“TERRAS ADUBADAS COM SANGUE” O coronelismo de Terras do sem fim
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista Brasileira de Ciências Sociais |
Texto Completo: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092021000100506 |
Resumo: | Este artigo investiga a concepção de coronelismo presente na trama de Terras do sem fim, de Jorge Amado. Lançado em 1943, o romance marcou a literatura brasileira ao narrar a épica luta armada entre dois clãs de fazendeiros do cacau que, na Ilhéus do início do século XX, disputavam a posse das matas virgens do Sequeiro Grande. Parte da crítica especializada, ao tentar compreender como o romancista concebia a relação dos coronéis com o Estado, viu neles a expressão de um poderio privado exacerbado, contra o qual a lei não poderia se impor: sobrevivência do patriarcalismo e das lutas de famílias, cujas origens históricas remontam à Colônia. Olhando mais de perto, porém, não se trata disso, ou não apenas disso. Jorge Amado percebeu que o Estado, nesse período histórico do coronelismo, estava relativamente mais fortalecido, motivo pelo qual os clãs rivais passavam a lutar pelo poder político e pelo domínio das instituições, como a polícia e a justiça, que os favoreceriam nas disputas contra oligarquias adversárias. Conclui-se que Amado, em certo sentido, antecipou a construção do conceito de coronelismo, que só viria a ser delimitado abstratamente um pouco mais tarde, em 1948, com a publicação de Coronelismo, enxada e voto, de Victor Nunes Leal. |
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“TERRAS ADUBADAS COM SANGUE” O coronelismo de Terras do sem fimJorge AmadoCoronelismoPatriarcalismoLutas de famíliasTerras do sem fimHistória do direitoEste artigo investiga a concepção de coronelismo presente na trama de Terras do sem fim, de Jorge Amado. Lançado em 1943, o romance marcou a literatura brasileira ao narrar a épica luta armada entre dois clãs de fazendeiros do cacau que, na Ilhéus do início do século XX, disputavam a posse das matas virgens do Sequeiro Grande. Parte da crítica especializada, ao tentar compreender como o romancista concebia a relação dos coronéis com o Estado, viu neles a expressão de um poderio privado exacerbado, contra o qual a lei não poderia se impor: sobrevivência do patriarcalismo e das lutas de famílias, cujas origens históricas remontam à Colônia. Olhando mais de perto, porém, não se trata disso, ou não apenas disso. Jorge Amado percebeu que o Estado, nesse período histórico do coronelismo, estava relativamente mais fortalecido, motivo pelo qual os clãs rivais passavam a lutar pelo poder político e pelo domínio das instituições, como a polícia e a justiça, que os favoreceriam nas disputas contra oligarquias adversárias. Conclui-se que Amado, em certo sentido, antecipou a construção do conceito de coronelismo, que só viria a ser delimitado abstratamente um pouco mais tarde, em 1948, com a publicação de Coronelismo, enxada e voto, de Victor Nunes Leal.Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais - ANPOCS2021-01-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersiontext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092021000100506Revista Brasileira de Ciências Sociais v.36 n.105 2021reponame:Revista Brasileira de Ciências Sociaisinstname:Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS)instacron:ANPOCS10.1590/3610507/2020info:eu-repo/semantics/openAccessMansur,João Paulopor2020-08-26T00:00:00Zoai:scielo:S0102-69092021000100506Revistahttp://www.scielo.br/revistas/rbcsoc/iaboutj.htmhttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.php||anpocs@anpocs.org.br1806-90530102-6909opendoar:2020-08-26T00:00Revista Brasileira de Ciências Sociais - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS)false |
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