Mecanismos de resistência às espécies reativas em tripanosomatídeos: contribuição do metabolismo energético e oxidativo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bombaça, Ana Cristina Souza
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/53401
Resumo: As doenças tropicais negligenciadas ameaçam a vida de mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo, estando, aproximadamente, meio bilhão sob risco de infecção por parasitos da família Trypanosomatidae. A colonização de ambientes diferentes em seus hospedeiros faz com que os tripanosomatídeos sejam constantemente submetidos a situações de estresse, dentre as quais a presença de espécies reativas de oxigênio (ROS) e nitrogênio (RNS); exigindo o remodelamento metabólico para garantir a sobrevivência do parasito em ambientes “hostis”. Algumas cepas de Leishmania (Viannia) braziliensis são capazes de burlar esses mecanismos microbicidas, exibindo um perfil de resistência natural ao óxido nítrico (•NO). Este já foi associado ao aumento na quantidade e gravidade das lesões cutâneas, além de ter sido frequentemente correlacionado à refratariedade ao tratamento com antimonial. De forma semelhante, a resistência induzida ao peróxido de hidrogênio (H2O2) também aumentou a capacidade infectiva de Strigomonas culicis, um tripanosomatídeo monoxênico, em seu hospedeiro natural Aedes aegypti. Juntos, esse dados sugerem que parasitos resistentes às espécies reativas são dotados de mecanismos específicos de sobrevivência e persistência frente aos desafios oxidativos e nitrosativos; dessa forma, investigamos, através de técnicas proteômicas e bioquímicas, diferenças intrínsecas entre as cepas NO- e H2O2-resistentes e seus pares susceptíveis. Nossos dados apontaram que tanto a resistência natural ao •NO, quanto à induzida ao H2O2, elevaram a expressão e atividade de vias antioxidantes independentes do sistema tripanotiona/tripanotiona redutase (TR), principalmente aquelas relacionadas à via de biossíntese da glutationa e a ascorbato peroxidase. Adicionalmente, também observamos um aumento na abundância de proteínas da via das pentoses fosfato como um mecanismo de resposta às situações de estresse, podendo este estar relacionado à manutenção dos níveis de NADPH no protozoário. A regulação positiva do consumo de glicose e da capacidade redox identificada na cepa NO-resistente de L. (V.) braziliensis pode explicar as altas taxas de infecção detectadas em macrófagos peritoneais murinos, justificando a sobrevivência desses parasitos no ambiente pró-oxidante do vacúolo parasitóforo. Já a infecção de A. aegypti pela cepa H2O2-resistente de S. culicis exacerbou a produção de ROS pelo hospedeiro, através do aumento da atividade DUOX e inibição da catalase, gerando danos significativos na aptidão reprodutiva das fêmeas infectadas. As vias bioenergéticas e antioxidantes dos tripanosomatídeos também representam um excelente alvo para intervenção medicamentosa. Nesse contexto, também avaliamos o papel de derivados da -lapachona, uma molécula com função pró-oxidante bem descrita, no funcionamento e na produção de ROS mitocondrial pelo T. cruzi. Análises mecanísticas apontaram o comprometimento direto da cadeia respiratória pelos compostos N2, N3 e N4, levando ao escape de elétrons e a formação de espécies tóxicas para o parasito. Interessantemente, após 24 h de tratamento com N4, uma restauração parcial da fisiologia mitocondrial foi observada, estando esta relacionada à atividade da TR, que aumentou de forma tempo-dependente e concomitantemente ao estresse oxidativo. Sendo assim, a exposição de tripanosomatídeos dixênicos e monoxênicos à diferentes situações de estresse oxidativo e nitrosativo desencadeia mecanismos de sobrevivência relacionados à exacerbação das vias antioxidantes e ao remodelamento energético
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A colonização de ambientes diferentes em seus hospedeiros faz com que os tripanosomatídeos sejam constantemente submetidos a situações de estresse, dentre as quais a presença de espécies reativas de oxigênio (ROS) e nitrogênio (RNS); exigindo o remodelamento metabólico para garantir a sobrevivência do parasito em ambientes “hostis”. Algumas cepas de Leishmania (Viannia) braziliensis são capazes de burlar esses mecanismos microbicidas, exibindo um perfil de resistência natural ao óxido nítrico (•NO). Este já foi associado ao aumento na quantidade e gravidade das lesões cutâneas, além de ter sido frequentemente correlacionado à refratariedade ao tratamento com antimonial. De forma semelhante, a resistência induzida ao peróxido de hidrogênio (H2O2) também aumentou a capacidade infectiva de Strigomonas culicis, um tripanosomatídeo monoxênico, em seu hospedeiro natural Aedes aegypti. 