A violência na perspectiva histórica e sociológica de Gilberto Freyre em “Casa Grande e Senzala”

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Tombini, Leila
Data de Publicação: 2017
Outros Autores: Nunes Jacondino, Eduardo
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: RELACult - Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura e Sociedade
Texto Completo: http://periodicos.claec.org/index.php/relacult/article/view/884
Resumo: O texto é resultado da análise da obra ‘Casa Grande e Senzala’, de Gilberto Freire. Importante sociólogo brasileiro e um dos grandes interpretes nacionais. Análise feita com o objetivo de investigarmos o fenômeno da violência, de modo a compreendermos como esta (a violência) se constituiu, desde a colonização, enquanto elemento intrínseco da sociabilidade brasileira. Violência, em grande medida, desencadeada pelo homem branco, colonizador, em direção as “raças inferiores”, indígenas e negros. Mesmo que o trabalho “pesado” tenha sido feito pelo negro, desde os tempos da “Casa Grande”, morada do Senhor/colonizador, percebe-se que o mesmo foi alvo permanente de práticas de violência por parte do colonizador. Fato que sucede a tentativa, fracassada, por parte do europeu, num primeiro momento, de colonizar o índio, morador nativo das terras brasileiras. Que, por sua vez, não se habituou aos costumes advindos da Europa e, em especial, à imposição do trabalho realizado nos engenhos de extração do açúcar. O interesse do colonizador pautou-se na extração de riquezas. Não servindo o índio, a esta função, foi utilizado o africano, na qualidade de escravo. Ora na produção agrícola, ora na manutenção da casa do senhor de engenho. Do ponto de vista das mulheres, indígenas e negras, estas tiveram participação especial no processo de colonização/miscigenação. No caso das mulheres negras, em especial, ora servindo como “reprodutoras”, ora cuidando da alimentação da família dos Senhores de engenho, ora cuidando dos filhos destes. Mulheres que foram humilhadas e violentadas duplamente, por vezes, uma vez que os senhores as usavam para satisfazer seus desejos e uma vez que as senhoras, esposas dos senhores de engenho, por vezes autorizavam a tortura destas mulheres; por conta do ciúme de sua beleza e ou por conta do envolvimento mais intenso, por parte de algum Senhor de Engenho, com estas. As mulheres indígenas, mais especificamente, contribuíram de forma mais significativa, para a colonização/miscigenação, do que os homens indígenas. Isto por conta de seu conhecimento no trato com os alimentos, por exemplo. Mulheres que caíam facilmente nas graças do homem branco, em troca de serem presenteadas “com qualquer objeto”. O indígena era ingênuo, o português, sagaz. A formação do povo brasileiro foi feita por meio das mais diversas formas de violência, tais como aquelas advindas da imposição de costumes, por meio da escravidão, por meio da violência de gênero. A “casa grande” disparou várias formas de violência no tecido social brasileiro. Seja na forma de castigos físicos, seja na forma de torturas, humilhações e até mesmo por meio do extermínio de indivíduos/grupos sociais. Traços que demarcaram a identidade, a sociabilidade brasileira e que perduram no contemporâneo.
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