Trauma duodenal e a cirurgia de Vaughan: um relato de caso

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sampaio, Natália Zaneti
Data de Publicação: 2023
Outros Autores: de Souza, Taynara Fernandes, Oliveira, Lucas Tiezi, Martins, Aline Ribeiro, Jordão, Julia, Lorençon, Henry Sauerbronn, Pereira, Iasmin Rodrigues, Haddad, Guilherme Focchi
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Brazilian Journal of Health Review
DOI: 10.34119/bjhrv6n5-545
Texto Completo: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/64011
Resumo: O trauma abdominal pode ser fechado ou aberto, e os órgãos mais frequentemente afetados são o baço e o fígado, respectivamente. O trauma duodenal tem uma incidência de 2 a 5% na população adulta e ocorre principalmente em traumas penetrantes. No trauma duodenal isolado, o diagnóstico geralmente é tardio, o que piora o prognóstico e aumenta a taxa de morbidade e mortalidade, uma vez que a indicação de laparotomia exploratória ocorre por outros motivos e o diagnóstico de lesão duodenal é feito no intraoperatório. As lesões duodenais de grau III são tratadas com cirurgia de exclusão primária e pilórica, anastomose gástrico-enteral e drenagem intracavitária, conhecida como cirurgia de Vaughan. Relatamos o caso de um paciente do sexo masculino, 20 anos, previamente hígido, admitido por politraumatismo (colisão entre bicicleta e van), hemodinamicamente estável, submetido a drenagem torácica no lado direito, apresentando abdome levemente distendido, pouco doloroso à palpação difusa, pelve estável e sem sinais de peritonite, foi monitorado na sala de emergência e recebeu suporte clínico. Foram solicitados exames de imagem e laboratoriais adicionais. A tomografia computadorizada (TC) de abdome e pelve revelou focos de pneumoperitônio próximo à alça jejunal na região epigástrica; pâncreas com dimensões normais, apresentando provável área hipodensa na região do corpo, de difícil delimitação e caracterização no estudo sem contraste (por indisponibilidade no serviço), sugerindo possibilidade de lesão; edema mesentérico permeável, líquido livre e densificação da gordura retroperitoneal e líquido livre na pelve. Após 4 horas de internação, houve piora clínica que, associada à TC de abdome, levou à indicação de laparotomia exploradora. No intraoperatório, os achados foram: pequena quantidade de líquido sanguinolento na pelve, ausência de contaminação entérica da cavidade abdominal, lesão aparente (hematoma e secreção entérica bloqueada) na terceira e quarta porções do duodeno e hematoma na zona 3 do retroperitônio esquerdo, não expansível e não pulsátil. A cirurgia de Vaughan foi realizada devido ao trauma na terceira porção do duodeno. No pós-operatório (PO), o paciente foi internado em um leito de Unidade de Terapia Intensiva e estava hemodinamicamente estável. Apresentou boa evolução e recebeu alta no 6º dia de PO. Portanto, o trauma duodenal isolado pode cursar inicialmente com estabilidade hemodinâmica, porém, pode haver evolução com dor abdominal associada a alterações na TC abdominal, como pneumoperitônio próximo à alça duodenal. Isso ressalta a importância dos exames de imagem no cenário do trauma e da realização de exames físicos seriados.
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