RADIS: Comunicação e Saúde, número 196, janeiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/30905
Resumo: Nossa matéria de capa analisa a redução da cobertura alcançada para as principais vacinas do Calendário Nacional de Vacinação, que pode representar o retorno de doenças como o sarampo, erradicado das Américas em 2016, e a poliomielite (paralisia infantil), eliminada do país em 1989. Disponível no SUS e nas campanhas nacionais de imunização, a vacina tríplice viral, que previne contra sarampo, caxumba e rubéola, não alcançou a meta de cobertura de 95% das crianças em 2017. A primeira dose chegou a 90% e a segunda a apenas 74,9%, conforme dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI). O PNI, criado em 1973 e mantido como política de Estado desde então, é reconhecido mundialmente. A queda da cobertura é grave e pode ser atribuída a múltiplos fatores: desarticulação do programa, desfinanciamento do SUS - agravado pela Emenda Constitucional 95 de congelamento de “gastos”, que atinge a produção de vacinas - ou, ainda, à redução de equipes de saúde da família e da abrangência da ação dos agentes comunitários. Por trás da recusa individual a vacinar-se ou levar crianças para serem vacinadas, há dificuldade do acesso às unidades de saúde, boatos e fake news e discurso de movimentos antivacina, mas também um certo individualismo em não compreender que a proteção coletiva contra a circulação de vírus depende do alto percentual de vacinação. A bactéria Treponema pallidum, ou espiroqueta, é a causadora da sífilis, uma infecção sexualmente transmissível que acompanha a humanidade há milhares de anos. A doença, abordada nesta edição, já foi maldita e endêmica, mas tornou-se curável no século passado com a penicilina e pode ser prevenida com o uso de camisinha. A prevenção à sífilis congênita deve ser feita no acompanhamento das gestantes e suas parcerias sexuais. No Brasil, no entanto, os casos de infecção aumentam há vários anos e subiram 48% de 2016 para 2017. Uma epidemia que acompanha a desigualdade da sociedade brasileira, atingindo os mais vulneráveis. A detecção e tratamento em grávidas e a prevenção da sífilis congênita antes ou durante o parto depende de teste na primeira consulta do pré-natal, dentro dos três primeiros meses, o que nem sempre ocorre por dificuldades de acesso aos serviços ou despreparo de parte dos profissionais de saúde. A atenção básica do SUS precisa expandir e melhorar, mas, neste momento, ocorre o contrário, ela está sendo desmontada. A infecção vem se instalando entre os mais jovens, mas com a tendência de censura aos temas de saúde e sexualidade nas escolas, principal espaço para estratégias educacionais e comunicacionais de prevenção, a situação pode piorar. A indústria farmacêutica, que é negligente em relação à sífilis em função do baixo custo do medicamento, promove o desabastecimento mundial de penicilina e não realiza pesquisas para novas formas de diagnóstico e tratamentos. Tema de outra reportagem, os fungos são microscópicos organismos que se alojam no corpo humano e podem provocar infecções graves e deixar se quelas permanentes ou levar à morte. Em 2016, segundo a Organização Mundial da Saúde, as mortes relacionadas a infecções fúngicas foram a quinta causa de mortalidade no planeta. Esporotricose, paracoccidiomicose, criptococose, histoplasmose, candidíase e aspergilose são algumas das mais frequentes que demandam formação adequada e experiência dos profissionais de saúde para a o diagnóstico e o tratamento correto. Diante de todas as questões citadas, nada mais necessário do que o fortalecimento do sistema público de saúde. Mas estamos indo noutra direção, segundo especialistas em saúde coletiva. Na saúde mental, recursos destinados às Redes de Atenção Psicossocial, para acompanhamento respeitoso e inserção social, estão abastecendo a iniciativa privada numa retrógrada visão de retorno ao confinamento de pacientes, para lucrar com o adoecimento de pessoas mantidas cada vez mais alienadas de sua autonomia e da vida. "O que está em jogo não é só o retrocesso na Reforma Psiquiátrica, na Reforma Sanitária, no SUS, na Estratégia Saúde da Família, no Mais Médicos", comenta o sanitarista Paulo Amarante, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, "é um retrocesso geral na política brasileira, na democracia, na cidadania, nas práticas sociais mais avançadas, é o reflexo de uma mudança maior que está mudando todas as políticas de cidadania, de participação social, a questão das universidades e das escolas, é um retorno à política privatizante e de mercantilização da vida".
