNEURO
institution ABNEURO
reponame_str Arquivos de neuro-psiquiatria (Online)
collection Arquivos de neuro-psiquiatria (Online)
repository.name.fl_str_mv Arquivos de neuro-psiquiatria (Online) - Academia Brasileira de Neurologia
repository.mail.fl_str_mv ||revista.arquivos@abneuro.org
_version_ 1754212741537595392