Diversidade e Vigilância de Culicidae com Ênfase na Emergência de Arboviroses em Gradiente Urbano-Rural na Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro

• Autor(a) principal: Câmara, Daniel Cardoso Portela
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
• Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/37844
• topic: Culicidae; Arbovírus; Diversidade; Vigilância entomológica; Culicidae; Arbovírus; Infecções por arbovírus; Biodiversidade; Entomologia

Dentre os artrópodes vetores, os culicídeos destacam-se por serem os mais importantes transmissores de arbovírus para o ser humano. Dentre estes, destacase o vírus dengue, responsável por um importante número de casos e óbitos registrados. A introdução e expansão dos vírus chikungunya e Zika no Brasil trazem preocupação para as autoridades de saúde, uma vez que se tornaram endêmicos no país e responsáveis por milhares de casos nos últimos anos. Dado o complexo cenário de endemicidade de arboviroses no país, tornam-se imprescindíveis os estudos sobre biologia e ecologia de mosquitos vetores, assim como sua relação com a paisagem onde se inserem e seu impacto na circulação de arbovírus. Aliado a isso, o fortalecimento da vigilância entomológica e virológica são ações fundamentais para o enfrentamento de surtos e epidemias de arboviroses transmitidas por mosquitos ao ser humano. Esta tese tem como principal objetivo avaliar a diversidade de culicídeos residentes e detectar a circulação de arbovírus patogênicos ao homem ao longo de gradientes urbano-rurais em diferentes municípios do Rio de Janeiro, integrando ações de promoção e educação em saúde para equipes de agentes de saúde locais. Realizaram-se coletas entomológicas em dois municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro entre 2015 e 2016: Itaboraí e Cachoeiras de Macacu. Foram selecionados 14 pontos de coleta em seis áreas caracterizadas como urbanas, periurbanas e rurais. Utilizaram-se diferentes métodos de coleta para mosquitos adultos. Investigaram-se os principais arbovírus circulantes, dengue, chikungunya e Zika, a partir dos mosquitos coletados na área de estudo e em outras regiões endêmicas Realizou-se um estudo espaço-temporal exploratório da dispersão de epidemias de dengue em Itaboraí e identificação de clusters de transmissão entre 2001 e 2016. A tese se alicerça no fortalecimento das equipes de Agentes de Combate às Endemias (ACE) do estado, através da capacitação e atualização em arboviroses e seus vetores e na elaboração de material didático. Foram coletados 13.462 mosquitos adultos distribuídos pelas seis áreas amostradas, pertencentes a 10 gêneros e 41 espécies. As espécies mais abundantes foram Culex quinquefasciatus, Aedes aegypti e Aedes albopictus. Verificou-se a segregação espacial das espécies coletadas ao longo da paisagem da área de estudo. Os métodos de coleta mais efetivos para Ae. aegypti foram a aspiração intradomiciliar e BG-Sentinel, enquanto para Ae. albopictus foi a BGSentinel e aspiração peridomiciliar. Não se detectaram arbovírus nas amostras de mosquitos do gênero Aedes coletados. Na cidade do Rio de Janeiro, detectou-se o vírus Zika circulando em Ae. aegypti coletados antes do registro do primeiro caso humano. Identificaram-se 4 epidemias de dengue com padrão de dispersão heterogêneo. Dezesseis bairros foram recorrentes na análise de clusters de transmissão em todas as epidemias. Ao longo de seis meses, uma série de encontros para ACE abordou temas relacionados à arboviroses e seus vetores, além de outros agravos. Duas apostilas para cursos de capacitação para ACE foram desenvolvidas. Uma cartilha de atividades lúdicas para o público infantil foi publicada. Essa tese objetivou contribuir para o conhecimento da diversidade de culicídeos do estado do Rio de Janeiro, fortalecendo a vigilância local e fornecendo subsídios para ampliar o conhecimento sobre as principais arboviroses circulantes no país.