id CRUZ_55feb05284599f51a24591fc55d6631f
oai_identifier_str oai:www.arca.fiocruz.br:icict/30905
network_acronym_str CRUZ
network_name_str Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
repository_id_str 2135
spelling 2019-01-08T11:06:15Z2019-01-08T11:06:15Z2019RADIS: Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP, n. 196, jan. 2019. 36 p. Mensal.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/30905Nossa matéria de capa analisa a redução da cobertura alcançada para as principais vacinas do Calendário Nacional de Vacinação, que pode representar o retorno de doenças como o sarampo, erradicado das Américas em 2016, e a poliomielite (paralisia infantil), eliminada do país em 1989. Disponível no SUS e nas campanhas nacionais de imunização, a vacina tríplice viral, que previne contra sarampo, caxumba e rubéola, não alcançou a meta de cobertura de 95% das crianças em 2017. A primeira dose chegou a 90% e a segunda a apenas 74,9%, conforme dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI). O PNI, criado em 1973 e mantido como política de Estado desde então, é reconhecido mundialmente. A queda da cobertura é grave e pode ser atribuída a múltiplos fatores: desarticulação do programa, desfinanciamento do SUS - agravado pela Emenda Constitucional 95 de congelamento de “gastos”, que atinge a produção de vacinas - ou, ainda, à redução de equipes de saúde da família e da abrangência da ação dos agentes comunitários. Por trás da recusa individual a vacinar-se ou levar crianças para serem vacinadas, há dificuldade do acesso às unidades de saúde, boatos e fake news e discurso de movimentos antivacina, mas também um certo individualismo em não compreender que a proteção coletiva contra a circulação de vírus depende do alto percentual de vacinação. A bactéria Treponema pallidum, ou espiroqueta, é a causadora da sífilis, uma infecção sexualmente transmissível que acompanha a humanidade há milhares de anos. A doença, abordada nesta edição, já foi maldita e endêmica, mas tornou-se curável no século passado com a penicilina e pode ser prevenida com o uso de camisinha. A prevenção à sífilis congênita deve ser feita no acompanhamento das gestantes e suas parcerias sexuais. No Brasil, no entanto, os casos de infecção aumentam há vários anos e subiram 48% de 2016 para 2017. Uma epidemia que acompanha a desigualdade da sociedade brasileira, atingindo os mais vulneráveis. A detecção e tratamento em grávidas e a prevenção da sífilis congênita antes ou durante o parto depende de teste na primeira consulta do pré-natal, dentro dos três primeiros meses, o que nem sempre ocorre por dificuldades de acesso aos serviços ou despreparo de parte dos profissionais de saúde. A atenção básica do SUS precisa expandir e melhorar, mas, neste momento, ocorre o contrário, ela está sendo desmontada. A infecção vem se instalando entre os mais jovens, mas com a tendência de censura aos temas de saúde e sexualidade nas escolas, principal espaço para estratégias educacionais e comunicacionais de prevenção, a situação pode piorar. A indústria farmacêutica, que é negligente em relação à sífilis em função do baixo custo do medicamento, promove o desabastecimento mundial de penicilina e não realiza pesquisas para novas formas de diagnóstico e tratamentos. Tema de outra reportagem, os fungos são microscópicos organismos que se alojam no corpo humano e podem provocar infecções graves e deixar se quelas permanentes ou levar à morte. Em 2016, segundo a Organização Mundial da Saúde, as mortes relacionadas a infecções fúngicas foram a quinta causa de mortalidade no planeta. Esporotricose, paracoccidiomicose, criptococose, histoplasmose, candidíase e aspergilose são algumas das mais frequentes que demandam formação adequada e experiência dos profissionais de saúde para a o diagnóstico e o tratamento correto. Diante de todas as questões citadas, nada mais necessário do que o fortalecimento do sistema público de saúde. Mas estamos indo noutra direção, segundo especialistas em saúde coletiva. Na saúde mental, recursos destinados às Redes de Atenção Psicossocial, para acompanhamento respeitoso e inserção social, estão abastecendo a iniciativa privada numa retrógrada visão de retorno ao