Justiça reprodutiva e a epidemia do vírus zika no Brasil: questões éticas urgentes em emergências de saúde pública
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) |
Texto Completo: | https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/48466 |
Resumo: | O argumento central desta tese é que o patriarcado operou para desviar o foco daquelas mais afetadas pela epidemia de Zika \2013 mulheres e meninas em idade reprodutiva. E, desse modo, aprofundando vulnerabilidades preexistentes que se ancoram na desigualdade de gênero. Esta tese se baseia na compreensão do gênero como um regime político onde o patriarcado atua para manter as desigualdades sob a justificativa de que haveria uma hierarquia de gênero. Esta é uma pesquisa que utiliza-se de lentes feministas para uma análise bioética sobre como as assimetrias de gênero têm efeitos para a vida de mulheres, meninas e comunidade. A doença transmitida pelo vírus zika era pouco conhecida até 2015. Em razão de suas consequências para mulheres grávidas e fetos \2013 especialmente meninas e mulheres vivendo no nordeste do Brasil, em 2016 a Organização Mundial da Saúde declarou Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional. Atualmente sabe-se que o vírus Zika causa a síndrome congênita do Zika, como consequência da infecção congênita devido à transmissão do vírus da mulher grávida para o feto. Além disso, também é sabido que o vírus é transmitido sexualmente. Zika acabou sendo o primeiro arbovírus conhecido a ter consequências sexuais e reprodutivas. Esta tese é composta por três artigos científicos e um editorial que apresenta resultados de estudos que investigam os efeitos da epidemia de zika nas vidas de mulheres. Argumentamos que a desigualdade de gênero contribuiu para os efeitos encontrados a seguir: 1- a epidemia de Zika piorou as vulnerabilidades sociais e econômicas de mulheres e meninas afetadas; 2- o surto de zika em um contexto em que há uma inadequação das respostas para garantia de saúde sexual e reprodutiva, contribuiu para uma maior vulnerabilização da vida de mulheres e meninas; a3- a assimetria de gênero e suas dinâmicas de poder impactaram a participação das mulheres em pesquisas e agravaram suas vulnerabilidades. O patriarcado impôs um apagamento do discurso público no tema da saúde e direitos sexuais e reprodutivos, incluindo o direito ao aborto. Este impedimento do discurso público no contexto de uma emergência de saúde pública devido a um vírus, cujo principal impacto é na saúde reprodutiva, tirou o foco daquelas que correm mais risco e são afetadas por ele: mulheres e meninas. Nesse sentido, a epidemia de Zika foi um estudo de caso sem precedentes que reforça que os direitos sexuais e reprodutivos, incluindo o direito ao aborto, devem ser uma questão central para justiça reprodutiva e igualdade de gênero em qualquer resposta a emergências de saúde pública. |
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Ambrogi, Ilana GrunbaumRodrigues, Debora Diniz2021-08-01T21:02:33Z2021-08-01T21:02:33Z2021AMBROGI, Ilana Grunbaum. Justiça reprodutiva e a epidemia do vírus zika no Brasil: questões éticas urgentes em emergências de saúde pública. 2021. 91 f. . Tese (Doutorado em em Bioética Ética Aplicada e Saúde Coletiva) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2021.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/48466O argumento central desta tese é que o patriarcado operou para desviar o foco daquelas mais afetadas pela epidemia de Zika \2013 mulheres e meninas em idade reprodutiva. E, desse modo, aprofundando vulnerabilidades preexistentes que se ancoram na desigualdade de gênero. Esta tese se baseia na compreensão do gênero como um regime político onde o patriarcado atua para manter as desigualdades sob a justificativa de que haveria uma hierarquia de gênero. Esta é uma pesquisa que utiliza-se de lentes feministas para uma análise bioética sobre como as assimetrias de gênero têm efeitos para a vida de mulheres, meninas e comunidade. A doença transmitida pelo vírus zika era pouco conhecida até 2015. Em razão de suas consequências para mulheres grávidas e fetos \2013 especialmente meninas e mulheres vivendo no nordeste do Brasil, em 2016 a Organização Mundial da Saúde declarou Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional. Atualmente sabe-se que o vírus Zika causa a síndrome congênita do Zika, como consequência da infecção congênita devido à transmissão do vírus da mulher grávida para o feto. Além disso, também é sabido que o vírus é transmitido sexualmente. Zika acabou sendo o primeiro arbovírus conhecido a ter consequências sexuais e reprodutivas. Esta tese é composta por três artigos científicos e um editorial que apresenta resultados de estudos que investigam os efeitos da epidemia de zika nas vidas de mulheres. Argumentamos que a desigualdade de gênero contribuiu para os efeitos encontrados a seguir: 1- a epidemia de Zika piorou as vulnerabilidades sociais e econômicas de mulheres e meninas afetadas; 2- o surto de zika em um contexto em que há uma inadequação das respostas para garantia de saúde sexual e reprodutiva, contribuiu para