10 anos após a implementação da vacina contra HPV no SUS: análise epidemiológica das lesões induzidas por HPV

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cruz, Isabelle Silva Melo da
Data de Publicação: 2024
Outros Autores: Campos, André Luiz Baião, Passos, André Luis Ferreira de Souza, Mota, Filipe Matias Batista, Novaes Junior, Jordan Maia, Araújo, Mateus Vitor da Silva
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Brazilian Journal of Health Review
Texto Completo: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/68328
Resumo: A infecção pelo papilomavírus humano (HPV) é considerada a infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo. Outrossim, as lesões induzidas por alguns subtipos de HPV mostram potencial importante para a transformação neoplásica.  Em 2023, estima-se uma incidência de 17.010 casos novos, o que representa um risco considerado de 13,25 casos a cada 100 mil mulheres brasileiras (Ministério da Saúde, 2023). Este artigo propõe, por meio de revisão de literatura e obtenção de dados estatísticos do  Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde - Sistema Datasus, a análise epidemiológica das lesões induzidas por HPV após 10 anos da implementação da vacina quadrivalente. Este estudo é classificado como ecológico do tipo retrospectivo, com abordagem de série temporal e censitária. A população do estudo foi composta por mulheres que realizaram o exame citopatológico no período de 2013 a 2024. Os dados foram  coletados do SISCAN (sistema de informação do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde - DATASUS). As variáveis, todas do tipo quantitativas, foram tabuladas e apresentadas como dados absolutos e, posteriormente, quando necessário, calculou-se as porcentagens utilizando o mesmo programa. Além disso, foi realizada revisão de literatura não sistemática buscando estudos que registraram os impactos da vacinação do HPV no Brasil e em outros países. A partir dos dados obtidos, foi possível identificar aumento importante no rastreamento de lesões do colo do útero, tendo também aumento de 5663% no número de exames citopatológicos realizados entre 2013 e 2023.  Em análise percentual, houve aumento na incidência das lesões: ASC-H, de 7,2% para 13,64% (gráfico 1), alteração glandular indicando lesão de alto grau, de 1% para 1,55% (gráfico 2), lesão intraepitelial de alto grau, de 8,48% para 11,56% (gráfico 3) e adenocarcinoma in situ, de 0,1% para 0,18% (gráfico 4) em relação ao número de exames alterados no período analisado. Além disso, observou-se diminuição na prevalência das lesões: lesão intraepitelial de baixo grau, de 28,42% para 20,77% (gráfico 5) e adenocarcinoma invasor, de 0,17% para 0,09% (gráfico 6). Em estudo realizado no estado da Bahia, foi demonstrada uma diminuição na incidência de verrugas genitais em 52,7% no período entre 2009 e 2019, demonstrando impacto positivo em relação à eficácia da vacinação para prevenção de condilomas (PORTELA, C. S., 2022). Além disso, uma meta-análise global de sete estudos sobre prevalência de HPV, encontrou um declínio de 68% na infecção por HPV 16/18 em países com cobertura vacinal de pelo menos 50% ((Drolet, Mélanie et al., 2015). De acordo com os dados coletados no SISCAN, houve aumento na detecção de alguns tipos de lesões pré-neoplásicas de alto grau e adenocarcinoma in situ, fato que acompanha elevação significativa na realização de exames realizados no período analisado. Por outro lado, é evidente que a vacinação contra o HPV diminui a infecção pelo vírus, haja vista a diminuição significativa na detecção dos subtipos alvo da vacina tetravalente poucos anos após o início da vacinação, conforme demonstrado nos estudos citados. Outrossim, mais estudos sobre o assunto podem trazer dados mais consistentes sobre a incidência das lesões cervicais futuramente, uma vez que a população vacinada não atingiu o pico de idade para a incidência do infecção por HPV (ou seja, entre 25 e 35 anos).
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