Perfil de saúde em uma coorte de mulheres transexuais e travestis no Rio de Janeiro, Brasil: uso de hormônios, infecção pelo HIV e doença cardiovascular
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) |
Texto Completo: | https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/48568 |
Resumo: | Introdução: A população de travestis e mulheres transexuais (mulheres trans) apresenta especificidades em relação à saúde, como demanda por mudanças corporais para feminização e maior vulnerabilidade à infecção pelo HIV, além de discriminação e exclusão social e econômica que impactam a saúde e estão associadas a elevadas taxas de mortalidade, inclusive por doenças cardiovasculares. No Brasil, não há intervenções em saúde projetadas especificamente para as mulheres trans. Dados sobre risco cardiovascular nessa população são conflitantes e restritos às usuárias de hormônios para feminização, mas não avaliam fatores de risco cardiovascular tradicionais e infecção pelo HIV. Métodos: Transcendendo é uma coorte aberta prospectiva criada em agosto de 2015 com objetivo de avaliar o perfil de saúde nas mulheres trans e sua relação com fatores sociodemográficos e comportamentais, infecção pelo HIV, uso de antirretrovirais, uso de hormônios para feminização, saúde cardiovascular e metabólica. Os resultados da visita de entrada da coorte são descritos e estratificados de acordo com a infecção pelo HIV. Ademais, foi realizada uma avaliação seccional da medida da espessura das camadas íntima e média das artérias carótidas (cIMT) de mulheres trans incluídas na coorte e a sua associação com covariáveis sociodemográficas, fatores de risco cardiovascular tradicionais e outras covariáveis como infecção pelo HIV, uso de cocaína, uso de hormônios, injeção de silicone líquido industrial e cirurgia de redesignação sexual. Resultados: As 322 mulheres trans incluídas na coorte Transcendendo entre agosto de 2015 e julho de 2017 tiveram idade mediana de 31 anos, baixa escolaridade e renda e relataram elevada frequência de violência física e sexual, prostituição, depressão, uso problemático de tabaco, álcool e outras drogas. Foi observada uma alta prevalência de infecção pelo HIV (54%) e uso de hormônios para feminização (49%) na visita de entrada da coorte. Grande parte da população incluída (95%) relatou já ter feito uso de hormônios para feminização em algum momento da vida, sendo 79% delas sem supervisão médica. Quase metade (49%) relatou injeção de silicone líquido industrial e apenas 6% fizeram cirurgia de redesignação sexual. As participantes com infecção pelo HIV apresentaram menos anos de educação formal, maiores proporções (atual e pregressa) de prostituição, tabagismo e uso de drogas. Entre as 341 participantes incluídas na coorte entre agosto de 2015 e fevereiro de 2018, 308 tiveram resultado válido de medida ultrassonográfica da cIMT. Entre as participantes com cIMT válida, os fatores de risco cardiovasculares tradicionais idade e índice de massa corpórea (IMC) foram associados ao aumento da cIMT na regressão logística ajustada por idade, raça e IMC. Não foi observado associação entre infecção pelo HIV ou variáveis relacionadas ao processo de feminização com a cIMT. Conclusão: Os dados da visita de entrada da coorte descrevem um cenário de marginalização e vulnerabilidades e contribuem para redução das lacunas de conhecimento sobre a saúde das mulheres trans, possibilitando o melhor desenho de estratégias e intervenções em saúde específicas. Os fatores de risco cardiovasculares tradicionais idade e IMC foram associados ao aumento da cIMT nessa população. Estudos longitudinais são necessários para melhor avaliação dos fatores relacionados à saúde das mulheres trans, assim como o desenho de intervenções específicas que possam colaborar para o desenvolvimento intervenções em saúde apropriadas para essa população. |
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Ferreira, Ana Cristina GarciaGrinsztejn, BeatrizPacheco, Antonio Guilherme FonsecaCoelho, Lara Esteves2021-08-11T16:46:58Z2021-08-11T16:46:58Z2018FERREIRA, Ana Cristina Garcia. Perfil de saúde em uma coorte de mulheres transexuais e travestis no Rio de Janeiro, Brasil: uso de hormônios, infecção pelo HIV e doença cardiovascular. 2018. 83 f. Tese (Doutorado em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas) - Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2018.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/48568Introdução: A população de travestis e mulheres transexuais (mulheres trans) apresenta especificidades em relação à saúde, como demanda por mudanças corporais para feminização e maior vulnerabilidade à infecção pelo HIV, além de discriminação e exclusão social e econômica que impactam a saúde e estão associadas a elevadas taxas de mortalidade, inclusive por doenças cardiovasculares. No Brasil, não há intervenções em saúde projetadas especificamente para as mulheres trans. Dados sobre risco cardiovascular nessa população são conflitantes e restritos às usuárias de hormônios para feminização, mas não avaliam fatores de risco cardiovascular tradicionais e infecção pelo HIV. Métodos: Transcendendo é uma coorte aberta prospectiva criada em agosto de 2015 com objetivo de avaliar o perfil de saúde nas mulheres trans e sua relação com fatores sociodemográficos e comportamentais, infecção pelo HIV, uso de antirretrovirais, uso de hormônios para feminização, saúde cardiovascular e metabólica. Os resultados da visita de entrada da coorte são descritos e estratificados de acordo com a infecção pelo HIV. Ademais, foi realizada uma avaliação seccional da medida da espessura das camadas íntima e média das artérias carótidas (cIMT) de mulheres trans incluídas na coorte e a sua associação com covariáveis sociodemográficas, fatores de risco cardiovascular tradicionais e outras covariáveis como infecção pelo HIV, uso de cocaína, uso de hormônios, injeção de silicone líquido industrial e cirurgia de redesignação sexual. Resultados: As 322 mulheres trans incluídas na coorte Transcendendo entre agosto de 2015 e julho de 2017 tiveram idade mediana de 31 