Hematoma hepático volumoso em paciente com Dengue: nova complicação de uma velha doença

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Kumano, Laurie Sayuri
Data de Publicação: 2023
Outros Autores: de Lima, Bruna Matos, de Oliveira, Carlos Henrique Novelino, Chagas, Pedro Henrique Nahas, Pavam, Augusto Alves, Contel, Camila Medeiros, Estofolete, Cássia Fernanda, Giacomini, Matheus Gomes
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Brazilian Journal of Health Review
Texto Completo: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/65022
Resumo: Introdução: Em 2022, a dengue apresentou uma taxa de incidência de 667 casos por 100 mil habitantes, chegando a cerca de quase 1,5 milhão de casos no Brasil, mostrando portanto sua grande prevalência. Manifestações não usuais têm sido descritas progressivamente, demonstrando o caráter heterogêneo desta patologia. Neste estudo, é descrito o relato inédito de uma complicação atípica de dengue, a degeneração hemorrágica de possível adenoma hepático prévio associado ainda a derrame pleural. Objetivos: Realizar descrição clínica de complicação incomum e rara de degeneração hemorrágica de grande volume de possível adenoma hepático em um paciente com dengue avaliado em um Centro Hospitalar Terciário. Metodologia: Trata-se de um relato de caso com delineamento descritivo e observacional, sem grupo controle e com caráter narrativo. Relato de caso e discussão: Paciente sexo feminino, 36 anos, branca, ex-tabagista e hipertensa, iniciou há 10 dias da admissão, febre e exantema pruriginoso, evoluindo com dor em hipocôndrio direito e sintomas constitucionais. À admissão, apresentava-se hipotensa com descompressão brusca positiva em abdome e petéquias generalizadas. Exames iniciais demonstraram anemia, plaquetopenia, elevação de enzimas canaliculares e hepáticas e em tomografia computadorizada (TC) de abdome, hematoma subcapsular em lobo hepático direito de 510 cm³. À avaliação da equipe cirúrgica, houve a hipótese de adenoma hepático com degeneração hemorrágica, com proposta conservadora. A paciente evoluiu com piora clínica e queda de nível hematimétrico, com nova TC com aumento do hematoma - 1200 cm³, sendo realizado transfusão de hemoderivados. Após 2 dias, apresentou piora laboratorial, dessaturação com necessidade de intubação orotraqueal e hipotensão com necessidade de droga vasoativa, sendo encaminhada à UTI. Apresentou Hemoculturas com Haemophilus influenzae e sorologia para dengue reagente (Anti-Dengue IgM). Ademais, viu-se em nova TC alterações pulmonares com presença de derrame pleural bilateral, consolidações permeadas por opacidades "vidro fosco" e aumento do hematoma - 1300 cm³. Levantaram-se as hipóteses de Síndrome Respiratória Aguda Grave, lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão e sobrecarga circulatória pós-transfusional. Após medidas de suporte, evoluiu com boa resposta. Após alguns dias, paciente cursou com nova piora sendo evidenciado piora do derrame pleural (exsudato) com necessidade de drenagem. A paciente recebeu alta no 47° dia de internação. Em TC realizada pós alta, houve redução hematoma (180 cm³) e raio-X de tórax sem alterações. Conclusão: A dengue tem apresentando manifestações atípicas. Relatou-se um caso de uma complicação até então não encontrada na literatura, com desfecho favorável, a fim de aprimorar o conhecimento científico, de melhorar a assistência médica e de nortear futuros estudos e tratamentos.
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