Poluentes emergentes e seus possíveis impactos na disseminação da resistência aos antimicrobianos em efluentes de indústria farmacêutica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nascimento, Ana Paula Alves do
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/56261
Resumo: Apesar de ser reconhecida a importância de preservar dos recursos hídricos, inúmeras descargas de efluentes industriais, domésticos e hospitalares são depositadas nos ecossistemas aquáticos. Com isso, a deterioração da qualidade das águas naturais compromete a saúde desses ecossistemas e gera riscos à saúde humana. O acelerado crescimento industrial e agrícola e o lançamento de resíduos sem tratamento nos corpos hídricos vêm provocando o aumento dos níveis de metais pesados e fármacos nos ambientes aquáticos. Os antimicrobianos, utilizados por seres humanos e animais, são, em sua maioria, excretados para o meio ambiente, cerca de 90% dessas substâncias não são metabolizadas pelos organismos. Esses poluentes em contato com a microbiota, humana e aquática, geram uma pressão seletiva que promove a transferência horizontal de genes e a disseminação de organismos e genes de resistência. O objetivo desse estudo foi investigar a presença de contaminantes químicos e biológicos, e seus possíveis impactos, na disseminação e persistência do resistoma em efluentes de indústrias farmacêuticas submetidos ao tratamento. Para isso, foram selecionadas duas plantas de tratamento de efluente industrial. A detecção de antibióticos e metais pesados foi feita pelo sistema LCMS/MS e ICP-OES, respectivamente. Não foram encontrados resíduos de antimicrobianos na ETEI de Farmanguinhos. Enquanto isso, foram detectados claritromicina, azitromicina e amoxicilina em todos os pontos da ETEI de Biomanguinhos. Foram recuperados 70 isolados da ETEI de Farmanguinhos, sendo em maioria pertencentes ao gênero Enterococcus (n=23), seguido dos gêneros Proteus (n=8), Staphylococcus (n=7) e Klebsiella (n=5). Enquanto isso, na ETEI de Biomanguinhos foram recuperados 43 isolados, sendo em maioria pertencentes ao gênero Enterococcus (n=13), seguido dos gêneros Proteus (n=11) e Elizabethkingia (n=8). Os isolados do gênero Proteus apresentaram perfil de resistência MDR (11%), XDR (84%), e PDR (5%), enquanto 86,2% dos Enterococcus sp. classificados como perfil MDR, dois como XDR e dois como non-MDR, sendo resistentes apenas à levofloxacina e nitrofurantoína. Os isolados de Elizabethkingia sp. foram classificados como XDR (75%) e PDR (25%). Através da ERIC-PCR, verificou-se uma alta variabilidade genética entre os Proteus sp., mostrando que, muito provavelmente, não há uma relação clonal entre eles. A análise MLST de oito isolados de Efm portadores do gene vanA revelou um novo alelo e cinco STs diferentes, três previamente descritos (ST32, ST168 e ST253) e dois novos (ST1893 e ST1894). O novo alelo ‘‘gyd’’ também foi descrito em um novo ST. Vale destacar que todos os STs pertencem ao CC17, com exceção de dois. Outros STs não foram atribuídos a nenhum complexo clonal de acordo com o banco de dados. Todos os isolados identificados como da E. anophelis se agrupam em um único clado com alta similaridade com cepas de origem clínica (E6809 e 40313151). Esse clado deriva de um outro, onde, também, se encontram cepas de origem clínica (6499925, CNS_3000516074), que por sua vez, tem como ancestral comum isolados ambientais (EA18, EA2, EA19 e EA21). Nossos resultados revelaram a presença de poluentes químicos e biológicos nos efluentes analisados, o que pode comprometer a qualidade dos corpos hídricos receptores dessas águas. Foi revelada a presença de microrganismos multidroga resistentes dos gêneros, Proteus sp. (MDR, XDR e PDR), Enterococcus sp. (MDR) e Elizabethkingia sp. (XDR e PDR) ao longo do tratamento. A análise de sequenciamento dos genomas provou ser uma ferramenta útil para estudar fatores de resistência, virulência e patogenicidade antimicrobianos, bem como a disseminação de linhagens com relevância clínica em ambientes aquáticos. Esses dados indicam a necessidade de futuros estudos sobre a disseminação de BRA por meio águas residuais para corpos hídricos receptores e possivelmente seu retorno ao ambiente clínico
