Esporotricose canina: estudo epidemiológico, clínico e terapêutico na região metropolitana do Rio de Janeiro (2004-2014)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Viana, Paula Gonçalves
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/28081
Resumo: Esporotricose é causada por espécies de fungos do complexo Sporothrix schenckii, que infectam humanos e animais, incluindo os cães. Desde 1998 vem ocorrendo uma epidemia desta micose no Rio de Janeiro, acometendo um grande número de seres humanos, gatos e cães. O principal sinal clínico é a presença de lesões cutâneas ulceradas. Nesta epidemia, apesar dos gatos serem os animais mais acometidos, casos caninos têm ocorrido ao longo dos últimos 10 anos e pouco se sabe sobre as características clínicas, epidemiológicas e terapêuticas destes animais. A esporotricose canina é uma doença pouco descrita no mundo e a maior série de casos compreende 44 animais provenientes do Rio de Janeiro no período entre 1998 e 2003. Os objetivos deste estudo foram: a) descrever a ocorrência de casos caninos diagnosticados com esporotricose no INI/Fiocruz; b) realizar o georreferenciamento dos endereços dos cães; c) descrever as apresentações clínicas da esporotricose canina; d) descrever a resposta terapêutica e os efeitos adversos clínicos ao tratamento antifúngico e e) descrever o agente etiológico envolvido. Foi realizado um estudo retrospectivo que consistiu na revisão dos prontuários médicos dos cães com diagnóstico de esporotricose, por meio de isolamento do Sporothrix sp. em cultivo, assistidos no INI/ Fiocruz no período de 2004-2014 Foram incluídos nesse estudo 203 cães, na sua maioria machos, idosos, sem raça definida, residentes no município do Rio de Janeiro, em bom estado geral e que tiveram contato com gato. A forma clínica cutânea fixa foi a mais observada, assim como as úlceras foram as lesões mais frequentes. A mucosa nasal foi o local mais acometido. Os sinais extracutâneos estavam presentes na maioria dos caninos, sendo a linfadenomegalia regional e o espirro com secreção nasal os mais frequentes. Os cães receberam diferentes esquemas terapêuticos, principalmente monoterapia com cetoconazol e itraconazol. A cura clínica ocorreu em cerca de 50% dos casos, porém houve um alto índice de perda de seguimento terapêutico. Os efeitos adversos foram observados nos cães que fizeram uso de cetoconazol. Os animais que iniciaram o tratamento antifúngico mais precocemente tiveram um tempo de tratamento até a cura clínica menor em relação aos que iniciaram tardiamente. Os cães cujo tratamento foi regular obtiveram a cura clínica em menor tempo. Nos casos que apresentaram sinais respiratórios observou-se um tempo de tratamento maior até a cura clínica. O agente etiológico caracterizado nos isolados de 10 animais foi Sporothrix brasiliensis. A partir dos resultados obtidos podemos concluir que: a ocorrência de casos de esporotricose canina descrita nesse estudo representa a maior casuística mundial dessa micose nesta espécie animal; o tratamento com itraconazol foi mais efetivo e seguro em relação ao cetoconazol; o gato foi a principal fonte de infecção do Sporothrix sp. para os caninos e o S. brasiliensis parece ser o agente etiológico mais comum da esporotricose canina no Rio de Janeiro já que foi a única espécie caracterizada nos animais.
