Fontes de inadequação das recomendações internacionais sobre requerimentos humanos de energia para a população brasileira
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2002 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista brasileira de epidemiologia (Online) |
Texto Completo: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-790X2002000400008 |
Resumo: | As recomendações internacionais sobre requerimentos humanos de energia (RHE), propostas pela FAO/WHO/UNU em 1985, representaram importante avanço metodológico, na medida em que os requerimentos passaram a ser baseados nos componentes de gasto energético do organismo, substituindo-se o método derivado da observação da ingestão de pessoas saudáveis. Esta modificação foi baseada na constatação de que a determinação dos RHE com base em ingestões observadas era um argumento circular, uma vez que estas não eram, forçosamente, aquelas que mantinham a massa corporal desejável e os níveis ótimos de atividade física para a saúde a longo prazo. A reunião de 1994 do International Dietary Energy Consultative Group, publicada em 1996, bem como artigos de autores nacionais e estrangeiros, indicam que os principais problemas no método proposto estão relacionados: às equações de predição da taxa metabólica basal (TMB); aos valores de nível de atividade física (NAF); aos mecanismos de adaptação; ao método de cálculo dos requerimentos para menores de 10 anos de idade. No caso brasileiro, as equações de predição tendem a superestimar a TMB de adultos (maiores de 18 anos) e os valores de NAF não são adequados à população, como indicam estudos recentes de medição da TMB e de estimação dos valores de NAF. Comparando os RHE calculados pelo método fatorial (baseado na duração das atividades e nos correspondentes índices energéticos integrados) com aqueles obtidos pelo método simplificado (baseado nos valores recomendados de NAF), este artigo mostra que os valores recomendados de NAF: para as mulheres de 18 a 59 anos, determinam RHE de 11% a 17% acima do necessário para o grupo, podendo conduzir estas mulheres à obesidade; para homens de 10 a 17 anos e acima de 60 anos, bem como para mulheres de 11 a 17 anos, conduziriam à desnutrição simplesmente por não incluírem provisão para as atividades físicas ocupacionais; para homens entre 18 e 59 anos, só podem ser usados para calcular o RHE médio da população total, pois seu uso para os residentes em áreas rurais ou urbanas separadamente conduziria à desnutrição ou à obesidade, respectivamente. Além disto, este artigo mostra que os requerimentos baseados nos valores estimados de NAF aproximam-se, em média, dos requerimentos calculados pelo método fatorial, para todas as estratificações utilizadas. Por fim, considerando que existe, no âmbito do Sistema Estatístico Nacional, informação suficiente para estimar valores de NAF mais adequados a diversas estratificações da população brasileira do que os recomendados, este artigo sugere o cálculo dos requerimentos com base nos valores de NAF estimados para o País. |
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