anos, baixa escolaridade e renda e relataram elevada frequência de violência física e sexual, prostituição, depressão, uso problemático de tabaco, álcool e outras drogas. Foi observada uma alta prevalência de infecção pelo HIV (54%) e uso de hormônios para feminização (49%) na visita de entrada da coorte. Grande parte da população incluída (95%) relatou já ter feito uso de hormônios para feminização em algum momento da vida, sendo 79% delas sem supervisão médica. Quase metade (49%) relatou injeção de silicone líquido industrial e apenas 6% fizeram cirurgia de redesignação sexual. As participantes com infecção pelo HIV apresentaram menos anos de educação formal, maiores proporções (atual e pregressa) de prostituição, tabagismo e uso de drogas. Entre as 341 participantes incluídas na coorte entre agosto de 2015 e fevereiro de 2018, 308 tiveram resultado válido de medida ultrassonográfica da cIMT. Entre as participantes com cIMT válida, os fatores de risco cardiovasculares tradicionais idade e índice de massa corpórea (IMC) foram associados ao aumento da cIMT na regressão logística ajustada por idade, raça e IMC. Não foi observado associação entre infecção pelo HIV ou variáveis relacionadas ao processo de feminização com a cIMT. Conclusão: Os dados da visita de entrada da coorte descrevem um cenário de marginalização e vulnerabilidades e contribuem para redução das lacunas de conhecimento sobre a saúde das mulheres trans, possibilitando o melhor desenho de estratégias e intervenções em saúde específicas. Os fatores de risco cardiovasculares tradicionais idade e IMC foram associados ao aumento da cIMT nessa população. Estudos longitudinais são necessários para melhor avaliação dos fatores relacionados à saúde das mulheres trans, assim como o desenho de intervenções específicas que possam colaborar para o desenvolvimento intervenções em saúde apropriadas para essa população.Introduction: Travestis e transgender women (transwomen) have health specificities related to body changes for feminization and greater vulnerability to HIV infection, besides factors as discrimination and social and economic exclusion that impact their health and are associated to high mortality rates, including cardiovascular diseases. In Brazil, there are no health interventions designed specifically for transwomen. Data on cardiovascular risk among this population are conflicting and restricted to hormone users for feminization with no evaluation of traditional cardiovascular risk factors and HIV infection. Methods: Transcendendo is an open prospective cohort created with the aim to evaluate health profile in transwomen and its association to sociodemographic and behavioral factors, HIV infection, antiretroviral use, hormone use for feminization, cardiovascular and metabolic health. Results from baseline visit are described and stratified according to HIV status. Additionally, we performed a cross-sectional evaluation of the carotid intimal media thickness (cIMT) and its association with sociodemographic covariates, traditional cardiovascular risk factor and other covariates such as HIV infection, cocaine use, hormone use, industrial liquid silicone injection and reassignment surgery history. Results: Transwomen included in the cohort between August 2015 and July 2017 (N=322) had median age of 31 years, being part of a marginalized population with early sexual debut, poor schooling, high proportion of poverty, sex work, sexual and physical violence, problematic drug use, smoking and depression. A high prevalence of HIV infection (54%) and hormone use for feminization (49%) was observed at cohort baseline visit. Most participants (95%) reported lifetime use of hormones, 79% of them without medical supervision. Almost half (49%) reported industrial liquid silicone injection and only 6% performed sexual reassignment surgery. Participants with HIV infection had fewer years of formal education, greater proportions (current and prior) of prostitution, smoking, and drug use. From August 2015 and February 2018, 341 participants were included in the cohort and 308 performed a valid cIMT measure. Among them, traditional cardiovascular risk factors such as age and body mass index (BMI) were associated with increased cIMT in the logistic regression adjusted for age, race and BMI. No association was observed between HIV infection and variables related to the process of feminization with cIMT. Conclusion: Data from the Transcendendo baseline visit describe a scenario of marginalization and vulnerability and help to reduce gaps of knowledge on transwomen health. The traditional cardiovascular risk factors age and BMI were the main factors associated to cIMT increase. Longitudinal studies are needed to better evaluate factors related to transwomen health, and design specific intervention that can help the development of appropriate health interventions for this population.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porHIVPessoas TransgêneroCardiopatias CongênitasHIVPessoas TransgêneroCardiopatias CongênitasPerfil de saúde em uma coorte de mulheres transexuais e travestis no Rio de Janeiro, Brasil: uso de hormônios, infecção pelo HIV e doença cardiovascularinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis2018Instituto Nacional de Infectologia Evandro ChagasFundação Oswaldo CruzRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosasinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/48568/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINAL000247330.pdfapplication/pdf1744776https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/48568/2/000247330.pdf9d3e98cf55f5aaad34e4a35bd4e9bb2fMD52TEXT000247330.pdf.txt000247330.pdf.txtExtracted texttext/plain172687https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/48568/3/000247330.pdf.txtd27693f8e2ccc6fef5204d518576b798MD53icict/485682023-06-15 16:18:49.962oai:www.arca.fiocruz.br:icict/48568Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352023-06-15T19:18:49Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false |
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