CUBATÃO: NA BUSCA DAS FAVELAS O ENCONTRO DO “PEÃO” QUE PERMANECE

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Damiani, Amélia Luisa
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Boletim Paulista de Geografia
Texto Completo: https://publicacoes.agb.org.br/boletim-paulista/article/view/975
Resumo: Tratamos de estudar as favelas de Cubatão no contexto de seu desenvolvimento enquanto centro petroquímico-siderúrgico, cujo início data da década de 1950. Movidos pelo interesse de não fugir à sua especificidade em Cubatão, afastamo-nos, num primeiro momento, da temática da favela propriamente, para nos concentrarmos nos favelados como trabalhadores. Esta perspectiva nos garantiu a descoberta de uma industrialização escondida na paisagem, já que não estruturada em um corpo industrial definido. Industrialização que é inerente ao processo de acumulação instaurado em Cubatão, tendo como personagens - se bem que não únicos - os favelados trabalhadores. Refere-se, em especial, à indústria de construção pesada e montagem industrial. Para explicá-la recorremos à compreensão do processo de reprodução do capital constante das demais indústrias desse centro produtivo, particularmente da fração que lhe é afeta. Esboçamos algumas das formas de exploração e dominação da força- de- trabalho no interior da indústria da construção, que justificam a extrema pobreza em que vivem seus trabalhadores e que combinadas ao processo de valorização da terra em Cubatão, paralela ao desenvolvimento do centro industrial, e o decorrente encarecimento dos aluguéis, traduzem-se na sua condição de favelado ou habitante de outros núcleos pobres, aparentados às favelas. A população favelada se aproxima da metade da população total de Cubatão. A história de expropriação em Cubatão não se esgota nas favelas, atinge outros núcleos pobres, num verdadeiro processo de favelização tático, visando a extinção dos mesmos e o açambarcamento dessas áreas pelas indústrias, corroborado pelo Estado, através de legislação de uso do solo, etc. Levada às últimas consequências, essa expropriação abrange Cubatão inteiro, na figura de um centro urbano altamente poluído, em decorrência da produção industrial e dos parcos equipamentos antipoluentes disponíveis. Cada vez mais Cubatão se caracteriza como lugar hostil à vida. 
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