Dispositivo de Segurança e Racionalidade Necrobiopolítica: Narrativas de Jovens Negros de Fortaleza
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2020 |
Outros Autores: | , , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Psicologia (Conselho Federal de Psicologia. Online) |
Texto Completo: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932020000500308 |
Resumo: | Resumo O artigo problematiza racionalidades ligadas à implantação de um dos principais dispositivos de segurança em funcionamento em periferias da cidade de Fortaleza, as Células de Proteção Comunitária (CPC), a partir de discursos de jovens negros e realizando interfaces da psicologia com a questão das relações raciais numa perspectiva de desnaturalização de preconceitos e discriminações. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, sob a perspectiva da pesquisa-inter(in)venção, operacionalizada por entrevistas semiestruturadas e grupo de discussão com jovens da região onde a primeira CPC foi instalada. Teoricamente, traçam-se diálogos da psicologia com estudos foucaultianos sobre dispositivos de segurança, reflexões de Mbembe sobre necropolítica e discussões sobre a questão racial no Brasil. Os participantes apontam que a CPC promoveu o agravamento de racismos institucionais, expondo os jovens negros a situações de criminalização e violação de direitos. A CPC é percebida pelos jovens como emblema do desinvestimento do Estado em políticas sociais e recrudescimento de um Estado securitário, potencializando processos de precarização e segregação de vidas racializadas em prisões ou nas margens urbanas. Aponta-se que a articulação do dispositivo de segurança ao dispositivo racial se sustenta por uma racionalidade necrobiopolitica, que produz as regiões periferizadas como zonas de morte e espaços heterotópicos e reforçam a estigmatização de juventudes negras como inimigos ficcionais. Conclui-se que a pesquisa em psicologia pode se constituir um potente dispositivo de problematização de relações raciais, enfrentamento ao racismo e construção de uma psicologia Antirracista, capaz de fomentar diálogos e composições conjuntas com segmentos historicamente silenciados e subalternizados. |
id |
CFP-1_34cf7e1b9cb54391ab0506ac035e61ed |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:scielo:S1414-98932020000500308 |
network_acronym_str |
CFP-1 |
network_name_str |
Psicologia (Conselho Federal de Psicologia. Online) |
repository_id_str |
|
spelling |
Dispositivo de Segurança e Racionalidade Necrobiopolítica: Narrativas de Jovens Negros de FortalezaSegurançaJuventudeRacismoPesquisa-IntervençãoResumo O artigo problematiza racionalidades ligadas à implantação de um dos principais dispositivos de segurança em funcionamento em periferias da cidade de Fortaleza, as Células de Proteção Comunitária (CPC), a partir de discursos de jovens negros e realizando interfaces da psicologia com a questão das relações raciais numa perspectiva de desnaturalização de preconceitos e discriminações. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, sob a perspectiva da pesquisa-inter(in)venção, operacionalizada por entrevistas semiestruturadas e grupo de discussão com jovens da região onde a primeira CPC foi instalada. Teoricamente, traçam-se diálogos da psicologia com estudos foucaultianos sobre dispositivos de segurança, reflexões de Mbembe sobre necropolítica e discussões sobre a questão racial no Brasil. Os participantes apontam que a CPC promoveu o agravamento de racismos institucionais, expondo os jovens negros a situações de criminalização e violação de direitos. A CPC é percebida pelos jovens como emblema do desinvestimento do Estado em políticas sociais e recrudescimento de um Estado securitário, potencializando processos de precarização e segregação de vidas racializadas em prisões ou nas margens urbanas. Aponta-se que a articulação do dispositivo de segurança ao dispositivo racial se sustenta por uma racionalidade necrobiopolitica, que produz as regiões periferizadas como zonas de morte e espaços heterotópicos e reforçam a estigmatização de juventudes negras como inimigos ficcionais. Conclui-se que a pesquisa em psicologia pode se constituir um potente dispositivo de problematização de relações raciais, enfrentamento ao racismo e construção de uma psicologia Antirracista, capaz de fomentar diálogos e composições conjuntas com segmentos historicamente silenciados e subalternizados.Conselho Federal de Psicologia2020-01-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersiontext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932020000500308Psicologia: Ciência e Profissão v.40 n.spe 2020reponame:Psicologia (Conselho Federal de Psicologia. Online)instname:Conselho Federal de Psicologia (CFP)instacron:CFP10.1590/1982-3703003230162info:eu-repo/semantics/openAccessCosta,Aldemar Ferreira daBarros,João Paulo PereiraSilva,Dagualberto Barboza daBenicio,Luís Fernando de SouzaMoreira,Marcus Giovani Ribeiropor2021-03-11T00:00:00Zoai:scielo:S1414-98932020000500308Revistahttps://www.scielo.br/j/pcp/PUBhttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.phprevista@cfp.org.br1982-37031414-9893opendoar:2021-03-11T00:00Psicologia (Conselho Federal de Psicologia. Online) - Conselho Federal de Psicologia (CFP)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