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A esporotricose canina é uma doença pouco descrita no mundo e a maior série de casos compreende 44 animais provenientes do Rio de Janeiro no período entre 1998 e 2003. Os objetivos deste estudo foram: a) descrever a ocorrência de casos caninos diagnosticados com esporotricose no INI/Fiocruz; b) realizar o georreferenciamento dos endereços dos cães; c) descrever as apresentações clínicas da esporotricose canina; d) descrever a resposta terapêutica e os efeitos adversos clínicos ao tratamento antifúngico e e) descrever o agente etiológico envolvido. Foi realizado um estudo retrospectivo que consistiu na revisão dos prontuários médicos dos cães com diagnóstico de esporotricose, por meio de isolamento do Sporothrix sp. em cultivo, assistidos no INI/ Fiocruz no período de 2004-2014 Foram incluídos nesse estudo 203 cães, na sua maioria machos, idosos, sem raça definida, residentes no município do Rio de Janeiro, em bom estado geral e que tiveram contato com gato. A forma clínica cutânea fixa foi a mais observada, assim como as úlceras foram as lesões mais frequentes. A mucosa nasal foi o local mais acometido. Os sinais extracutâneos estavam presentes na maioria dos caninos, sendo a linfadenomegalia regional e o espirro com secreção nasal os mais frequentes. Os cães receberam diferentes esquemas terapêuticos, principalmente monoterapia com cetoconazol e itraconazol. A cura clínica ocorreu em cerca de 50% dos casos, porém houve um alto índice de perda de seguimento terapêutico. Os efeitos adversos foram observados nos cães que fizeram uso de cetoconazol. Os animais que iniciaram o tratamento antifúngico mais precocemente tiveram um tempo de tratamento até a cura clínica menor em relação aos que iniciaram tardiamente. Os cães cujo tratamento foi regular obtiveram a cura clínica em menor tempo. Nos casos que apresentaram sinais respiratórios observou-se um tempo de tratamento maior até a cura clínica. O agente etiológico caracterizado nos isolados de 10 animais foi Sporothrix brasiliensis. A partir dos resultados obtidos podemos concluir que: a ocorrência de casos de esporotricose canina descrita nesse estudo representa a maior casuística mundial dessa micose nesta espécie animal; o tratamento com itraconazol foi mais efetivo e seguro em relação ao cetoconazol; o gato foi a principal fonte de infecção do Sporothrix sp. para os caninos e o S. brasiliensis parece ser o agente etiológico mais comum da esporotricose canina no Rio de Janeiro já que foi a única espécie caracterizada nos animais.Sporotrichosis is caused by species of fungus from the Sporothrix schenckii complex and affects humans and animals, including dogs. Since 1998, a sporotrichosis epidemic has been described in Rio de Janeiro, involving a large number of cases in humans, cats and dogs. Ulcerated cutaneous lesions are the main clinical sign of sporotrichosis. Although cats are the most affected species within the actual epidemic, cases of canine sporotrichosis have been occurring for the past ten years. However, little is known so far concerning the clinical, epidemiological and therapeutic profiles of sick dogs. Canine sporotrichosis is seldom reported worldwide and the largest series of cases comprised 44 dogs from Rio de Janeiro in the period from 1998 to 2003. The aims of this study were: a) to describe the occurrence of canine cases of sporotrichosis, diagnosed at INI/Fiocruz; b) to georeference the canine cases; c) to describe clinical presentation of canine sporotrichosis; d) to describe treatment response to antifungal therapy and its clinical adverse effects e) to describe the causative agent involved in the canine cases A retrospective study was carried out comprising the review of medical records of dogs with sporotrichosis confirmed by isolation of Sporothrix sp. in culture, seen at INI/Fiocruz within the period from 2004 to 2014. Two hundred and three dogs were included in this study. Most of them were male, elder and mixed-breed dogs from the city of Rio de Janeiro. They had good general condition and with a history of contact with cats. The most frequent clinical presentation was the mucosal form and the nasal mucosa was the most affected site. Extracutaneous signs were observed in most of cases and regional lymphadenopathy and sneezes with nasal secretion were the most frequent. The dogs were treated under different therapeutic regimens, especially monotherapy with ketoconazole and itraconazole. Clinical cure was observed in around 50% of the cases, however, a high percentage of follow up loss was observed. Adverse effects were described in dogs treated with ketoconazole. In dogs in which the outset of antifungal treatment was earlier, the time required until clinical cure was shorter compared with those in which treatment started later. In dogs under regular treatment, clinical cure was obtained in a shorter time. In cases in which respiratory signs were observed, the treatment until clinical cure was longer. The isolated species of Sporothrix from ten canine samples was S. brasiliensis. Based on these findings, we conclude: the casuistic of canine sporotrichosis herein described is the major ever reported; treatment with itraconazole was safe and the most effective; cats were probably the main source of Sporothrix sp. to dogs and S. brasiliensis seems to be the main causative species of canine sporotrichosis in Rio de Janeiro.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porEsporotricoseCãesSporothrixEpidemiologiaEsporotricose canina: estudo epidemiológico, clínico e terapêutico na região metropolitana do Rio de Janeiro (2004-2014)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis2016Instituto Oswaldo CruzFundação Oswaldo CruzRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Medicina Tropicalinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/28081/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALpaula_viana_ioc_mest_2016.pdfapplication/pdf1850782https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/28081/2/paula_viana_ioc_mest_2016.pdf42b08b3d63f3af2972bdffafe8648a17MD52TEXTpaula_viana_ioc_mest_2016.pdf.txtpaula_viana_ioc_mest_2016.pdf.txtExtracted texttext/plain123061https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/28081/3/paula_viana_ioc_mest_2016.pdf.txt2cf4ad2a1589ffd8eb4c1b7616442deaMD53icict/280812022-06-24 13:12:35.199oai:www.arca.fiocruz.br:icict/28081Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352022-06-24T16:12:35Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
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