confinamento de pacientes, para lucrar com o adoecimento de pessoas mantidas cada vez mais alienadas de sua autonomia e da vida. "O que está em jogo não é só o retrocesso na Reforma Psiquiátrica, na Reforma Sanitária, no SUS, na Estratégia Saúde da Família, no Mais Médicos", comenta o sanitarista Paulo Amarante, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, "é um retrocesso geral na política brasileira, na democracia, na cidadania, nas práticas sociais mais avançadas, é o reflexo de uma mudança maior que está mudando todas as políticas de cidadania, de participação social, a questão das universidades e das escolas, é um retorno à política privatizante e de mercantilização da vida".porFundação Oswaldo Cruz/ENSPRADIS: Comunicação e Saúde, número 196, janeiroinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleFundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Aroucainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZORIGINAL2019_Janeiro_196.pdfapplication/pdf6076857https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/30905/1/2019_Janeiro_196.pdf4638a65ebd8cc854aefcad76470266efMD51LICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/30905/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXT2019_Janeiro_196.pdf.txt2019_Janeiro_196.pdf.txtExtracted texttext/plain130745https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/30905/3/2019_Janeiro_196.pdf.txtb598d77f874fb77f2181f92c3dc43812MD53icict/309052019-01-09 02:01:56.704oai:www.arca.fiocruz.br:icict/30905Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352019-01-09T04:01:56Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv RADIS: Comunicação e Saúde, número 196, janeiro
title RADIS: Comunicação e Saúde, número 196, janeiro
spellingShingle RADIS: Comunicação e Saúde, número 196, janeiro
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca
title_short RADIS: Comunicação e Saúde, número 196, janeiro
title_full RADIS: Comunicação e Saúde, número 196, janeiro
title_fullStr RADIS: Comunicação e Saúde, número 196, janeiro
title_full_unstemmed RADIS: Comunicação e Saúde, número 196, janeiro
title_sort RADIS: Comunicação e Saúde, número 196, janeiro
author Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca
author_facet Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca
description Nossa matéria de capa analisa a redução da cobertura alcançada para as principais vacinas do Calendário Nacional de Vacinação, que pode representar o retorno de doenças como o sarampo, erradicado das Américas em 2016, e a poliomielite (paralisia infantil), eliminada do país em 1989. Disponível no SUS e nas campanhas nacionais de imunização, a vacina tríplice viral, que previne contra sarampo, caxumba e rubéola, não alcançou a meta de cobertura de 95% das crianças em 2017. A primeira dose chegou a 90% e a segunda a apenas 74,9%, conforme dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI). O PNI, criado em 1973 e mantido como política de Estado desde então, é reconhecido mundialmente. A queda da cobertura é grave e pode ser atribuída a múltiplos fatores: desarticulação do programa, desfinanciamento do SUS - agravado pela Emenda Constitucional 95 de congelamento de “gastos”, que atinge a produção de vacinas - ou, ainda, à redução de equipes de saúde da família e da abrangência da ação dos agentes comunitários. Por trás da recusa individual a vacinar-se ou levar crianças para serem vacinadas, há dificuldade do acesso às unidades de saúde, boatos e fake news e discurso de movimentos antivacina, mas também um certo individualismo em não compreender que a proteção coletiva contra a circulação de vírus depende do alto percentual de vacinação. A bactéria Treponema pallidum, ou espiroqueta, é a causadora da sífilis, uma infecção sexualmente transmissível que acompanha a humanidade há milhares de anos. A doença, abordada nesta edição, já foi maldita e endêmica, mas tornou-se curável no século passado com a penicilina e pode ser prevenida com o uso de camisinha. A prevenção à sífilis congênita deve ser feita no acompanhamento das gestantes e suas parcerias sexuais. No Brasil, no entanto, os casos de infecção aumentam há vários anos e subiram 48% de 2016 para 2017. Uma epidemia