Reconhecimento sem ética?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fraser,Nancy
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Lua nova (Online)
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64452007000100006
Resumo: Ao longo dos últimos 30 anos, as teorias feministas de gênero passaram de concepções parcialmente marxistas, centradas no trabalho, para concepções putativamente "pós-marxistas", tendo como base a cultura e a identidade. Refletindo um movimento político mais amplo da redistribuição para o reconhecimento, essa mudança adquiriu dois sentidos. Por um lado, ela alargou a política feminista para abranger temas legítimos de representação, identidade e diferença. Entretanto, no contexto de um neoliberalismo ascendente, as lutas feministas por reconhecimento podem estar servindo menos para enriquecer as lutas por redistribuição do que para substituí-las. Assim, em vez de alcançarem um paradigma mais amplo e rico, que poderia abranger tanto redistribuição quanto reconhecimento, as feministas parecem ter trocado um paradigma truncado por outro - um economicismo truncado por um culturalismo truncado. Este artigo procura resistir a essa tendência. Nele se propõe uma análise de gênero ampla o bastante para abrigar toda a variedade de preocupações feministas, tanto as fundamentais para o antigo feminismo socialista quanto as enraizadas na virada cultural. Propõe-se uma correspondente concepção ampla de justiça, capaz de abranger tanto distribuição quanto reconhecimento, e uma abordagem não-identitária do reconhecimento, capaz de operar junto com a redistribuição. Conclui-se, com o exame de alguns problemas práticos que surgem quando se tenta vislumbrar reformas institucionais que poderiam corrigir, simultaneamente, má distribuição e não reconhecimento, na perspectiva de gênero.
id CEDEC-2_3cacc27a7c8ba1ef27b8414f2c010c63
oai_identifier_str oai:scielo:S0102-64452007000100006
network_acronym_str CEDEC-2
network_name_str Lua nova (Online)
repository_id_str
spelling Reconhecimento sem ética?IdentidadeMulticulturalismoParidadeParticipaçãoRedistribuiçãoStatusAo longo dos últimos 30 anos, as teorias feministas de gênero passaram de concepções parcialmente marxistas, centradas no trabalho, para concepções putativamente "pós-marxistas", tendo como base a cultura e a identidade. Refletindo um movimento político mais amplo da redistribuição para o reconhecimento, essa mudança adquiriu dois sentidos. Por um lado, ela alargou a política feminista para abranger temas legítimos de representação, identidade e diferença. Entretanto, no contexto de um neoliberalismo ascendente, as lutas feministas por reconhecimento podem estar servindo menos para enriquecer as lutas por redistribuição do que para substituí-las. Assim, em vez de alcançarem um paradigma mais amplo e rico, que poderia abranger tanto redistribuição quanto reconhecimento, as feministas parecem ter trocado um paradigma truncado por outro - um economicismo truncado por um culturalismo truncado. Este artigo procura resistir a essa tendência. Nele se propõe uma análise de gênero ampla o bastante para abrigar toda a variedade de preocupações feministas, tanto as fundamentais para o antigo feminismo socialista quanto as enraizadas na virada cultural. Propõe-se uma correspondente concepção ampla de justiça, capaz de abranger tanto distribuição quanto reconhecimento, e uma abordagem não-identitária do reconhecimento, capaz de operar junto com a redistribuição. Conclui-se, com o exame de alguns problemas práticos que surgem quando se tenta vislumbrar reformas institucionais que poderiam corrigir, simultaneamente, má distribuição e não reconhecimento, na perspectiva de gênero.CEDEC2007-01-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersiontext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64452007000100006Lua Nova: Revista de Cultura e Política n.70 2007reponame:Lua nova (Online)instname:Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (CEDEC)instacron:CEDEC10.1590/S0102-64452007000100006info:eu-repo/semantics/openAccessFraser,Nancypor2007-09-13T00:00:00Zoai:scielo:S0102-64452007000100006Revistahttp://www.scielo.br/lnhttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.phpcedec@cedec.org.br||luanova@cedec.org.br1807-01750102-6445opendoar:2007-09-13T00:00Lua nova (Online) - Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (CEDEC)false
dc.title.none.fl_str_mv Reconhecimento sem ética?
title Reconhecimento sem ética?
spellingShingle Reconhecimento sem ética?
Fraser,Nancy
Identidade
Multiculturalismo
Paridade
Participação
Redistribuição
Status
title_short Reconhecimento sem ética?
title_full Reconhecimento sem ética?
title_fullStr Reconhecimento sem ética?
title_full_unstemmed Reconhecimento sem ética?
title_sort Reconhecimento sem ética?
author Fraser,Nancy
author_facet Fraser,Nancy
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Fraser,Nancy
dc.subject.por.fl_str_mv Identidade
Multiculturalismo
Paridade
Participação
Redistribuição
Status
topic Identidade
Multiculturalismo
Paridade
Participação
Redistribuição
Status
description Ao longo dos últimos 30 anos, as teorias feministas de gênero passaram de concepções parcialmente marxistas, centradas no trabalho, para concepções putativamente "pós-marxistas", tendo como base a cultura e a identidade. Refletindo um movimento político mais amplo da redistribuição para o reconhecimento, essa mudança adquiriu dois sentidos. Por um lado, ela alargou a política feminista para abranger temas legítimos de representação, identidade e diferença. Entretanto, no contexto de um neoliberalismo ascendente, as lutas feministas por reconhecimento podem estar servindo menos para enriquecer as lutas por redistribuição do que para substituí-las. Assim, em vez de alcançarem um paradigma mais amplo e rico, que poderia abranger tanto redistribuição quanto reconhecimento, as feministas parecem ter trocado um paradigma truncado por outro - um economicismo truncado por um culturalismo truncado. Este artigo procura resistir a essa tendência. Nele se propõe uma análise de gênero ampla o bastante para abrigar toda a variedade de preocupações feministas, tanto as fundamentais para o antigo feminismo socialista quanto as enraizadas na virada cultural. Propõe-se uma correspondente concepção ampla de justiça, capaz de abranger tanto distribuição quanto reconhecimento, e uma abordagem não-identitária do reconhecimento, capaz de operar junto com a redistribuição. Conclui-se, com o exame de alguns problemas práticos que surgem quando se tenta vislumbrar reformas institucionais que poderiam corrigir, simultaneamente, má distribuição e não reconhecimento, na perspectiva de gênero.
publishDate 2007
dc.date.none.fl_str_mv 2007-01-01
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64452007000100006
url http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64452007000100006
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 10.1590/S0102-64452007000100006
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv text/html
dc.publisher.none.fl_str_mv CEDEC
publisher.none.fl_str_mv CEDEC
dc.source.none.fl_str_mv Lua Nova: Revista de Cultura e Política n.70 2007
reponame:Lua nova (Online)
instname:Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (CEDEC)
instacron:CEDEC
instname_str Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (CEDEC)
instacron_str CEDEC
institution CEDEC
reponame_str Lua nova (Online)
collection Lua nova (Online)
repository.name.fl_str_mv Lua nova (Online) - Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (CEDEC)
repository.mail.fl_str_mv cedec@cedec.org.br||luanova@cedec.org.br
_version_ 1754122595985260544