"QUANDO O POBRE COME GALINHA, UM DOS DOIS ESTÁ DOENTE". A FOME E SUAS CONSEQUÊNCIAS SOBRE A SAÚDE NA EXPERIÊNCIA DOS TRABALHADORES RURAIS DA ZONA CANAVIEIRA DE PERNAMBUCO.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista Pesquisa Histórica |
Texto Completo: | https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaclio/article/view/24749 |
Resumo: | Grandes nomes da medicina, como Josué de Castro e Nelson Chaves, demonstraram em obras marcantes os efeitos da monocultura da cana-de-açúcar em sistema de plantação sobre a situação sanitária das populações empregadas nesta atividade na zona canavieira de Pernambuco. A má nutrição endêmica tem um grande impacto sobre indicadores sociais tão importantes quanto a mortalidade infantil, estatura das populações, capacidade de concentração para as crianças e de desenvolver esforços físicos intensos para os adultos. Trabalhadores rurais da Zona da Mata testemunham sobre sua própria experiência, acrescentando sua voz a um elenco de fontes que foram, em parte, tingidas pela mitologia da classe patronal: seus representantes se distinguiriam por uma benevolência manifesta preferencialmente no âmbito da alimentação e atenção à saúde. Os cortadores de cana descreveram o abandono em que suas famílias se encontravam em termos de assistência médica, inclusive nos casos mais sérios, levando muitas vezes à desenlace trágico, bem como as estratégias de sobrevivência que, geração após geração, desenvolveram para escapar à inanição, conseguindo alimentos além da quantia insuficiente que seu salário permitia comprar. A inexistência de serviços de saúde e os recursos das práticas médicas populares constituem a refutação cabal da versão patronal da história. |
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