uma maior vulnerabilização da vida de mulheres e meninas; a3- a assimetria de gênero e suas dinâmicas de poder impactaram a participação das mulheres em pesquisas e agravaram suas vulnerabilidades. O patriarcado impôs um apagamento do discurso público no tema da saúde e direitos sexuais e reprodutivos, incluindo o direito ao aborto. Este impedimento do discurso público no contexto de uma emergência de saúde pública devido a um vírus, cujo principal impacto é na saúde reprodutiva, tirou o foco daquelas que correm mais risco e são afetadas por ele: mulheres e meninas. Nesse sentido, a epidemia de Zika foi um estudo de caso sem precedentes que reforça que os direitos sexuais e reprodutivos, incluindo o direito ao aborto, devem ser uma questão central para justiça reprodutiva e igualdade de gênero em qualquer resposta a emergências de saúde pública.The central argument of this dissertation is that patriarchy operated to shift the focus away from those most affected by the Zika epidemic \2013 women and girls of reproductive age \2013 reifying vulnerabilities based on gender inequality. This dissertation is based on the understanding of gender as a political regimen where patriarchy acts to maintain gender inequalities based on the assumption of gender hierarchy. As such, this is a feminist approach to research and bioethical analysis where the examination of social inequality focuses on the evaluation of the effects of gender asymmetries in the individual and within the community. Zika virus is a mosquito-borne disease that was mostly unknown until the World Health Organization decelerated it a Public Health Emergency of International Concern in 2016 due to the effects of the Zika virus in the pregnancy and fetal development observed in women and girls living in the northeast region of Brazil. Zika virus was found to cause congenital Zika syndrome, as a consequence of the congenital infection due to the transmission of the virus from the pregnant women to the fetus. It was also found be sexually transmitted. Zika turned out to be the first known arbovirus to have sexual and reproductive consequences. This dissertation is composed of three scientific articles and an editorial piece that present research findings done by investigating the effects of Zika on the lives of women directly impacted by the Zika epidemic. The following main aspects of gender inequality were revealed: 1- the Zika epidemic worsened the social and economic vulnerabilities of affected women and girls; 2- the Zika outbreak in the context of inadequate sexual and reproductive health rendered women and girls even more vulnerable; a3- gender asymmetry and power structure dynamics impacted women\2019s research participation and aggravated their vulnerabilities. Patriarchy imposed an absence of public discourse regarding sexual and reproductive health and rights, including the right to abortion. This impediment of public discourse in the context of a public health emergency due to a virus whose major impact is on reproductive health shifted the focus away from those most at risk of and affected by it: women and girls. In this sense, the Zika epidemic was an unprecedented case study that reifies that sexual and reproductive rights, including the right to abortion, must be a central issue in any public health emergency responses as a matter of reproductive justice and gender equality.Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porDireitos Sexuais e ReprodutivosZika VírusVulnerabilidadeEmergência de Saúde PúblicaJustiça ReprodutivaSexual and Reproductive RightsZika VirusVulnerabilityPublic Health EmergencyReproductive JusticeDireitos Sexuais e ReprodutivosZika virusVulnerabilidade SocialEmergênciasSaúde PúblicaDireitos ReprodutivoséticaDisparidades nos Níveis de SaúdeBrasilJustiça reprodutiva e a epidemia do vírus zika no Brasil: questões éticas urgentes em emergências de saúde públicaReproductive justice and the Zika epidemic in Brazil: urgent ethical issues in public health emergenciesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis2021-03-26Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz.Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca.Rio de Janeiro/RJPrograma de Pós-Graduação em Bioética Ética Aplicada e Saúde Coletivainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/48466/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALilana_grunbaum_ambrogi_ensp_dout_2021.pdfapplication/pdf2396753https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/48466/2/ilana_grunbaum_ambrogi_ensp_dout_2021.pdfed491b9a3063f3a5fedec03e935ecf44MD52TEXTilana_grunbaum_ambrogi_ensp_dout_2021.pdf.txtilana_grunbaum_ambrogi_ensp_dout_2021.pdf.txtExtracted texttext/plain220988https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/48466/3/ilana_grunbaum_ambrogi_ensp_dout_2021.pdf.txtdf5579fdbbfdae0f2a0adeb6aefa2a72MD53icict/484662021-08-03 02:01:08.56oai:www.arca.fiocruz.br:icict/48466Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352021-08-03T05:01:08Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false |
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