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The colonization of different host’s environments constantly exposes trypanosomatids to different stress situations, including the presence of reactive oxygen and nitrogen species (ROS and RNS), which requires an intense metabolic remodeling to ensure the parasite's survival in these “hostile environments”. Some strains of Leishmania (Viannia) braziliensis are able to avoid these microbicidal mechanisms, exhibiting a natural resistance profile to nitric oxide (•NO); previously associated with an increase in the number and severity of skin lesions, as well as is related to the parasite resistance to antimonial treatment. Similarly, induced resistance to hydrogen peroxide (H2O2) also increased the infective capacity of Strigomonas culicis, a monoxenic trypanosomatid, in its natural host Aedes aegypti. Taken together, these data suggest that parasites resistant to reactive species possess specific mechanisms to survive and persist oxidative and nitrosative challenges. Therefore, we investigate, through proteomic and biochemical approaches, intrinsic differences between the NO- and H2O2-resistant strains and their respective susceptible pairs. Our data showed that both •NO- and H2O2-resistance increased the protein abundance and activity of antioxidant pathways independent to trypanothione/trypanothione reductase (TR) system, especially those related to glutathione biosynthetic pathway and ascorbate peroxidase. Additionally, we also observed an increase in protein abundance of the pentose phosphate pathway as a response mechanism to stress conditions, which may be related to the maintenance of NADPH levels in the protozoan. The upregulation of glucose metabolism and redox capacity identified in the NO-resistant strain of L. (V.) braziliensis may explain the higher infective rates detected in murine peritoneal macrophages, and justify the survival of these parasites in the pro-oxidant environment of the parasitophorous vacuole. The infection of A. aegypti by the H2O2-resistant strain of S. culicis exacerbated the production of ROS by the host, increasing DUOX pathway and inhibiting catalase activity; generating significant damage to the reproductive fitness of infected females. The trypanosomatid’s bioenergetics and antioxidant pathways also represent a promising target for drug intervention. In this scenario, we also evaluated the role of derivatives of -lapachone, a molecule with a well-described pro-oxidant function, in ROS production and mitochondrial physiology of T. cruzi. Mechanistic analysis indicates the direct impairment of the respiratory chain by compounds N2, N3 and N4, leading to mitochondrial electron leakage and the formation of toxic species. Interestingly, after 24 h of treatment with N4, a partial rescue of mitochondrial physiology was observed, this was related to TR activity and with its increase in a time-dependent manner and concomitant with oxidative stress. Thus, the exposure of dixenic and monoxenic trypanosomatids to different oxidative and nitrosative stressful situations triggers survival mechanisms related to the exacerbation of antioxidant pathways and energetic remodelingFundação Oswaldo Cruz. Instituto Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porEstresse oxidativoResposta antioxidanteTrypanosoma cruziStrigomonas culicisLeishmania braziliensisElementos de Resposta AntioxidanteTrypanosoma cruziEstresse OxidativoLeishmania braziliensisMecanismos de resistência às espécies reativas em tripanosomatídeos: contribuição do metabolismo energético e oxidativoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis2021Instituto Oswaldo CruzFundação Oswaldo CruzRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecularinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/53401/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINAL000250052.pdfapplication/pdf121361249https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/53401/2/000250052.pdf31203b441b9395d9751ed12968fcf313MD52icict/534012022-06-22 09:59:47.872oai:www.arca.fiocruz.br:icict/53401Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352022-06-22T12:59:47Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
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