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O acelerado crescimento industrial e agrícola e o lançamento de resíduos sem tratamento nos corpos hídricos vêm provocando o aumento dos níveis de metais pesados e fármacos nos ambientes aquáticos. Os antimicrobianos, utilizados por seres humanos e animais, são, em sua maioria, excretados para o meio ambiente, cerca de 90% dessas substâncias não são metabolizadas pelos organismos. Esses poluentes em contato com a microbiota, humana e aquática, geram uma pressão seletiva que promove a transferência horizontal de genes e a disseminação de organismos e genes de resistência. O objetivo desse estudo foi investigar a presença de contaminantes químicos e biológicos, e seus possíveis impactos, na disseminação e persistência do resistoma em efluentes de indústrias farmacêuticas submetidos ao tratamento. Para isso, foram selecionadas duas plantas de tratamento de efluente industrial. A detecção de antibióticos e metais pesados foi feita pelo sistema LCMS/MS e ICP-OES, respectivamente. 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Através da ERIC-PCR, verificou-se uma alta variabilidade genética entre os Proteus sp., mostrando que, muito provavelmente, não há uma relação clonal entre eles. A análise MLST de oito isolados de Efm portadores do gene vanA revelou um novo alelo e cinco STs diferentes, três previamente descritos (ST32, ST168 e ST253) e dois novos (ST1893 e ST1894). O novo alelo ‘‘gyd’’ também foi descrito em um novo ST. Vale destacar que todos os STs pertencem ao CC17, com exceção de dois. Outros STs não foram atribuídos a nenhum complexo clonal de acordo com o banco de dados. Todos os isolados identificados como da E. anophelis se agrupam em um único clado com alta similaridade com cepas de origem clínica (E6809 e 40313151). Esse clado deriva de um outro, onde, também, se encontram cepas de origem clínica (6499925, CNS_3000516074), que por sua vez, tem como ancestral comum isolados ambientais (EA18, EA2, EA19 e EA21). Nossos resultados revelaram a presença de poluentes químicos e biológicos nos efluentes analisados, o que pode comprometer a qualidade dos corpos hídricos receptores dessas águas. Foi revelada a presença de microrganismos multidroga resistentes dos gêneros, Proteus sp. (MDR, XDR e PDR), Enterococcus sp. (MDR) e Elizabethkingia sp. (XDR e PDR) ao longo do tratamento. A análise de sequenciamento dos genomas provou ser uma ferramenta útil para estudar fatores de resistência, virulência e patogenicidade antimicrobianos, bem como a disseminação de linhagens com relevância clínica em ambientes aquáticos. Esses dados indicam a necessidade de futuros estudos sobre a disseminação de BRA por meio águas residuais para corpos hídricos receptores e possivelmente seu retorno ao ambiente clínicoFundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porPoluentes emergentes e seus possíveis impactos na disseminação da resistência aos antimicrobianos em efluentes de indústria farmacêuticainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis2022Instituto Nacional de Controle de Qualidade em SaúdeFundação Oswaldo CruzRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Vigilância SanitáriaEfluentes IndustriaisPoluentes Químicos da ÁguaResistência a MedicamentosTratamento de Efluentes Industriaisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/56261/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINAL2022_dissertacao_ana-nascimento.pdfapplication/pdf963667https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/56261/2/2022_dissertacao_ana-nascimento.pdfcd6eb155d77a9046c8885cff27fb0d7cMD52icict/562612023-01-03 08:58:32.867oai:www.arca.fiocruz.br:icict/56261Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352023-01-03T11:58:32Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
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