Dispositivo de Segurança e Racionalidade Necrobiopolítica: Narrativas de Jovens Negros de Fortaleza |
title |
Dispositivo de Segurança e Racionalidade Necrobiopolítica: Narrativas de Jovens Negros de Fortaleza |
spellingShingle |
Dispositivo de Segurança e Racionalidade Necrobiopolítica: Narrativas de Jovens Negros de Fortaleza Costa,Aldemar Ferreira da Segurança Juventude Racismo Pesquisa-Intervenção |
title_short |
Dispositivo de Segurança e Racionalidade Necrobiopolítica: Narrativas de Jovens Negros de Fortaleza |
title_full |
Dispositivo de Segurança e Racionalidade Necrobiopolítica: Narrativas de Jovens Negros de Fortaleza |
title_fullStr |
Dispositivo de Segurança e Racionalidade Necrobiopolítica: Narrativas de Jovens Negros de Fortaleza |
title_full_unstemmed |
Dispositivo de Segurança e Racionalidade Necrobiopolítica: Narrativas de Jovens Negros de Fortaleza |
title_sort |
Dispositivo de Segurança e Racionalidade Necrobiopolítica: Narrativas de Jovens Negros de Fortaleza |
author |
Costa,Aldemar Ferreira da |
author_facet |
Costa,Aldemar Ferreira da Barros,João Paulo Pereira Silva,Dagualberto Barboza da Benicio,Luís Fernando de Souza Moreira,Marcus Giovani Ribeiro |
author_role |
author |
author2 |
Barros,João Paulo Pereira Silva,Dagualberto Barboza da Benicio,Luís Fernando de Souza Moreira,Marcus Giovani Ribeiro |
author2_role |
author author author author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Costa,Aldemar Ferreira da Barros,João Paulo Pereira Silva,Dagualberto Barboza da Benicio,Luís Fernando de Souza Moreira,Marcus Giovani Ribeiro |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Segurança Juventude Racismo Pesquisa-Intervenção |
topic |
Segurança Juventude Racismo Pesquisa-Intervenção |
description |
Resumo O artigo problematiza racionalidades ligadas à implantação de um dos principais dispositivos de segurança em funcionamento em periferias da cidade de Fortaleza, as Células de Proteção Comunitária (CPC), a partir de discursos de jovens negros e realizando interfaces da psicologia com a questão das relações raciais numa perspectiva de desnaturalização de preconceitos e discriminações. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, sob a perspectiva da pesquisa-inter(in)venção, operacionalizada por entrevistas semiestruturadas e grupo de discussão com jovens da região onde a primeira CPC foi instalada. Teoricamente, traçam-se diálogos da psicologia com estudos foucaultianos sobre dispositivos de segurança, reflexões de Mbembe sobre necropolítica e discussões sobre a questão racial no Brasil. Os participantes apontam que a CPC promoveu o agravamento de racismos institucionais, expondo os jovens negros a situações de criminalização e violação de direitos. A CPC é percebida pelos jovens como emblema do desinvestimento do Estado em políticas sociais e recrudescimento de um Estado securitário, potencializando processos de precarização e segregação de vidas racializadas em prisões ou nas margens urbanas. Aponta-se que a articulação do dispositivo de segurança ao dispositivo racial se sustenta por uma racionalidade necrobiopolitica, que produz as regiões periferizadas como zonas de morte e espaços heterotópicos e reforçam a estigmatização de juventudes negras como inimigos ficcionais. Conclui-se que a pesquisa em psicologia pode se constituir um potente dispositivo de problematização de relações raciais, enfrentamento ao racismo e construção de uma psicologia Antirracista, capaz de fomentar diálogos e composições conjuntas com segmentos historicamente silenciados e subalternizados. |
publishDate |
2020 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2020-01-01 |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932020000500308 |
url |
http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932020000500308 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
10.1590/1982-3703003230162 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
text/html |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Conselho Federal de Psicologia |
publisher.none.fl_str_mv |
Conselho Federal de Psicologia |
dc.source.none.fl_str_mv |
Psicologia: Ciência e Profissão v.40 n.spe 2020 reponame:Psicologia (Conselho Federal de Psicologia. Online) instname:Conselho Federal de Psicologia (CFP) instacron:CFP |
instname_str |
Conselho Federal de Psicologia (CFP) |
instacron_str |
CFP |
institution |
CFP |
reponame_str |
Psicologia (Conselho Federal de Psicologia. Online) |
collection |
Psicologia (Conselho Federal de Psicologia. Online) |
repository.name.fl_str_mv |
Psicologia (Conselho Federal de Psicologia. Online) - Conselho Federal de Psicologia (CFP) |
repository.mail.fl_str_mv |
revista@cfp.org.br |
_version_ |
1754122432231243776 |