que acompanha a desigualdade da sociedade brasileira, atingindo os mais vulneráveis. A detecção e tratamento em grávidas e a prevenção da sífilis congênita antes ou durante o parto depende de teste na primeira consulta do pré-natal, dentro dos três primeiros meses, o que nem sempre ocorre por dificuldades de acesso aos serviços ou despreparo de parte dos profissionais de saúde. A atenção básica do SUS precisa expandir e melhorar, mas, neste momento, ocorre o contrário, ela está sendo desmontada. A infecção vem se instalando entre os mais jovens, mas com a tendência de censura aos temas de saúde e sexualidade nas escolas, principal espaço para estratégias educacionais e comunicacionais de prevenção, a situação pode piorar. A indústria farmacêutica, que é negligente em relação à sífilis em função do baixo custo do medicamento, promove o desabastecimento mundial de penicilina e não realiza pesquisas para novas formas de diagnóstico e tratamentos. Tema de outra reportagem, os fungos são microscópicos organismos que se alojam no corpo humano e podem provocar infecções graves e deixar se quelas permanentes ou levar à morte. Em 2016, segundo a Organização Mundial da Saúde, as mortes relacionadas a infecções fúngicas foram a quinta causa de mortalidade no planeta. Esporotricose, paracoccidiomicose, criptococose, histoplasmose, candidíase e aspergilose são algumas das mais frequentes que demandam formação adequada e experiência dos profissionais de saúde para a o diagnóstico e o tratamento correto. Diante de todas as questões citadas, nada mais necessário do que o fortalecimento do sistema público de saúde. Mas estamos indo noutra direção, segundo especialistas em saúde coletiva. Na saúde mental, recursos destinados às Redes de Atenção Psicossocial, para acompanhamento respeitoso e inserção social, estão abastecendo a iniciativa privada numa retrógrada visão de retorno ao confinamento de pacientes, para lucrar com o adoecimento de pessoas mantidas cada vez mais alienadas de sua autonomia e da vida. "O que está em jogo não é só o retrocesso na Reforma Psiquiátrica, na Reforma Sanitária, no SUS, na Estratégia Saúde da Família, no Mais Médicos", comenta o sanitarista Paulo Amarante, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, "é um retrocesso geral na política brasileira, na democracia, na cidadania, nas práticas sociais mais avançadas, é o reflexo de uma mudança maior que está mudando todas as políticas de cidadania, de participação social, a questão das universidades e das escolas, é um retorno à política privatizante e de mercantilização da vida".
publishDate 2019
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-01-08T11:06:15Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-01-08T11:06:15Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2019
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv RADIS: Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP, n. 196, jan. 2019. 36 p. Mensal.
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/30905
identifier_str_mv RADIS: Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP, n. 196, jan. 2019. 36 p. Mensal.
url https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/30905
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Fundação Oswaldo Cruz/ENSP
publisher.none.fl_str_mv Fundação Oswaldo Cruz/ENSP
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
instacron:FIOCRUZ
instname_str Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
instacron_str FIOCRUZ
institution FIOCRUZ
reponame_str Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
collection Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
bitstream.url.fl_str_mv https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/30905/1/2019_Janeiro_196.pdf
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/30905/2/license.txt
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/30905/3/2019_Janeiro_196.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 4638a65ebd8cc854aefcad76470266ef
8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33
b598d77f874fb77f2181f92c3dc43812
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
repository.mail.fl_str_mv repositorio.arca@fiocruz.br
_version_ 1798325075272794112